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Altar mor da basílica de Santiago de Compostela, busto relicário |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Após uma maravilhosa e quase inverossímil história para quem não tem fé, a ciência confirmou que os restos do Apóstolo São Tiago o Maior estão bem em Compostela!
Após a descida do Espírito Santo sobre a Igreja em Pentecostes, na data aproximada de 33 d. C., os Apóstolos obtiveram muitas conversões em Israel. O fato desatou a cólera do Sinédrio que instigou a Crucifixão.
Alguns Apóstolos chegaram a ser presos. Viram então que não poderiam ficar muito tempo seguros na Terra Santa e combinaram que São João levaria Nossa Senhora a Éfeso, cidade então do império romano e onde o Sinédrio não tinha poder. Os demais partiram em todas as direções.
São Pedro acabaria se instalando em Roma e São Tiago o Maior, cruzou o Mediterrâneo e desembarcou na Hispania (atuais Espanha e Portugal).
Sua pregação teria começado na Gallaecia, atual Galícia espanhola e norte de Portugal, mas percorreu a península ibérica toda fazendo discípulos, sete dos quais foram sagrados bispos por São Pedro, após o martírio de São Tiago.
A pregação do Apóstolo não foi nada fácil. A região estava povoada de pagãos, e muitos o recebiam como um inimigo de seus falsos deuses.
Em Caesaraugusta, atual Saragoça, onde ganhou conversões em bom número, lançaram víboras contra ele, mas o santo as segurava tranquilamente nas mãos. Em Granada, foi preso com todos os discípulos e neófitos.
Aparição de Nossa Senhora do Pilar
De retorno em Saragoça para atender a pequena, mas crescente comunidade cristã, o Apóstolo rezava pensando em Maria Santíssima quando viu descer um resplendor.
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Relicário do Apóstolo Santiago, cripta em Compostela |
No resplendor do lírio o Apóstolo viu Maria Santíssima, de nívea brancura e transparência, que estava em pé como costumava rezar, com as mãos juntas e um grande véu na cabeça, que lhe caía até os pés.
Segundo outras versões Nossa Senhora se apareceu “em carne mortal”.
São Tiago recebeu interiormente o aviso de erguer ali uma igreja que a intercessão de Maria faria crescer. Essa seria a origem da magnífica basílica atual de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da Espanha.
Disse-lhe a Virgem que, uma vez concluída a igreja, voltasse para Jerusalém. Ele a encontrou em Éfeso, onde Maria lhe anunciou sua morte próxima em Jerusalém na presença de todos os Apóstolos miraculosamente convocados.
Após a Assunção, São Tiago foi preso e decapitado por ordem de Herodes (Atos 12:1–2), no monte Calvário. Seus discípulos Atanasio e Teodoro levaram o corpo de volta para a Espanha pelo mar.
O navio foi conduzido providencialmente até as praias da Galícia, onde teria sido enterrado no local nomeado de Iria Flavia, e que acabou sendo identificado no século IX.
A descoberta teve muito de maravilhoso. Por volta do ano 813 (ou 820 segundo outros) reinando em Astúrias, Alfonso II el Casto. Nessa época um ermitão de nome Paio (Pelayo) declarou ao bispo diocesano de Iria Flavia, Mons. Teodomiro, que vira luzes brilhando sobre um morro desabitado.
Feitas as averiguações, no local foi encontrado um túmulo, de época romana, que guardava os restos de um corpo decapitado e cuja cabeça estava sob um dos braços.
Os restos eram de três pessoas distintas: dois de idade mediana e uma na fase final da vida. Assim se supôs piedosamente que pertenciam ao que narrava a tradição: São Tiago e seus discípulos Atanasio e Teodoro
A notícia chegou ao rei Afonso II das Astúrias, que marchou com a sua corte de Oviedo para Compostela. Essa peregrinação real de 146 quilômetros foi a primeira ao túmulo do Apóstolo, e o percurso hoje é conhecido como o “Caminho Primitivo”, que começou a ser percorrido pelos peregrinos do “Caminho de Santiago”.
A igreja que o rei mandou construir acima do túmulo deu origem à atual Catedral de Santiago de Compostela.
O nome de Compostela provém do latim campus stellae ou “campo das estrelas”, em atenção às luzes que apareceram no morro em que estava o túmulo.
