segunda-feira, 8 de maio de 2017

Segundo maior sítio arqueológico da região de Jerusalém
confirma abolição do culto aos ídolos por Ezequias

Laquis ou Tel Lachish, vista aérea do maior sítio arqueológico perto de Jerusalém
Laquis ou Tel Lachish: vista aérea do maior sítio arqueológico perto de Jerusalém
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A antiga porta da cidade de Laquis (Tel Lachish em hebraico), que servia de templo idolátrico e foi demolida pelo rei Ezequias no século VIII a.C., foi identificada e desenterrada por cientistas de Israel, noticiaram sites voltados para a arqueologia, como Live Science.

As ruínas desse portão-santuário confirmaram aquilo que a Bíblia nos transmite a respeito de Ezequias, 12º rei de Judeia, que se empenhou em abolir o culto aos ídolos, reconheceu a Autoridade de Israel para as Antiguidades (IAA, na sigla em inglês).

O rei Acaz, pai de Ezequias, era tido em conta de deidade. Por isso, assim que Ezequias assumiu o trono, ordenou a destruição em todo o reino dos ídolos de qualquer tipo, incluindo objetos com formas humanas ou animais que o povo cultuava achando que tinha algo de divino.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Santo Sepulcro: um “túmulo vivo”:
um vazio cheio da presença de Cristo

O Santo Sepulcro  um “túmulo vivo”, um vazio cheio da presença de Cristo
O Santo Sepulcro  um “túmulo vivo”, um vazio cheio da presença de Cristo
Luis Dufaur
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Um inesperado desarranjo em máquinas de alta tecnologia surpreendeu os cientistas que trabalhavam na restauração da Edícula.

Essa é uma capelinha construída no século XIX sobre o Santo Sepulcro na grande igreja que resguarda o local da Crucificação e da Ressurreição de Jesus Cristo em Jerusalém, informou a EWTN.

Uma equipe de cientistas internacionais muito qualificados foi autorizada a chegar até a própria pedra sobre a qual repousou o corpo sagrado do Redentor. E informaram que durante os trabalhos aconteceram fenômenos estranhos.

Bem analisados, eles vêm em apoio não só da autenticidade do Santo Sepulcro, mas também do Santo Sudário guardado em Turim, o qual continua sendo objeto de intensos trabalhos de estudo por um vasto leque de ciências.

O fato aconteceu na basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, nos dias 26, 27 e 28 de outubro de 2016. Além dos cientistas, ele foi testemunhado pelas autoridades religiosas que vigiavam o andamento da remoção da placa de mármore que cobre o túmulo de Cristo.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Arqueólogos e peritos policiais investigam casas de Lutero
e descobrem fatos sobre o fundador do protestantismo

Casa natal de Lutero em Eisleben
Luis Dufaur
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A arqueologia às vezes traz surpresas onde menos se imaginaria. É o caso, ao menos, da vida privada do heresiarca Martinho Lutero, fundador do protestantismo.

O "Der Spiegel", a maior revista alemã, já publicou singular reportagem com fundamento arqueológico e policial, sobre o iniciador da Revolução Protestante cujos 500 anos se comemoram em 2017.

As descobertas fizeram parte duma exposição que verteu nova luz sobre a vida privada do frade que abandonou sua religião, informou Der Spiegel. A amostra ficou aberta ao público no Museu de Pré-História do Estado Alemão em Halle, entre 2008 e 2009.

Compreende-se que não tenha durado muito.
O catálogo descreve o conteúdo da exibição como "sensacional", dizendo que ele nos permite reexaminar "capítulos inteiros da vida humana" do ex-frade, escreveu Der Spiegel.
As escavações no Mosteiro de Wittenberg onde ele viveu longamente foram conduzidas pelo arqueólogo Mirko Gutjahr.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Os mais antigos retratos dos Apóstolos
estão sendo recuperados nas Catacumbas

São Paulo no medalhão Embaixo Abraão e Issac.  Túmulo de uma aristocrática dama romana anexo à catacumba de Santa Tecla, Roma
São Paulo no medalhão.
Túmulo de uma aristocrática dama romana
anexo à catacumba de Santa Tecla, Roma
Luis Dufaur
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Em 2010 foram descobertos os retratos mais antigos dos Apóstolos São Pedro, São Paulo, São João e Santo André.

Eles estavam numa catacumba recuperada sob um moderno prédio de uma empresa de seguros em Roma.

As imagens datam da segunda metade do século IV e decoram o teto do túmulo de uma aristocrática dama cristã ligado à catacumba de Santa Tecla.

Eles vinham sendo trabalhados pelos restauradores com técnicas laser para queimar acumulações sedimentares seculares de sais e desvendar os originais em todo seu esplendor.

Os rostos dos Apóstolos aparecem em medalhões nos quatro cantos da sala principal.

Eles fazem parte de um conjunto pictórico mais vasto que rodeia uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo apresentado como o Bom Pastor, que foi sendo revelado em fases sucessivas.

“Estas são as primeiras imagens dos Apóstolos”, anunciou Fabrizio Bisconti, superintendente das catacumbas, por indicação da Comissão Pontifícia para a Arqueologia Sagrada, citado por Fox News.

As cores predominantes são o ocre, o preto, o verde e o amarelo.

As catacumbas contêm algumas das primeiríssimas provas do culto e devoção aos Apóstolos no nascente cristianismo, explicaram representantes do Vaticano.

