segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A ciência à procura de indícios do Dilúvio

Iluminura mongol, reprodução contemporânea de uma pintura alusiva da Arca de Noé
Iluminura mongol, reprodução contemporânea
de uma pintura alusiva da Arca de Noé
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na tradição unânime dos povos da Antiguidade, o Dilúvio se apresenta como um fato histórico incontestável. E o Livro do Gênesis fornece a melhor descrição.

Porém, devido à grande distância no tempo, certas perguntas afloram continuamente nos espíritos.

Uma delas – não a única – gira em volta da seguinte interrogação: como é que pode ter acontecido um fenômeno tão colossal e tão universal?

A Bíblia é suficiente para a Fé. Mas o que diz a ciência?

Há provas dele? Se há, onde estão?

Se não há, quem fala claramente e põe o dedo na chaga?

Assim como o texto bíblico e a Fé são claros, a ciência se enche de teorias e experiências de diversos tipos, sem ter chegado até agora a um consenso.

A ciência não pode menosprezar a opinião unânime dos povos antigos. E de fato não o faz. Há muito saiu à procura de uma explicação. Até o momento ela não achou nenhuma explicação que reúna um certo consenso científico.

Porém está trabalhando com vultosos gastos, o que não faria caso achasse que o Dilúvio é um mero mito.

O arqueólogo submarino Robert Ballard é um dos mais famosos na especialidade. Foi ele quem descobriu em 1985 o casco do Titanic, afundado a 3.798 metros de profundidade; o couraçado Bismarck em 1989, e em 1998 os restos do porta-aviões USS Yorktown, afundado em 1942 na batalha de Midway.

Ballard e sua equipe defendem ter achado as provas de que o Dilúvio bíblico aconteceu efetivamente. Seus trabalhos são patrocinados pela “National Geographic Society”, que vem promovendo estudos geográficos desde 1888.

Em entrevista à ABC News, ele defendeu ter identificado restos de uma antiga civilização sepultada pelas águas no tempo de Noé, nas profundezas do Mar Negro, próximo da Turquia.
br /> Ballard utilizou um submergível robótico equipado com câmaras com controle remoto mais avançadas do que as que permitiram a localização dos restos do Titanic.

Trabalhos do Dr. Robert Ballard são patrocinados pela National Geographic Society dos EUA.
Trabalhos do Dr. Robert Ballard são patrocinados
pela National Geographic Society dos EUA.
Ele parte do pressuposto de que há 12.000 anos boa parte do mundo estava coberta pelo gelo, mas que seu posterior derretimento despejou grandes quantidades de água nos oceanos, produzindo enchentes em todo o mundo.

Mas enchente não é o mesmo que Dilúvio. Este é um fenômeno muito maior, que Ballard chama de “mãe de todas as enchentes”.

No fim dos anos 90, os geólogos da Universidade Columbia, EUA, William Ryan e Walter Pitman, afirmaram a tese de que um grande dilúvio aconteceu no Oriente Médio como resultado do derretimento do gelo da última Idade Glacial por volta de 7.000 anos atrás. A datação é muito próxima da época do Dilúvio bíblico.

Naquela época, existia no lugar do Mar Negro um lago de água doce, e as férteis terras circunvizinhas eram ocupadas por produtivas fazendas.

Quando o nível dos oceanos subiu, o Mar Mediterrâneo arrebentou as defesas naturais que o separavam daquele lago com uma força 200 vezes superior à das cataratas do Niágara, alagando de modo pavoroso as regiões em volta do Mar Negro, que passou desde então a ser um mar de água salgada.

“Nós fomos lá procurando o dilúvio, explicou Ballard. Não apenas um certo movimento, ou um aumento do nível do mar, mas realmente um grande dilúvio que teria acontecido”.

A identificação de uma antiga linha costeira a 120 metros de profundidade provou aos olhos de Ballard que um evento catastrófico aconteceu no Mar Negro.

A datação pelo teste do carbono das conchas colhidas nessa linha costeira apontaria para uma data próxima do ano 5.000 a.C., quer dizer a data estimada do Dilúvio de que fala o Gênesis.