A glória do Apóstolo, de cujo sacrifício nasceu a nação ardente de zelo como um lírio pegando fogo em que ele viu a Nossa Senhora desde então se manifesta atraindo multidões de peregrinos que ainda hoje fazem o “Caminho de Santiago” completando até mil ou dois mil quilômetros a pé.
Na medida em que o processo histórico revolucionário progredia, foi pondo em tela de juízo todas as histórias maravilhosas da Igreja.
No século XIX já andava debandada a difamação segundo a qual os santuários são fruto de mentiras do clero para atrair doações de fiéis ignaros, logrados inescrupulosamente. Compostela seria um desses locais de furto sistemático com fachada religiosa.
No século XIX o papa Leão XIII pediu aos bispos da Espanha todos os documentos que pudessem encontrar a respeito.
Ele recebeu muitos relatos do acontecido, mas nenhum com as características científicas que requeria uma comissão cardinalícia extraordinária para o estudo dos restos.
Essa enviou a Compostela a Monsenhor Agostino Caprara, “advogado do diabo” na Congregação da Fe, para que examinara os restos no local e colhesse declarações dos responsáveis.
Antes de ir a Compostela, Mons. Caprara, pediu o auxílio do médico forense Francesco Chiapelli para analisar um resto ósseo venerado como relíquia do Apóstolo na cidade de Pistóia, na Itália.
O cientista reconheceu se tratar da apófises mastoidea direita com restos de sangue coagulado e que a peça teria sido separada do crânio em consequência da violência da decapitação.
A comissão chegou em Santiago de Compostela no dia 8 de junho de 1884 e durante os exames constatou que um dos três crânios precisamente carecia da apófises mastoidea direita. A coincidência foi reveladora e o ditame foi positivo.
Em 25 de julho do mesmo ano, na festividade do Apóstolo Santiago, foi publicado o documento comprobatório da Congregação.
E em 1º de novembro do mesmo ano S.S. o Papa Leão XIII publicou a Bula Deus Omnipotens, sobre a história do Santuário e convocava a empreender novas peregrinações. A Bula é o documento moderno mais transcendental que dá fundamento magisterial ao esplendor das peregrinações.
Mas, as investigações não ficaram por ali. Veio a hora dos arqueólogos analisando todos os vestígios que puderam desenterrar.
O professor Enrique Alarcón Moreno que ensina Filosofia na Universidade de Navarra, publicou em 24 de junho de 2011 um estudo das inscrições encontradas no local.
O estudo foi ampliado e reeditado em 2013 com a colaboração de Piotr Roszak. A análise do catedrático aponta a existência de um culto funerário ao Apóstolo, pelo menos desde o século II, na cripta da dama romana crista Atia Modesta.
Ele identificou a inscrição Ya'akov (Santiago, em hebreu), acompanhada da simbologia própria da estética sepulcral judeu-cristã do século I., análogas às achadas em outros.
Numa dela há referências à festa judia de Shavu'ot que incluem a representação de pães rituais que deixaram de ser usados por volta do ano 70 d.C. motivados pela destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos.
Ditas inscrições permitem posicionar cronologicamente o túmulo, apontando ser verdadeiro o que sempre foi acreditado: esse é o túmulo do Apóstolo São Tiago.
Como que fechando o conjunto de confirmações científicas, recentemente foram identificados os restos mortais do bispo Teodomiro, o principal responsável pela criação da peregrinação – que já tem mais de doze séculos – do Caminho de Santiago, segundo informou o quotidiano de Madri “El País” baseado em artigo científico, publicado na revista especializada britânica “Antiquity”, da autoria do arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Pérez-Ramallo aplicou diferentes métodos – análise óssea, datação por carbono, análise de isótopos estáveis e testes de ADN – para chegar à conclusão. Ele garantiu a “El País” haver “98% de probabilidade de se tratar de Teodomiro”.
Durante séculos, foi muito contestada a existência de Teodomiro projetando uma sombra indireta de dúvida sobre a autenticidade dos relatos antigos relativos ao túmulo de São Tiago. Em 1955 o arqueólogo espanhol Manuel Chamoso Lamas descobrira uma lápide por baixo da catedral de Santiago de Compostela com o nome de Teodomiro inscrito.
A datação por carbono-14 revelou que essas ossadas correspondiam a uma pessoa cujo estilo de vida correspondia à do alto clero da época, acrescentou “Sapo”.