No centro, Jesus como o Bom Pastor, nos ângulos os Apóstolos Pedro, Paulo, João e André
No centro, Jesus como o Bom Pastor, nos ângulos os Apóstolos Pedro, Paulo, João e André
Barbara Mazzei, responsável pelo trabalho de restauração, disse que todas as descrições anteriores de São Pedro e São Paulo se encontravam em narrações escritas.

Mas agora temos seus rostos fixados nos quatro cantos da pintura do teto da sala subterrânea, num posicionamento devocional por natureza.

Por isso são os mais antigos ícones religiosos conhecidos até o presente, noticiou oportunamente o jornal “The Dallas Morning News”.

Barbara Mazzei explicou que, em atenção ao ano de São Paulo, comemorado em 2009, foi anunciada primeiramente a descoberta da pintura do Apóstolo das Gentes.

Leia mais sobre o verdadeiro rosto e sobre os restos de São Paulo:
Dois milênios após a morte de São Paulo restauradores descobriram sua mais antiga imagem
Sim! Aqui está o túmulo de São Paulo Apóstolo! Testes confirmam


Porém, os especialistas sabiam que uma crosta de carbonato de cálcio cobria mais imagens e que poderiam ser apresentadas a público somente após completar sofisticadas tarefas de limpeza.

Santo André
Santo André
Por fim, o momento do extraordinário anúncio chegou.

Apresentando as imagens aos jornalistas, monsenhor Giovanni Carru disse que as catacumbas “são um testemunho eloquente do Cristianismo em suas origens”.

A sala sepulcral da nobre romana católica passou a ser denominada “Cubículo dos Apóstolos” devido aos afrescos ali descobertos.

Já os especialistas a chamam de “O Colégio dos Apóstolos”, representado em torno do Bom Pastor.

Fabrizio Bisconti explicou que nas pinturas das catacumbas pode se contemplar “a gênese, as sementes da iconografia cristã”, desde o simples peixe usado para simbolizar a Cristo até o próprio Cristo ressuscitando a Lázaro.

“Esse foi o tempo em que o culto dos Apóstolos estava nascendo e se desenvolvendo” e a arte das catacumbas não pintava somente os mártires ou cenas bíblicas.

Na mesma sala há afrescos representando o profeta Daniel na cova dos leões, os três Reis Magos entregando presentes ao Menino Jesus, o sacrifício de Isaac por Abraão.

Numa outra parede está representada a nobre dama que teria mandado fazer as pinturas, ornada com joias, véu e um “estilo de penteado de cabelo”, símbolo de categoria social elevada na antiga Roma, acrescentou Bisconti.

São Pedro
São Pedro
Mazzei contou que quando os restauradores ingressaram na câmera mortuária em 2008, todas as paredes apareciam inteiramente brancas, cobertas pela crosta de carbonato de cálcio com 4 a 5 cm de espessura.

O Vaticano, entretanto, possuía documentos atestando que no local havia pinturas nas paredes e isso impulsionou a procura.

No passado os restauradores teriam usado bisturis e escovas de aço para remover a crosta branca, mas havia o perigo de danificar as pinturas procuradas.

O uso do laser resolveu o problema.

Temia-se, porém, que a umidade ambiente e a falta de ar pudesse prejudicar o uso da nova tecnologia.

Os pesquisadores tiveram que avançar cautelosamente, fazendo da iniciativa um “laboratório experimental” do aproveitamento do laser em condições extremas adversas.

São João
São João
A descoberta veio além do mais confirmar que a devoção aos Santos representados em imagens é própria do cristianismo original, devoção desenvolvida nas catacumbas e depois nas igrejas a céu aberto.

Ficou desprovida de fundamento a alegação feita por iconoclastas orientais, muçulmanos, protestantes e “modernistas” hodiernos, segundo a qual o uso e o culto de imagens não correspondem ao cristianismo autêntico e original.

Segundo essas versões anticatólicas e anti-históricas, o culto das imagens seria uma deturpação.

Tal perversão do culto, dizem eles, aconteceu quando os primeiros cristãos saíram das catacumbas e passaram a imitar os cultos pagãos que idolatravam esculturas de pedra, madeira ou pinturas antropomórficas.

O culto das imagens corresponde bem à Igreja desde seus primórdios, sendo merecedor de encômio no espírito da doutrina tradicional bimilenar do Catolicismo.

As catacumbas de Santa Tecla não estão abertas ao público em geral, mas pode se pedir autorização na referida comissão vaticana para visitas em grupo, guiadas por especialistas.


Vídeo: Vaticano apresenta as imagens mais antigas dos Apóstolos





Descubiertos los retratos más antiguos de San Juan, San Andrés y San Pablo (espanhol)




The oldest portraits of Sts. Andrew, John and Paul discovered (inglês)



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Sim! Aqui está o túmulo de São Paulo Apóstolo ! Testes confirmam

Túmulo de São Paulo, San Paolo fuori le mura, Roma
Altar sob o qual está enterrado São Paulo em Roma
Luis Dufaur
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No ano do segundo milênio do nascimento do Apóstolo das Gentes, o grande São Paulo, ficou confirmada a localização do túmulo do apóstolo martirizado em Roma.

Os restos de São Paulo foram venerados continuadamente durante séculos sob o altar papal da basílica de São Paulo extramuros (San Paolo fuori le mura, Roma).

Seu martírio ocorreu, porém, no local da atual abadia das Três Fontes.

Em tempos pagãos, nesse local havia um pântano. Quando os imperadores queriam fazer “desaparecer” um cristão sem chamar a atenção, o levavam lá para martirizá-lo.

