O Bom Pastor, catacumba de Santa Priscilla, Roma |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Visitando as Catacumbas de Roma, o sacerdote que nos guiava naquele labirinto subterrâneo, acabou se detendo numa pobre capelinha escavada na pedra vulcânica, ou ‘tufo’.
No teto e paredes, em volta de um pobre altar também de pedra, os primeiros cristãos frequentadores do venerável recanto pintaram imagens piedosas com parcos recursos, que o tempo e a umidade degradaram.
Uma figura se destacava: era o Bom Pastor levando a ovelha perdida em seus ombros.
O guia nos explicou: o Bom Pastor – o da parábola evangélica – era a figura preferida para representar a Cristo naqueles séculos de perversa perseguição.
Havia uma razão profunda para isso. Na Antiguidade romana a crueldade era a nota dominante nas relações políticas, sociais, econômicas, esportivas e até nos cultos religiosos que envolviam crimes nefandos. Aliás essa selvajaria do paganismo se perpetua até nossos dias como mostram os muçulmanos.
No cerne do cristianismo estava o oposto: o amor ao próximo, a caridade, do qual o Bom Pastor é o exemplo comovedor e supremo.
Cristo, o Bom Pastor, era representado com os cabelos encaracolados e bem barbeado. A razão disto é que essa apresentação pessoal era característica dos abastados nobres romanos que dominavam a sociedade, Roma, e o mundo.
Por toda a parte, só se encontrava ódio, rancor e perseguição. A Igreja apresentava Nosso Senhor na sua bondade e em sua doçura infinita indo à procura da ovelha extraviada.
O tempo passou, a Igreja converteu Roma; o Papa, vigário de Cristo e sucessor de São Pedro passou a reinar na cidade dona do mundo, e as conversões dos outros povos foram se fazendo.
Inclusive no então desconhecido Brasil onde as naus de Pedro Alves Cabral acabariam aportando num dia abençoado por Deus trazendo os missionários que converteram aos miseráveis silvícolas.
Aliás eles também de uma crueldade que dava no canibalismo, malgrado os elogios ditirâmbicos da Teologia da Libertação e do Sínodo amazônico.
Os perseguidos pelo espírito sanguinário dos pagãos acabaram implantando no mundo o doce reinado de Jesus Cristo e produziram uma mudança radical no relacionamento humano.
Nessa enorme mudança a própria representação da fisionomia de Cristo foi se aperfeiçoando até coincidir maravilhosamente com a do Santo Sudário de Turim, a mais perfeita de todas.
Também a Igreja foi sublinhando outros aspectos do divino Redentor.
Anel de ouro do Bom Pastor que, segundo Autoridade das Antiguidades de Israel, é 'achado refinado e raro', era romana |
Ela traz esculpida na gema preciosa a imagem do Bom Pastor usada pelos primeiros cristãos para simbolizar Jesus.
Ela foi encontrada por arqueólogos na costa mediterrânea de Israel, como narrou entre outras fontes “La Nación”.
A Autoridade israelense disse que a joia tem uma pedra preciosa azul esculpida com a figura de um pastor carregando uma ovelha nos ombros.
Nos Evangelhos, Jesus se descreve como o “Bom Pastor” numa divinamente sapiencial parábola:
“11. Eu sou o bom-pastor. O bom-pastor expõe a sua vida pelas ovelhas.
“12. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas.
“13. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas.
“14. Eu sou o bom-pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim,
“15. como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas.
“16. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.” (São João, 10, 11-16) .
O anel foi um dos itens descobertos em dois naufrágios perto do antigo porto de Cesareia.
Os outros tesouros incluem centenas de moedas romanas de prata e bronze de meados do século III e uma grande remessa de moedas de prata do início do século XIV.
Os arqueólogos também encontraram figuras da época romana na forma de uma águia e um ator de teatro com uma máscara cômica; sinos de bronze projetados para afastar os maus espíritos e um anel com uma pedra preciosa vermelha entalhada com uma lira.
O anel no fundo do mar de Cesareia entre carregamentos de barcos em águas pouco profundas |
“Os navios provavelmente estavam ancorados nas proximidades e foram destruídos por uma tempestade”, disse Jacob Sharvit, da Unidade de Arqueologia Marinha da agência.
Cesareia foi o lar de uma das primeiras comunidades cristãs e, de acordo com o Novo Testamento, foi onde o apóstolo Pedro batizou Cornélio, o Centurião, o primeiro gentio (não judeu, pagão ou estrangeiro) a se converter à fé cristã.
“Este foi o primeiro caso em que um não-judeu foi aceito na comunidade cristã”, detalhou Sharvit. “A partir, a religião cristã começou a se espalhar por todo o mundo”.
O Bom Pastor continua procurando as ovelhas perdidas ainda no III milênio, sem cessar, malgrado o horizonte de abandono da religião que se espalha por toda a Terra.
Fenomenal!
ResponderExcluirNa simbologia, observa-se o constante posicionamento cristão, doravante católico, através de imagens que remetem o melhor de Nosso Senhor em termos de: "se só existisse uma maneira de expressar sua realeza divina, seria esta, dada pela imagem do Bom Pastor". Além de absolutamente cativante, inexiste dúvida a respeito da mensagem central da fé, motivo pelo qual, inspirada, consegue trespassar o tempo preservando seu núcleo e revelando uma mensagem do passado ao futuro que encanta e consolida a identidade católica.
Descoberta maravilhosa e postagem sem igual.
Interesante descubrimiento histórico que confirma la tradicion viva del concepto de rey es el pastor y dueño de las ovejas. El buen pastor.
ResponderExcluirQue o Bom Pastor traga de volta as ovelhas inocentes desgarradas no protestantismo.
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