“Deve ter sido um dia terrível, continua Ballard. “Num momento não imaginável, isso arrebentou e inundou a região e um monte de fazendas, algo assim como 150.000 quilômetros quadrados de terra que ficaram embaixo da água”.

Ballard não procura a Arca de Noé, mas provas de que todo um mundo limitado desapareceu sob as águas há 7.000 anos.

Não adianta comparar com o tsunami de 2004 ou o furacão Katrina e supor que os homens mitificaram a catástrofe e inventaram o Dilúvio.

“Começamos achando estruturas feitas por homens, diz Ballard. Também muitos restos de cerâmicas e até o antigo casco de um barco, “perfeitamente preservado nas partes de madeira e o que parecem ser ossos humanos”.

A preservação se deve a que o Mar Negro não tem quase oxigênio e os processos de decomposição são muito lentos. Não longe dali já havia sido descoberto um barco afundado por volta do ano 500 a.C.

Infográfico da hipótese do Dilúvio no Mar Negro.
Infográfico da hipótese do Dilúvio no Mar Negro.
Fred Hiebert, arqueólogo da Universidade de Pennsylvania e membro da equipe de Ballard, disse a “The Guardian” que eles não procuram apenas objetos, mas toda uma civilização de há milhares de anos.

“Na verdade, nós não podemos dizer de modo algum que isso foi o Dilúvio bíblico. A única coisa que podemos dizer é que houve uma inundação maiúscula que atingiu o povo que aqui vivia”, acrescentou.

Uma série de expedições entre 1998 e 2005, promovidas por governos europeus como o da França e o da Romênia, prosseguidas depois por um projeto Pan-Europeu, analisaram sedimentos no local e confirmaram a conclusão de Pitman e Ryan que inspiraram Ballard.

A teoria e os trabalhos da equipe de Ballard são sugestivos, mas não são probatórios. Ele mesmo reconhece que será necessária muita investigação submarina no local para se fazer uma afirmação científica.

Tampouco é uma teoria professada por outros.

E, como se fosse pouco, não responde a uma das maiores perguntas: como se deve entender a característica “universal” do Dilúvio?

Segundo alguns, pode-se achar que o “universal” de que fala a Bíblia e a tradição geral tem o sentido que passou por cima de toda a parte da terra habitada pelos homens.

Como naquela época os homens eram pouco numerosos e viviam todos juntos numa mesma área, o “universal” deveria se entender no sentido de que foi coberta toda essa área, mas não necessariamente o mundo todo.

A Arca no Monte Ararat. Simone de Myle, 1570.
A Arca no Monte Ararat. Simone de Myle, 1570.
Porém, outros defendem que todo o planeta foi coberto pelas águas. Teriam coberto até montanhas como o Himalaia?

Em terceiro lugar está a posição dos que defendem que o Dilúvio foi “universal” não no sentido geográfico, mas antropológico. Quer dizer, destruiu a totalidade da raça humana. Obviamente, com a exceção de Noé e sua família.

O tema suscita paixão e por isso exige prudência e circunspecção.

Segundo a Enciclopédia Católica, “muito poucos Padres da Igreja tocaram na questão ex professo. Entre eles há alguns que restringem o Dilúvio a algumas partes da superfície terrestre sem incorrer em censuras por ofender a tradição”.

E a ciência? Está trabalhando. Aguardemos o que ela possa vir a nos dizer.

Para nós, acaba sendo mais importante o que Nosso Senhor nos disse a respeito de sua futura vinda:

“37. Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem.

“38. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.

“39. E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.” (Mateus, 24, 37ss)

O tema do dilúvio não se esgota aqui e esperamos voltar ainda a tratar de outros aspectos.





23 comentários:

  1. uma pequena correcção, o USS Yorktown não pode ter isdo afundado em 1998, na batalha do Midway. Mas em 1942, isto poderia induzir em erro algumas pessoas menos atentas.
    A possibilidade de o Bósforo ter dado lugar a uma inundação no actual Mar Negro, por motivos sísmicos, está praticamente provada, e, para as popoluções mais afastadas do local, desconhecendo o fenómeno sísimico que estaria longe da vista, poderia ser facilmente associado a um período de mais intensa precipitação, daí o terem ligado a inundação com um Dilúvio. Isso é perfeitmente razoável, no meu entender.
    Um abraço
    ATP

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradecemos a correção que já fizemos no texto. De fato o Yorktown foi afundado em 1942. 1998 foi o ano da descoberta dos restos.
      Muito grato

      Excluir
    2. Amadio você precisa ler o texto direito. O autor disse que o uss foi encontrado em 1998 e não afundado.