O quotidiano londrinense “The Guardian” recolheu as mesmas informações acrescentando que a equipe dos pesquisadores liderada pelo arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, escrevem em “Antiquity” que:
“A aplicação de uma combinação de técnicas bioarqueológicas está ajudando a desvendar muitas das questões (...) esses dados apoiam a possibilidade de que os restos mortais humanos encontrados em associação com a lápide inscrita sob o piso da Catedral de Santiago de Compostela em 1955 sejam os do Bispo Teodomiro”.
A análise da equipe descobriu que os restos mortais pertenciam a um homem magro e idoso que provavelmente cresceu na área ao redor de Santiago de Compostela e cuja dieta, baixa em proteínas animais, era consistente com as regras monásticas que limitavam o consumo de carne.
Os pesquisadores concluem em “Antiquity” que “esta informação contribuirá diretamente para a conservação dos restos mortais e promoverá um local especial de culto na Catedral de Santiago, enriquecendo as visitas ao templo e à cidade, pois Teodomiro representa uma figura significativa não apenas para a história de Santiago de Compostela, Galícia, mas também para a Espanha, Europa e Catolicismo”.
Mais uma vez, a tradição menosprezada pela modernidade, mostrou ser mais cientificamente verdadeira que o ateísmo insidioso reinante.
São Tiago recebeu interiormente o aviso de erguer ali uma igreja que a intercessão de Maria faria crescer. Essa seria a origem da magnífica basílica atual de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da Espanha.
Disse-lhe a Virgem que, uma vez concluída a igreja, voltasse para Jerusalém. Ele a encontrou em Éfeso, onde Maria lhe anunciou sua morte próxima em Jerusalém na presença de todos os Apóstolos miraculosamente convocados.
Após a Assunção, São Tiago foi preso e decapitado por ordem de Herodes (Atos 12:1–2), no monte Calvário. Seus discípulos Atanasio e Teodoro levaram o corpo de volta para a Espanha pelo mar.
O navio foi conduzido providencialmente até as praias da Galícia, onde teria sido enterrado no local nomeado de Iria Flavia, e que acabou sendo identificado no século IX.
A descoberta teve muito de maravilhoso. Por volta do ano 813 (ou 820 segundo outros) reinando em Astúrias, Alfonso II el Casto. Nessa época um ermitão de nome Paio (Pelayo) declarou ao bispo diocesano de Iria Flavia, Mons. Teodomiro, que vira luzes brilhando sobre um morro desabitado.
Feitas as averiguações, no local foi encontrado um túmulo, de época romana, que guardava os restos de um corpo decapitado e cuja cabeça estava sob um dos braços.
Os restos eram de três pessoas distintas: dois de idade mediana e uma na fase final da vida. Assim se supôs piedosamente que pertenciam ao que narrava a tradição: São Tiago e seus discípulos Atanasio e Teodoro
Um rei é o primeiro peregrino a Compostela
A notícia chegou ao rei Afonso II das Astúrias, que marchou com a sua corte de Oviedo para Compostela. Essa peregrinação real de 146 quilômetros foi a primeira ao túmulo do Apóstolo, e o percurso hoje é conhecido como o “Caminho Primitivo”, que começou a ser percorrido pelos peregrinos do “Caminho de Santiago”.
A igreja que o rei mandou construir acima do túmulo deu origem à atual Catedral de Santiago de Compostela.
O nome de Compostela provém do latim campus stellae ou “campo das estrelas”, em atenção às luzes que apareceram no morro em que estava o túmulo.
A glória do Apóstolo, de cujo sacrifício nasceu a nação ardente de zelo como um lírio pegando fogo em que ele viu a Nossa Senhora desde então se manifesta atraindo multidões de peregrinos que ainda hoje fazem o “Caminho de Santiago” completando até mil ou dois mil quilômetros a pé.
Comprovação científica das relíquias
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O historiador Patxi Pérez-Ramallo na necrópole descoberta na basílica de Compostela. |
No século XIX já andava debandada a difamação segundo a qual os santuários são fruto de mentiras do clero para atrair doações de fiéis ignaros, logrados inescrupulosamente. Compostela seria um desses locais de furto sistemático com fachada religiosa.
No século XIX o papa Leão XIII pediu aos bispos da Espanha todos os documentos que pudessem encontrar a respeito.
Ele recebeu muitos relatos do acontecido, mas nenhum com as características científicas que requeria uma comissão cardinalícia extraordinária para o estudo dos restos.