São Paulo morreu decapitado. Sua cabeça foi posta sobre uma coluna e na hora tremenda do martírio caiu dando três tombos. No local de cada tombo abriu-se uma fonte.

Na Idade Média foi erigida uma abadia beneditina que existe até hoje, sendo visitada pelos peregrinos. É a Abbazia delle Tre Fontane.

Na Renascença foi erigida riquíssima igreja sobre as três fontes. Há um magnífico altar sobre cada uma delas. (foto embaixo)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Milagres de Lourdes: exemplo de cooperação harmoniosa
entre a Igreja e a ciência

Luis Dufaur
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Um dos pontos mais delicados nas relações entre as ciências naturais e o mundo sobrenatural diz respeito ao milagre.

Tal vez em nenhuma parte do mundo este problema é tão central quanto no santuário de Lourdes.

O santuário recebeu mais de 300 milhões de peregrinos desde 1848. Destes, 20 milhões peregrinaram oficialmente enquanto doentes.

Um número infindo garante ter sido curado. Porém a maioria não abre o processo médico que poderá constatar a cura.

Dos que abriram processo, em 7.200 casos catalogados a medicina reconheceu que a cura era inexplicável à luz dos conhecimentos da época.

Desses 7.200 casos, apenas 67 foram proclamados oficialmente como milagres pela Igreja.

Esses 7.200 casos conformam um dos mais impressionantes conjuntos documentais em que a ciência confirma a Igreja.

Vejamos apenas um dos casos oficialmente proclamados pela Igreja: o de Jeanne Fretel.

A matéria foi reproduzida do blog “Lourdes e suas aparições” que traz informação seleta a abundante sobre esse santuário e os milagres ali operados.

Jeanne Fretel, nascida a 27 de maio de 1914 na Bretanha, teve uma infância sofrida: rubéola, escarlatina, difteria etc.

Em janeiro de 1938, quando conta vinte e quatro anos, é operada de apendicite no Hôtel-Dieu em Rennes. Depois disto, passará dez anos no hospital, praticamente sem interrupções. Primeiro tem que operar um quisto tuberculoso nos ovários, depois, uma peritonite tuberculosa que a acometeu, logo seguida por uma fístula estercoral.

É somente no fim da guerra que sai, finalmente, do hospital, porém aparece uma erisipela, em seguida um hallux valgus bilateral, finalmente uma osteíte do maxilar superior, que não lhe deixou mais do que três dentes na arcada superior e seis na inferior.

A 3 de dezembro de 1946, dá entrada no hospital de Pontchaillou, em Rennes, onde já estivera internada durante algum tempo após a guerra. Desta feita, diz ela, é “para morrer lá”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O padre que salvou grande tesouro cultural iraquiano
com um terço na mão

Frei Najeeb-Michaeel O.P., exibe um dos documentos salvos
Frei Najeeb-Michaeel O.P., exibe um dos documentos salvos
Luis Dufaur
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No dia 6 de agosto de 2014, enquanto os obedientes adeptos do Corão do ISIS (abreviatura em inglês de Estado Islâmico do Iraque e do Levante) avançavam sobre a cidade crista de Qaraqosh – hoje felizmente recuperada – o frade dominicano iraquiano Najeeb Michaeel se afastava a toda velocidade.

Ele conduzia um carro e era acompanhado por um caminhão fretado. Nos dois veículos ia um tesouro que acabou sendo salvo das garras da destruição dos fanáticos islâmicos: 3.500 manuscritos orientais dos séculos X a XIII, contou ele para o jornal “Clarin”.

O sacerdote os tinha tirado de Mosul, que viraria capital dos seguidores de Maomé, inimigos de toda forma de cultura.

A pequena caravana fez um longo caminho entre o pó e o terror. Conseguiu passar por três controles: um dos próprios muçulmanos do ISIS e dois das milícias curdas, essas mais amigáveis.

Por fim, chegou a Erbil, no Curdistão, onde essa valiosa parte da memória da Mesopotâmia ficou a salvo até os presentes dias.

O Pe. Najeeb Michaeel renovou assim, em pleno III milênio, com uma velha e admirável tradição da Igreja Católica.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

25 de dezembro é bem o dia em que Jesus nasceu

Natividade e Adoração dos Magos.
Ícone anônimo do século XVII, Museu Benaki, Atenas.
Luis Dufaur
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O Natal católico é celebrado no dia 25 de dezembro. Mas há vozes, não raramente protestantes, falsamente ecumênicas ou anticristãs, que questionam a historicidade dessa data.

Elas arguem que na primeira metade do século IV a Igreja substituiu a celebração pagã Dies natalis Solis invicti (o deus persa/hinduísta/greco-romano Mitra?) por uma memória cristã do solstício de inverno (21-22 de dezembro).

E, portanto, não seria uma data histórica mas uma cristianização de uma festa pagã.

Essa posição é de molde a gerar confusão. E muitos gostarão ver a clareza do fundamento para comemorar a festa de Natal em 25 de dezembro.

Diferenças entre os calendários judeus e romano

A dificuldade tem azo na diversidade dos calendários.

Os romanos usavam o seu, o calendário juliano, que continha defeitos, mas que nós herdamos. Hoje é usado pelo mundo ocidental e pelos países civilizados após a sábia reforma do Papa Gregório XIII. Por isso é chamado de calendário gregoriano.

Mas, no tempo de Nosso Senhor, os judeus usavam um calendário completamente diferente, que era o calendário do Templo, aliás mais preciso que o romano daquela época.

Nos Evangelhos todas as datas são referidas usando esse calendário do Templo.