      Excluir
  2. Realmente, essa teoria sobre o Dilúvio tem bastante embasamento e, com certeza, encontrarão muito mais evidências.

    Assisti uma vez um documentário sobre essa teoria e o "engraçado" é que tal inundação realmente provocou imensas tempestades no local e ondas de mais de 20 metros de altura.

    No, entanto, ficam alguns questionamentos:

    1) Se esse fato foi o que, realmente, inspirou a história do Dilúvio Bíblico; por quê, então, vários outros povos antigos contam uma história tão semelhante?

    2) Será que há apenas 7.000 anos atrás todos os povos estavam concentrados apenas naquele local da Terra?.

    3) Ou será que, na época do desgelo, houveram enchentes em vários locais distintos da Terra e Deus escolheu vários Noés diferentes para salvar algumas pessoas e alguns animais locais?

    4) Ou, então, será que o Dilúvio descrito na Bíblia e em várias outras culturas da Terra se referem a um único evento cataclísmico e a um único Noé, nos primórdios do surgimento do homem na face da Terra em tempos imemoriais; ou seja, numa época em que havia, realmente, apenas um único grupo de humanos vivendo na Terra e cuja história se espalhou pelo mundo e pelas diversas culturas antigas através de seus descendentes?

    Eis a questão!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De fato há muitas incógnitas.
      Segundo o relato bíblico a confusão das línguas e a dispersão dos povos aconteceu após o episódio da Torre de Babel, acontecido quase dois séculos depois do dilúvio. Isso fala no sentido de uma origem comum da lembrança do dilúvio e a Arca.
      "1. Toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras." Gênesis 11,1.
      Há mais sobre isto em: O que diz a ciência sobre a Torre de Babel? Existiu? Sobrou algo? Onde? Por que ruiu? http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2013/03/o-que-diz-ciencia-sobre-torre-de-babel.html
      Atenciosamente

      Excluir
    2. O Homem acredita no que vê e as coisas de Deus é por fé imaginem se fossem encontrados todos os indicios da existência de Deus, ARCA DA ALIANÇA, ARCA DE NOÉ, ENTRE OUTROS, mudaria alguma coisa. isto me faz pensar no que Jesus disse a Tomé um homem que andou com ele viu os milagres mais mesmo assim duvidou, muitos creram sem ver. enquanto a medicina gasta milhões para encontrar a cura de uma doença, muitos são curados pela sua fé e sem explicação para ciência. milagres não tem explicação e sim aceitação, já vi no meu bairro jovem ser reabilitado a sociedade vindo das drogas, prostituição e todo tipo de vícios, pessoas curadas de câncer, aids, porque eu duvidaria, mais para muitos é necessário que aconteça na sua vida para que vejam e creiam. será que o mundo seria pior se todos acreditarem na existência de Deus e temessem esse Deus, claro que não mais a ciência quer provar aquilo que nunca atingira sua meta, mais só causa o caos a desordem por plantar duvidas nas pessoas. eu acredito que o diluvio aconteceu como Deus determinou salvação apenas para quem foi concedido a raça humana estava no inicio poucos homens na terra não havia necessidade de inundar toda a terra porque o objetivo era exterminar o homem corrompido e cheio de maldade, e não será diferente no dia de sua volta. quem tem fé creia mais quem não tem aguardem e verão. amém

      Excluir
    3. Amém.Disse toda a verdade. É impossível não acreditar no PODER DE DEUS. É impossível, com tudo que o homem conhece, com tudo que o homem já viu, DEUS NÃO EXISTIR.

      A PRÓPRIA BÍBLIA FALA QUE ELE SE REVELA PELA NATUREZA. QUER MAIS DO QUE ISSO, MAIS QUE A BELEZA DE UMA BORBOLETA OU O AR QUE RESPIRAMOS?