Essa enviou a Compostela a Monsenhor Agostino Caprara, “advogado do diabo” na Congregação da Fe, para que examinara os restos no local e colhesse declarações dos responsáveis.
Antes de ir a Compostela, Mons. Caprara, pediu o auxílio do médico forense Francesco Chiapelli para analisar um resto ósseo venerado como relíquia do Apóstolo na cidade de Pistóia, na Itália.
O cientista reconheceu se tratar da apófises mastoidea direita com restos de sangue coagulado e que a peça teria sido separada do crânio em consequência da violência da decapitação.
A comissão chegou em Santiago de Compostela no dia 8 de junho de 1884 e durante os exames constatou que um dos três crânios precisamente carecia da apófises mastoidea direita. A coincidência foi reveladora e o ditame foi positivo.
Em 25 de julho do mesmo ano, na festividade do Apóstolo Santiago, foi publicado o documento comprobatório da Congregação.
E em 1º de novembro do mesmo ano S.S. o Papa Leão XIII publicou a Bula Deus Omnipotens, sobre a história do Santuário e convocava a empreender novas peregrinações. A Bula é o documento moderno mais transcendental que dá fundamento magisterial ao esplendor das peregrinações.
Inscrições identificadoras
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Portão da Glória, entrada na basílica de Compostela |
O professor Enrique Alarcón Moreno que ensina Filosofia na Universidade de Navarra, publicou em 24 de junho de 2011 um estudo das inscrições encontradas no local.
O estudo foi ampliado e reeditado em 2013 com a colaboração de Piotr Roszak. A análise do catedrático aponta a existência de um culto funerário ao Apóstolo, pelo menos desde o século II, na cripta da dama romana crista Atia Modesta.
Ele identificou a inscrição Ya'akov (Santiago, em hebreu), acompanhada da simbologia própria da estética sepulcral judeu-cristã do século I., análogas às achadas em outros.
Numa dela há referências à festa judia de Shavu'ot que incluem a representação de pães rituais que deixaram de ser usados por volta do ano 70 d.C. motivados pela destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos.
Ditas inscrições permitem posicionar cronologicamente o túmulo, apontando ser verdadeiro o que sempre foi acreditado: esse é o túmulo do Apóstolo São Tiago.
Achado o túmulo do bispo Teodomiro
Como que fechando o conjunto de confirmações científicas, recentemente foram identificados os restos mortais do bispo Teodomiro, o principal responsável pela criação da peregrinação – que já tem mais de doze séculos – do Caminho de Santiago, segundo informou o quotidiano de Madri “El País” baseado em artigo científico, publicado na revista especializada britânica “Antiquity”, da autoria do arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.
Pérez-Ramallo aplicou diferentes métodos – análise óssea, datação por carbono, análise de isótopos estáveis e testes de ADN – para chegar à conclusão. Ele garantiu a “El País” haver “98% de probabilidade de se tratar de Teodomiro”.
Durante séculos, foi muito contestada a existência de Teodomiro projetando uma sombra indireta de dúvida sobre a autenticidade dos relatos antigos relativos ao túmulo de São Tiago. Em 1955 o arqueólogo espanhol Manuel Chamoso Lamas descobrira uma lápide por baixo da catedral de Santiago de Compostela com o nome de Teodomiro inscrito.
A datação por carbono-14 revelou que essas ossadas correspondiam a uma pessoa cujo estilo de vida correspondia à do alto clero da época, acrescentou “Sapo”.
O quotidiano londrinense “The Guardian” recolheu as mesmas informações acrescentando que a equipe dos pesquisadores liderada pelo arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, escrevem em “Antiquity” que:
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Túmulo do bispo Teodomiro na Catedral de Santiago de Compostela |
A análise da equipe descobriu que os restos mortais pertenciam a um homem magro e idoso que provavelmente cresceu na área ao redor de Santiago de Compostela e cuja dieta, baixa em proteínas animais, era consistente com as regras monásticas que limitavam o consumo de carne.
Os pesquisadores concluem em “Antiquity” que “esta informação contribuirá diretamente para a conservação dos restos mortais e promoverá um local especial de culto na Catedral de Santiago, enriquecendo as visitas ao templo e à cidade, pois Teodomiro representa uma figura significativa não apenas para a história de Santiago de Compostela, Galícia, mas também para a Espanha, Europa e Catolicismo”.
Mais uma vez, a tradição menosprezada pela modernidade, mostrou ser mais cientificamente verdadeira que o ateísmo insidioso reinante.
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