Quais são essas datas e ao que correspondem em nosso calendário?

O professor Pier Luigi Guiducci, historiador da igreja, esclareceu para a agência Zenit, as dificuldades da datação.

Mas, o professor apontou que a principal referência a uma data se encontra no Evangelho de São Lucas. Este Evangelho de Lucas traça a genealogia de Jesus até Adão, passando pela Anunciação e por seu nascimento virginal.

O arcanjo São Gabriel apareceu a São Zacarias e lhe anunciou que sua mulher Sara tinha concebido Très Riches Heures du duc de Berry, Musée Condé, Chantilly, século XV
O arcanjo São Gabriel apareceu a São Zacarias
e lhe anunciou que sua mulher Sara tinha concebido
Très Riches Heures du duc de Berry, Musée Condé, Chantilly, séc.XV
São Lucas narra que o anjo Gabriel anunciou ao velho sacerdote Zacarias que sua esposa Isabel, estéril e idosa, havia concebido um filho, destinado a preparar o povo para aquele que estava por vir (Lc 1,5-25).

E São Lucas acrescenta que esta miraculosa comunicação aconteceu seis meses antes da Anunciação a Maria (Lc 1,26-38).

Lucas sublinha que Zacarias pertencia à “classe [sacerdotal] de Abias” (Lc 1,5), e que a aparição de São Gabriel aconteceu enquanto “exercia a função de sacerdote na ordem de sua classe” (Lc 1,8).

Esse dado especifica uma data precisa de acordo com o calendário do Templo que os judeus conheciam perfeitamente.

A Lei Mosaica era muito exigente em matéria de dias e datas e os judeus observantes faziam questão de obedecê-las à risca.

Eles sabiam precisamente o dia que significavam e pautavam por eles os eventos fundamentais de sua vida, como sacrifícios, apresentação da criança ao Templo [prefigura do batismo], etc.

E no Templo de Jerusalém, os sacerdotes eram divididos em classes que deviam desempenhar os ofícios em 24 turnos (1Cr 24,1-7.19). Essas “classes”, se revezavam na ordem, porque deveriam prestar serviço litúrgico por uma semana, “de sábado a sábado”, duas vezes ao ano.

A versão hebraica do Antigo Testamento segundo o texto da Septuaginta indica que a classes sacerdotais, até a destruição do Templo (70 d.C) se revezavam conforme segue:

I) Iarib; II) Ideia; III) Charim; IV) Seorim; V) Mechia; VI) Miamim; VII) Kos; VIII) Abia; IX) Joshua; X) Senechia; XI) Eliasibe; XII) Iakim; XIII) Occhoffa; XIV) Isbosete; XV) belga; XVI) Emmer; XVII) Chezir; XVIII) Afessi; XIX) Fetaia; XX) Ezekil; XXI) Jaquim; XXII) Gamoul; XXIII) Dalaia; XXIV) Maasai.

E Zacarias pertencia ao “turno de Abia”, o oitavo.

Descobertas arqueológicas permitem precisar as datas

O arqueólogo escocês Sir William Ramsay, uma das maiores autoridades na matéria, escreveu que “Lucas é um historiador de primeira classe, não só suas afirmações sobre os fatos são dignas de fé... ele deve ser posto entre o grandíssimos historiadores”. Cfr “Luke the Evangelist”, Wikipedia.

A composição do Evangelho de Lucas aconteceu no início dos anos 60 d.C. Portanto São Lucas, escrevia quando o Templo ainda estava em atividade e todos os sacerdotes conheciam suas funções, classes e datas.

O rodízio referido se repetia duas vezes por ano e o evangelista não anota em qual dos dois turnos anuais Zacarias recebeu o anúncio do anjo.

Fac-símile dos documentos de Qumran.
Fac-símile dos documentos de Qumran.
Porém, em 1953 a especialista francesa Annie Jaubert, vasculhou o calendário do Livro dos Jubileus, [apócrifo hebraico do século II a.C.] e publicou os resultados no artigo: Le calendrier des Jubilées et de la secte de Qumran. Ses origines bibliques [em “Vetus Testamentum”, suppl. 3, 1953, pp. 250-264].

Por outro lado, Shemarjahu de Talmon, especialista da Universidade Hebraica de Jerusalém auscultou os documentos de Qumran que incluem o Calendário dos Jubileus.

Os resultados de Talmon foram publicados no artigo ‘The Calendar Reckoning of the Sect from the Judean Desert. Aspects of the Dead Sea Scrolls’ (em “Scripta Hierosolymitana”, vol. IV, Jerusalém 1958, pp. 162-199).

Os dois chegaram a conclusões convergentes. Assim Talmon foi capaz de precisar a sucessão da ordem de 24 turnos sacerdotais no Templo, no tempo de Jesus.

O estudioso judeu estabeleceu que o ‘turno de Abia’ acontecia a primeira vez, do dia 8 ao dia 14 do terceiro mês do calendário hebreu. A segunda vez acontecia de 24 a 30 do oitavo mês do calendário do Templo, período que correspondia à última semana de setembro no calendário romano.

Antonio Ammassari [‘Alle origini del calendario natalizio’ em “Euntes Docete” 45 (1992) pp. 11-16], mostra que São Lucas indicando o “turno de Abia” fornece a sucessão das datas históricas.

Cronologia da Encarnação e do Nascimento de Jesus

Desta maneira ficou esclarecido que o anúncio divino a Zacarias da concepção de São João Batista tem uma data histórica precisa: 24 de setembro do nosso calendário gregoriano do ano 7-6 a.C.