      TUDO QUE EXISTE SE ENCURVA A ELE.

      Excluir
    4. Na verdade é ao contrário, já ta ficando impossível crer em Deus cada vez mais que a ciência avança, você fala sobre a beleza de uma borboleta e do ar que respiramos mas e do fedor de um cadáver em decomposição? Ou a feiura de varias criaturas que vivem no fundo do oceano. Nesse mundo o que existe é o equilíbrio, tem o bonito e o feio, o bem e o mal, o sol e a lua etc. O engraçado é que os crentes ignoram a parte feia do mundo ou então associam ela ao diabo, como se o diabo também tivesse o poder da criação...

      Excluir
    5. biblicamente e cientificamente falando, os continentes era um só. como por exemplo um cangurú na Australia, entrou na arca, se não fosse um continente? e outra coisa, o próprio relato bíblico dá a entender que era apenas um continente.

      Excluir
    6. O continente único Pangéia.

      Excluir
  3. Eu acredito que os fósseis encontrados são das vítimas do dilúvio

    ResponderExcluir
  4. O dilúvio bíblico tem sido pregado como um evento universal. Não acredito nisso por alguns motivos, por exemplo não existe evidência de outros alagamentos nos outros continentes. Além disso, como uma barca (arca) caberia um casal de cada espécie de animais? Há 7 mil, as medidas da arca que relatada na Bíblia, não caberia um centésimo das espécies que provavelmente habitavam a terra naquela época. Tem relatos bíblicos que é preciso muito cuidado, muita reflexão pra chegar a interpretação plausível.
    O documentário de Ballard faz sentido, quando leva a pensar somente na região do Mar Negro. Naquele período, aquela região para as pessoas que o habitavam era seu "mundo".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Depende meu amigo, vc sabia que existem fósseis marinhos em cima do topo do evereste? Como foram parar lá? E também no topo do monte ararate existem cristais de sal? Eles só se formam em águas salgadas como foram parar lá?

      Excluir
    2. As especies que entraram na arca foram especes bases, não necessariamente as que temos hoje. As evidências do dilúvio são muitas... O Grand Canyon por exemplo, será que o rio colorado fez aquilo tudo em milhões de anos, ou um grande volume de água simultaneamente?

      Excluir
  5. Oi bom dia! Estou estudando a bíblia e seu post foi muito útil para o meu esclarecimento! Obrigada!
    www.youtube.com/c/dryelleallen

    ResponderExcluir
  6. Apesar da ausência de pontuação, o análise I.U.E.C20 de fevereiro de 2016 10:39 foi o mais coerente e mais compreensivo. Parabéns.

    ResponderExcluir
  7. Infelizmente até hoje é considerado como mito!

    ResponderExcluir
  8. Para mim o que é relevante é o seguinte: Deus matou todo mundo no Planeta Terra: Bebês, crianças, grávidas, deficientes, idosos e demais pessoas, a grande maioria que nunca tinha ouvido falar dele. Chineses, Hindus e Africanos, por exemplo, foram mortos afogados sem saber o porquê. 'Prova de amor maior não há...'

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, todos são mortos até hoje.. todos nós morremos um dia..

      Excluir
    2. Anõnimo, esqueceu de 1 fato, antes do dilúvio não existiam chineses,hindus e africanos da a se entender no ato da torre de babel que cada um foi pra um canto mas todos conheciam a palavra de Deus se não não teriam juntos construido a torre

      Excluir
  9. Se, por conta do Dilúvio Bíblico, só restaram alguns humanos, e de raça específica, como explicar as raças puras como Japonês, ou Alemães?... os índios nas Américas... e os animais existentes em outros continentes?...

    ResponderExcluir
  10. Na literatura sagrada fa India antiga, os Vedas, menciona-se um grande dilúvel que tomou todo o planeta. E nessa ocasião uma encarnação de Deus como um enorme peixe chamado Matsya, surgiu para salvar unicamente as escrituras sagradas.

    ResponderExcluir
  11. Cientistas de verdade jamas acredita nessa história da carochinha.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.