E o nascimento de São João Batista nove meses depois como escreve São Lucas (Lc 1,57-66), aconteceu o dia 23/25 de junho. É portanto, uma data histórica, explicou o professor Guiducci.

Natividade. Mestre do altar de Vyšší Brod, Galeria Nacional de Praga.
Natividade. Mestre do altar de Vyšší Brod, Galeria Nacional de Praga.
A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo “no sexto mês” depois da concepção de Isabel registrada no evangelho de São Lucas (1,28), aconteceu portanto no dia 25 de março. E é também uma data que tem certeza histórica.

Cumpridos os nove meses chegamos a 25 de dezembro.

O professor Pier Luigi Guiducci, historiador da igreja, conclui que “podemos dizer que é histórico o nascimento do Senhor a 25 de dezembro, 15 meses após o anúncio a Zacarias, nove meses após a Anunciação a Maria, seis meses após o nascimento de João Batista”.

O professor judeu Talmon baseado no calendário do Templo, reconstitui a mesma sucessão de fatos que conduzem a 25 de dezembro.

Portanto a festa nesse dia não foi fixada ao acaso e está fundada na tradição judeu-cristã da Igreja primitiva de Jerusalém, escreveu Vittorio Messori: “Jesus nasceu verdadeiramente em 25 de dezembro”, em Il Corriere della Sera, 9 de julho de 2003.

A circuncisão e a apresentação ao Templo concordam

Guiducci acrescentou que a data da circuncisão [prefigura do batismo] no dia 1º de janeiro também é histórica. Pois a prescrição de Moisés ordenava ser feita dentro do oitavo dia do nascimento. E o oitavo dia após o 25 de dezembro é o 1º de janeiro.

Apresentação do Menino Jesus ao Templo. Jean Bourdichon (1457 -- 1521),  J.P.Paul Getty Museum, Los Angeles
Apresentação do Menino Jesus ao Templo.
Jean Bourdichon (1457 -- 1521),  J.P.Paul Getty Museum, Los Angeles.
“A circuncisão, oito dias após seu nascimento, é uma data histórica”, conclui. “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lucas 2:21).

Mais ainda, a apresentação da criança no Templo e a purificação da mãe devia acontecer dentro do 40º dia após o nascimento segundo lei de Moisés. Segundo o costume, a mãe se apresentava ao templo com uma vela acesa.

E os quarenta dias se cumprem na festa de Nossa Senhora da Candelária.

“Então, quarenta dias após o nascimento, dia 2 de fevereiro, a Apresentação do Senhor no Templo, é uma data histórica”, diz também o professor.

O censo de César Augusto

O evangelho de São Lucas menciona o censo ordenado pelo imperador César Augusto, como sendo a época em que aconteceu o nascimento do Redentor.

Augusto nomeia Quirino governador de Síria. Jean Bourdichon (1457 - 1521), Paris, BnF, manuscrit NAF. 21013, folio 65o.
Augusto nomeia Quirino governador da Síria.
Jean Bourdichon (1457 - 1521),
Paris, BnF, manuscrit NAF. 21013, folio 65o.
Na Palestina, o censo foi efetivado por Quirino prefeito da Síria (7-6 a.C).

No site Católicos online podemos ler o erudito trabalho de Dom Estêvão Bettencourt O.S.B., que esclarece os vários censos ordenados naquela época em anos diversos pelo imperador César Augusto.

O autor foi um dos mais destacados teólogos brasileiros do século XX, monge da Ordem dos Beneditinos do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro.

Num erudito, denso e sábio trabalho ele ordena e esclarece as intrincadas dificuldades a propósito dos vários censos na Terra Santa e a ele remetemos os leitores interessados. Veja: O Recenseamento sob César Augusto e Quirino (Lc 2, 1-5)

Comparando com rica documentação tirada dos historiadores Tito Lívio, Suetônio, Flávio José, Strabo e de inscrições antigas o douto autor confirma a historicidade do texto de Lucas.

O imperador Augusto três vezes promoveu o recenseamento dos cidadãos de seu Império entre 28 a.C. e 14 d.C.

E Quirino, que foi governador da Síria desde o ano 6 a.C até 12 d.C, foi o executor de um desses recenseamentos nas regiões confiadas à sua jurisdição, para sujeição e lealdade a César Augusto

Precisando o ano do Natal

O recenseamento referido por São Lucas efetivou-se cerca de um ano antes da morte de Herodes. Isso aponta o nascimento de Cristo no ano 5 a.C.

No cálculo atual, seria outono de 1 a.C, mas segundo explicou o professor Pier Luigi Guiducci, a partir do século VI houve um erro de cerca de seis ou cinco anos da data real do ano do nascimento do Senhor.

Apresentamos a continuação um destaque gráfico com a explicação deste erro por Dom Estêvão Bettencourt OSB.

O ano do nascimento de Cristo esclarecido por Dom Estêvão Bettencourt OSB

No século VI o monge Dionísio o Exíguo ou Pequeno (+556), desejoso de calcular a data de Páscoa para os anos subsequentes, conjeturou o ano se baseando em datas históricas romanas e chegou ao ano que ele indicou como sendo o do nascimento de Cristo e o inicio da era cristã, ainda hoje em voga.

Dionísio, porém, enganou-se.

Herodes recebe os três Reis Magos. British Library Royal 1 D X, f2.
Herodes recebe os três Reis Magos. British Library, Royal 1 D X, f2.
Dionísio não levou em conta a noticia consignada por Mt 2,1: Jesus nasceu antes do falecimento do rei Herodes.

Ora Herodes passou doente os últimos meses de sua vida em Jericó, ao passo que os Magos ainda o encontraram em Jerusalém (cf. Mt 2,3).

Disto se conclui que a visita destes personagens a Herodes se deve ter dado, pelo menos, por volta do ano 5 a.C.

Note-se outrossim que Herodes mandou matar todos os meninos que tivessem até dois anos de idade: supunha, portanto, que Jesus pudesse ter nascido havia dois anos.

Admitindo que o monarca haja feito um cálculo largo, teremos que recuar um ano ou mais para além do ano 5º a. C., a fim de chegar ao ano em que Cristo nasceu.

É o que leva os melhores exegetas a admitir que Jesus tenha vindo ao mundo por volta do ano 6° antes da era cristã, ou seja, cerca de 748 da era de Roma.

(Autor: Dom Estêvão Bettencourt, PERGUNTE E RESPONDEREMOS 003 – março 1958)


Outras datas chaves solidamente definidas

A pregação de João Batista teria começado no ano XV do império de Tibério César (cerca de 27-28 d.C).

São Lucas também registra que “Jesus, quando começou o seu ministério, tinha cerca de 30 anos” (Lc 3,23). A relação entre a pregação dos dois é preciosa para acertar as datas.

A principal datação histórica sobre a vida do Senhor está centrada no evento-chave: a sua morte ocorreu às 15 horas da sexta-feira, 7 de abril de 30 d.C.

E isto é astronomicamente certo. Pois São Lucas nos ensina que antes de Nosso Senhor lançar um grande brado e entregar a alma “em toda a terra houve trevas”.

44. Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.

A Ressurreição que aconteceu na madrugada de domingo, 9 de abril do ano 30 d. C.
A Ressurreição aconteceu na madrugada de domingo 9 de abril do ano 30 d.C.
45. Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio.

46. Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou. (São Lucas, 23, 44-45

E isto se deu por um eclipse de sol acontecido nesse dia e nessa hora, não tendo acontecido outro eclipse igual em algum outro ano próximo, verificável por cômputos astronômicos, inclusive digitais.

Define-se a partir daqui outras datas históricas, notadamente a Ressurreição que aconteceu na madrugada de domingo, 9 de abril do ano 30 d. C., data astronômica também certa, portanto.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Cientistas identificam mistérios na abertura do Sepulcro de Cristo

Na abertura do Santo Sepulcro alguns cientistas reportaram um 'suave aroma'  e os aparelhos funcionaram de modo anormal
Na abertura do Santo Sepulcro cientistas reportaram um 'suave aroma'
e os aparelhos funcionaram de modo anormal
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias




Alguns arqueólogos que trabalharam na abertura do Santo Sepulcro disseram ter percebido fenômenos não habituais nesse tipo de investigações.

Segundo informou CatholicCulture.org, eles relataram que se aproximando da pedra original sobre a qual repousou o corpo de Cristo ungido por Nossa Senhora perceberam um “aroma suave”.

Esse seria comparável aos perfumes florais que também foram relatados em aparições de Nossa Senhora ou dos santos, como aconteceu no enterro de Santa Teresinha.

Os especialistas também contaram que os aparelhos eletrônicos ligados sobre o Santo Sepulcro começaram a funcionar mal ou pararam completamente, como se fossem afetados por forças eletromagnéticas não identificadas até agora.

O site “Aleteia” forneceu maiores informações.

As falhas nos aparelhos aconteciam quando esses eram colocados em posição vertical sobre a pedra em que repousou o corpo morto de Cristo até a Ressurreição.

As hesitações de uma responsável e a resposta da Providência

Marie-Armelle Beaulieu, diretora da revista Terre Sainte Magazine deu impressionante testemunho.
Marie-Armelle Beaulieu,
diretora da revista Terre Sainte Magazine
deu impressionante testemunho.
Marie-Armelle Beaulieu, diretora do site da Custodia Franciscana de Terra Santa e chefe de redação da revista da mesma Custodia Terre Sainte Magazine, foi uma das poucas pessoas, cientistas e responsáveis religiosos, que teve licença para visitar o sacro túmulo aberto.

Ela se mostrou cética quanto ao “odor suave” de que outros falavam. Para ela um odor facilmente pode ser resultado de uma autossugestão. Ela diz que não percebeu aroma particular algum.

Porém, durante a abertura anterior do sepulcro, que foi parcial e esteve a cargo do arquiteto Nikolaos Komnenos em 1809, o cronista da época também fez menção a um “doce aroma”.

Segundo Marie-Armelle, as pessoas que se interessam pelo Santo Sepulcro conhecem bem esse texto, e de ali tira a tese da autossugestão.

Porém, as informações nada dizem se os cientistas que estão trabalhando no Sepulcro sabiam algo desse antecedente histórico.

Não há dados que apontem católicos entre eles, sendo mais provável que fossem maioritariamente cismáticos, sem religião ou até agnósticos.

Não seria estranho que a graça tenha querido tentar toca-los com um sinal sensível, material, como os “aromas florais”.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias

Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.
Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: Lições do Santo Sepulcro de Jesus Cristo aberto após séculos para exame científico




Por que fizeram estes trabalhos?

Durante a restauração de 1810, foi erigida sobre o sagrado Santo Sepulcro uma pequena estrutura artística conhecida como edícula (do latim aedicule, ou “casinha”).

Essa edícula há tempos pedia uma restauração e a Autoridade das Antiguidades do governo de Israel acabou declarando-a insegura impondo uma reforma.

Após muita discussão uma equipe de cientistas da Universidade Técnica Nacional de Atenas, sob a direção de seu supervisor científico chefe, a professora Antônia Moropoulou, ficou a cargo da empreitada.

Essa Universidade havia demonstrado sua competência restaurando a Acrópole de Atenas e a catedral Santa Sofia de Istambul.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O Santo Sepulcro de Jesus Cristo
aberto após séculos para exame científico

O Santo Sepulcro logo antes dos trabalhos de restauração.
O Santo Sepulcro logo antes dos trabalhos de restauração.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



Pela primeira vez em quase dois milênios, cientistas puderam entrar em contato com a pedra original sobre a qual foi depositado o Santíssimo Corpo de Jesus Cristo envolvido nos panos mortuários, dos quais o mais famoso é o Santo Sudário.

A cova original hoje se encontra albergada na igreja do Santo Sepulcro na parte velha de Jerusalém. Ela está coberta por uma lápide de mármore que data pelo menos do ano 1555, ou quiçá de séculos anteriores ainda.

“O que achamos é surpreendente”, explicou à agência de notícias Associated Press o arqueólogo Fredrik Hiebert, da National Geographic Society, que participa no projeto. “Passei um tempo na tumba do faraó egípcio Tutancâmon, mas isso é mais importante”.

“Serão necessárias muito demoradas análises científicas [dos abundantes dados recolhidos], mas nós por fim pudemos ver a superfície original de rocha sobre a qual foi depositado o corpo de Cristo”, acrescentou.

De fato, até hoje não existiam gravuras desse leito de rocha calcária que, a fortiori, nunca foi fotografado. Tudo o que havia eram reproduções artísticas, mais ou menos felizes.

O Santo Sepulcro foi aberto durante 60 horas para os cientistas e, depois, voltou a ser lacrado em seu estado anterior.

Os especialistas deixaram aberta uma janela retangular em uma das paredes revestidas de mármore da edícula (pequena casa, ver embaixo) desde onde os peregrinos poderão vislumbrar pela primeira vez parte da parede de calcário da tumba de Jesus Cristo.



De onde provém esse túmulo?

Segundo os Evangelhos, o Corpo de Jesus Cristo foi depositado num leito mortuário escavado na pedra de morro vizinho da crucificação.

Em verdade a distância é mínima do local da crucificação. Por isso mesmo, os dois locais se encontram sob o teto da mesma igreja, separados apenas por poucas dezenas de metros.

O túmulo já existia antes de Paixão e pertencia a São José de Arimatéia que o mandara fazer para si, mas o cedeu para o Santíssimo Redentor.

São José de Arimatéia era um homem rico, um grande comerciante dono de uma frota de navios cujos interesses chegavam até a atual Grã-Bretanha.

Também era senador e membro do Sinédrio, o colégio dos mais altos magistrados religiosos do povo judeu. Secretamente ele era discípulo de Jesus.

Imagem procissional de São José de Arimateia, igreja de São Tiago, Zambales, Filipinas.
Imagem procissional de São José de Arimatéia,
igreja de São Tiago, Zambales, Filipinas.
Foi ele que obteve de Pilatos a libertação do corpo e cobriu as caríssimas despesas de sua preparação, oferecendo até o linho do Santo Sudário.

Em represália dessa generosidade, o Sinédrio mandou persegui-lo e lhe expropriar suas grandes posses. Ele foi abandonado por amigos e familiares.

Após passar 13 anos no cárcere, São José de Arimatéia foi libertado pelo novo governador romano Tibério Alexandre, reconstituiu sua grande fortuna e passou a usá-la para a difusão da fé. Faleceu em plena atividade missionária.

Sua festa litúrgica é celebrada em 17 de março no Ocidente e em 31 de julho no Oriente. Foi o contrário do “moço rico” do Evangelho que recusou o chamado de Cristo por amor às riquezas. São José de Arimatéia é exemplo acabado do rico que usa de seus capitais para servir melhor ao Redentor e sua obra.

São Marcos escreveu dele que era um

“ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (São Marcos, 15, 43).

São Mateus, ao descrevê-lo, sublinha ser um homem rico discípulo de Jesus:

57. À tardinha, um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus,

58. foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o.

59. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol branco

60. e o depositou num sepulcro novo, que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora. (São Mateus, 27, 57ss)

Por sua vez, São João em seu evangelho registra:

39. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.

40. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.

41. No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.

42. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo. (São João 19,39-40)

E ainda São Lucas:

50. Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo.

51. Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimatéia, cidade da Judéia, esperava ele o Reino de Deus.

52. Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus.

53. Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. (São Lucas, 23, 50-53)

A incolumidade milagrosa do Sepulcro

Santa Helena imperatriz mandou construir a primeira igreja do Santo Sepulcro. Basílica de Santa Helena em Birkirkara, Malta
Santa Helena imperatriz mandou construir a primeira igreja do Santo Sepulcro.
Basílica de Santa Helena em Birkirkara, Malta
As descrições dos evangelistas nos permitem fazer uma ideia do túmulo onde aconteceu a Ressurreição. Elas precisam o local onde está. Porém, a história subsequente submeteu esse sagrado túmulo a graves riscos de desaparição.

Porque o Santíssimo Sepulcro ficou no centro de tremendas borrascas históricas cujos efeitos perduram em nossos dias. Podemos até julgar a título pessoal que sua preservação é um milagre histórico.

Também é uma figura do Corpo Místico de Cristo que é a Santa Igreja Católica atravessando horrorosas tempestades que nada acabaram podendo contra Ela ao longo dos séculos.

Vejamos a história do Santo Sepulcro.

Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., o imperador romano Adriano ordenou construir sobre as ruínas uma cidade pagã de nome Élia Capitolina. Foram feitas, então, imensas terraplenagens.

Pelo plano, a sepultura de Jesus ficou coberta com terra. Sobre ela foi erigido um templo dedicado a Vênus (Afrodite para os gregos), deusa da sensualidade. Enquanto isso os cristãos padeciam as perseguições.

O inferno parecia confabulado para extinguir a Igreja nascente.

Em 313, o imperador Constantino encerrou as perseguições. Em 326, sua mãe Santa Helena visitou Jerusalém procurando as relíquias da Paixão e identificou o local da crucificação (o Gólgota) e a cova chamada Anastasis (“ressurreição”, em grego).

O imperador católico aprovou construir um santuário que substituiria o templo de Vênus do imperador pagão Adriano. A nova igreja ficou conhecida desde então como a do Santo Sepulcro.

Eusébio (265 – 339), bispo de Cesaréia e pai da história da Igreja, deixou constância desses fatos em seus escritos.

Em 614, a igreja de Constantino foi gravemente danificada pelos persas sassânidas, pagãos que tomaram Jerusalém e pilharam os tesouros da igreja, deixando apenas alguns restos escassos dela.

A basílica foi reconstruída quando Heráclio, imperador de Constantinopla, reconquistou Jerusalém.

Mas, a sucessão de invasões, restaurações, depredações e guerras estava longe de acabar...

Estado atual externo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Estado atual externo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Em 638, a Palestina toda e a própria Jerusalém foram ocupadas pelos conquistadores muçulmanos. Em 966, as portas e o telhado da igreja arderam durante distúrbios.

Em 1009, o califa fatímida Al-Hakim ordenou destruir todas as igrejas cristãs de Jerusalém, incluindo o Santo Sepulcro. Só os pilares do templo, que eram da época de Constantino, sobreviveram ao arrasamento.

A notícia desse aniquilamento foi decisiva para inspirar o movimento das Cruzadas.

O sucessor de Al-Hakim, o califa Ali az-Zahir permitiu a reconstrução e redecoração da igreja. A obra foi paga pelo imperador de Bizâncio Constantino IX Monômaco e por Nicéforo, patriarca de Jerusalém. Os trabalhos concluíram em 1048.

Foi essa igreja que os cruzados encontraram em 1099 entrando em Jerusalém. O templo restaurado pelos cruzados foi reconsagrado em 1149. No seu essencial, é o que existe atualmente.

Em 1187, o caudilho islâmico Saladino voltou a invadir a cidade, mas proibiu a destruição dos edifícios religiosos cristãos.

No século XIV, o local passou a ser administrado por monges católicos e por monges cismáticos gregos, aos quais se somaram outras denominações religiosas.

Nos séculos seguintes foram feitas diversas restaurações, se destacando a de 1810 por iniciativa britânica após um grande incêndio e as ocorridas entre 1863 e 1868. Em 1927, mais um abalo sísmico causou importantes estragos à estrutura da igreja.



continua no próximo post: O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias





segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Uma grande razão para rezarmos pelas almas dos falecidos:
o Purgatório

Fachada da igreja do Sagrado Coração do Sufrágio
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Pensando no bem que podem ganhar nesta data religiosa as almas dos fiéis defuntos -- ente as quais pode haver parentes ou amigos nossos -- reproduzimos a continuação o post Museu das almas do Purgatório 1: uma janela para o além que merece ser mais estudada com estimulante matéria a respeito para rezarmos por essas almas.



Indo à Basílica de São Pedro pelo Lungotevere – a avenida que bordeja o histórico rio Tibre – o romeiro é surpreso por uma bonita igreja que tem o imponderável de conter algo muito singular.

Não é só o fato de seu estilo neogótico evocar a França e destoar do distendido conjunto arquitetônico romano.

Luminosa, delicada, esguia, sorridente, mas infelizmente fechada boa parte do dia, a igreja do Sagrado Coração do Sufrágio fica a dois quarteirões de Castel Sant’Angelo e da Via dela Conciliazione, que leva direto ao Vaticano.

VER EM GOOGLE MAPS

Perguntei a amigos romanos o que havia nessa igrejinha.

Eles me explicaram – não sem antes me prevenirem de não me espantar – que lá havia um Museu das Almas do Purgatório.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista de Roma, partiu para a eternidade

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da diocese de Roma
O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da diocese de Roma
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Agência Boa Imprensa – ABIM



Em 16 de setembro [2016], aos 91 anos de idade faleceu o Exorcista da diocese de Roma, que sempre alertou a respeito do perigo da crescente ação diabólica na atualidade.

Em memória do Revmo. Pe. Gabriele Amorth transcrevemos a seguir uma importante entrevista que ele concedeu com exclusividade para a revista Catolicismo e publicada em sua edição Nº 596, de agosto de 2000.

O Padre Gabriele Amorth, da Pia Sociedade de São Paulo é muito apreciado por seus livros sobre Nossa Senhora e sua atividade apostólica jornalística. Seu programa na Radio Maria peninsular contava com 1.700.000 ouvintes.

O Pe. Amorth tornou-se mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra Um exorcista conta-nos, em 1990. Tal obra alcançou notável êxito editorial na Itália, tendo sua tradução portuguesa obtido várias edições.

A partir de então, a mídia internacional vem focalizando a atuação desse sacerdote, nomeado Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas.