segunda-feira, 9 de junho de 2014

A ciência se depara face a face com Deus,
após séculos de cientificismo antirreligioso

Embaixo: o Atacama Large Millimeter-submillimeter Array (ALMA), maior telescópio da Terra.
Fundo: galaxia Andrómeda, a mais parecida à nossa, a Via Láctea.
Desde o Iluminismo – para fixarmos uma referência – um viés cientificista veio insistindo na ideia de que, à medida em que a ciência fosse se desenvolvendo, tornar-se-ia evidente que a existência de Deus é uma crendice para encobrir uma vergonhosa ignorância.

E a ciência progrediu. A cada descoberta relevante e a cada nova teoria – algumas das quais se demonstraram falsas depois – esse espírito iluminista, revolucionário, anticatólico e ateu cantava vitória. Afinal, diziam, a religião ficou dessueta!

Ainda hoje se publica farta literatura de botequim repetindo o mesmo ‘disco ralado’. A inexistência de Deus estaria demonstrada, foi descoberta a máquina do Universo que torna desnecessária a divindade, a inteligência é coisa que o computador faz. Não precisamos de um Criador para explicar o Universo!!!

Mas, descartando essa literatura de rodoviária e nos voltando para os cientistas de verdadeira envergadura atuais, verificamos que um a profunda mudança está em curso.


A revista americana “Time”, considerada a maior do mundo, aderiu durante muito tempo à visualização da literatura de cordel a respeito da relação da ciência com a religião. Porém, há tempos que vem modificando a sua posição.

Não é questão de uma revista, por grande que seja, mas toda uma mudança planetária que está em andamento. E levada adiante pelos homens mais instruídos nas subtilezas, complexidades e profundidades dos diversos campos do conhecimento humano.

“Time” tentou explicar numa matéria de capa o que está acontecendo. Para isso apelou ao matemático e professor da Universidade de Massachusetts Amir D. Aczel, autor do livro Por que a ciência não desaprova Deus (“Why Science Does Not Disprove God”, Harper Collins Publishers, New York, 2014).

O autor publicou numerosos trabalhos científicos e matemáticos e foi apontado para diversos prêmios pela sua produção de livros voltados para a divulgação da ciência.

O professor Aczel parte da constatação de que a ciência forneceu um imenso cabedal de conhecimentos. E não cessa de fornecer. A cada dois anos, ou até menos, esse conhecimento duplica.

Na física e na cosmologia os cientistas estudam o que poderia ter acontecido na mais tênue fração de tempo no início do Universo.

Desenho artístico: desde o Big-Bang, de complicação em complicação até chegar à vida na Terra
Na química se estudam as mais complicadas relações entre átomos e moléculas.

Na biologia, o estudo das células vivas e o mapeamento do genoma humano atingem desenvolvimentos de espantosa complexidade e extensão.

E eis a pergunta da qual ninguém escapa, feita pelo autor: todo esse conhecimento desmente a existência de um Ser anterior a tudo, de uma Força todo-poderosa que pôs em funcionamento essa fabulosa máquina do Universo?

Quanto mais a ciência avança, mais a resposta ateia fica sem sentido.

Houve Algo. Houve Alguém. Houve Aquele a Quem chamam Deus – o Deus da Bíblia que tirou tudo do nada.

No século XIX, acreditar em Deus era objeto de derrisão. O homem não havia descoberto a penicilina, a máquina de vapor e testava a eletricidade?

Darwin havia publicado em 1859 a teoria de que o homem descende por evolução do macaco ou de algum bicho semelhante; Marx explicava a história e a sociedade pela luta de classes; e Freud refutava a religião e a moral pelo sexo.

Alguém achou ossos em Neandertal, e pronto! Para o ateísmo, estava tudo demonstrado.

Mas – observa Aczel – no século XX ninguém conseguiu demonstrar como se deu aquele momento primeiro do Universo que os cientistas chamam de Big Bang.

Tampouco ninguém conseguiu esboçar o menor indício ou prova de onde ou como apareceram os seres vivos a partir da matéria inanimada.

Deus Criador do Mundo.Österreichische Nationalbibliothek, Viena. No centro: uma molécula de DNA.
Deus Criador do Mundo.Österreichische Nationalbibliothek, Viena.
No centro: uma molécula de DNA.
Nem Freud nem seu exército de discípulos conseguiu explicar como apareceu a consciência, que a Bíblia e a Igreja nos ensinam que está radicada na alma humana criada por Deus à sua imagem e semelhança.

A inteligência, que permite aos homens vasculhar os mistérios da biologia, da física, da matemática, da engenharia, da medicina, de criar as grandes obras de arte, a música, a arquitetura, a literatura, de onde saiu? Como apareceu?

Diante de pirâmides de conhecimento que ela mesma acumula, a ciência mais avançada cai de joelhos e se rende impotente diante dos mais profundos mistérios da ordem do ser.

Sondas espaciais, telescópios cada vez mais poderosos, computadores potentíssimos ficam silenciosos diante desses mistérios.

Como apareceu a vida? Há vida em algum recanto do Universo que não seja o nosso?

E a resposta é sempre a mesma: em parte alguma do Universo cognoscível se encontra um local onde uma tão requintada convergência de fatores permitiu a aparição da vida.

A vida é a grande realidade – observa Aczel – que a ciência talvez jamais poderá explicar.

A ciência aprofunda cada vez mais conhecimentos e experiências. E sempre encontra algo que a matéria ou o conhecimento humano não explica: uma vasta, imensa e como que inacessível “sabedoria” que subjaz em tudo, desde a menor das partículas quânticas até a maior e mais longínqua das galáxias.

A ciência reconhece ignorar completamente a Causa que iniciou a criação do Universo. De onde saiu essa incomensurável quantidade de energia que começou tudo?

Nós respondemos que a Fé, a Igreja e a Tradição nos dizem que é Deus, Criador todo-poderoso, infinito e anterior a tudo o que existe. 

E Aczel confessa que a ciência não tem resposta.

Peter Higgs, Premio Nobel de Física 2013, recentemente teria encontrado a partícula que estaria no início da imensa catedral do Universo. Ele trabalha na Europa, no acelerador de partículas Large Hadron Collider, do CERN, o maior equipamento jamais construído pelo homem.

E para dar um nome a essa partícula primordial os homens inventaram “God particle”, a “partícula de Deus”. Não era mais do que um jogo de palavras que revelava, no entanto o fundo do subconsciente da mentalidade hodierna: sem Deus, no fundo nada tem explicação convincente.

Quanto mais se descobre, mais se torna necessário supor que antes de tudo houve um Ser que existia fora do tempo e do espaço e que trouxe tudo à existência.

Quem poderia ter tido um poder tão insondável para orquestrar a exatíssima dança das partículas elementares necessárias para aparecer a vida? – pergunta Aczel.

Deus Padre rodeado de anjos. Pietro Perugino (1450-1523), Vaticano. Fundo: galáxia Andrómeda, NGC 224, a mais parecida com a nossa galáxia.
Deus Padre rodeado de anjos. Pietro Perugino (1450-1523), Vaticano.
Fundo: galáxia Andrómeda, NGC 224, a mais parecida com a nossa galáxia.
O matemático britânico Roger Penrose calculou que a probabilidade de a vida aparecer equivalia a 1 dividido por 10, o resultado elevado à décima potência e depois à 123ª potência. Isto é um número tão próximo do zero que ninguém jamais conseguiu sequer imaginar, observa o matemático da Universidade de Massachusetts.

Os “ateus científicos” fracassaram diante desses mistérios, e as hipóteses que eles levantam para encobrir o seu vazio – como a existência de universos infinitos – só multiplicam ao infinito a inverossimilhança de seus posicionamentos, acrescenta Aczel.

Diante de teorias e mais teorias, descobertas e mais descobertas, experiências e mais experiências, invenções e mais invenções, uma só coisa permanece de pé, imutável, inabalável, suprema, apoiada sobre si própria com uma segurança absoluta: Aquele a Quem os homens chamam DEUS, observamos nós.

E Aczel diz que não há provas científicas de que Deus não existe.

Em sentido contrário, nós só podemos achar que a massa dos conhecimentos adquiridos apontam que somente um Ser supremo pré-existente, infinito e eterno torna compreensível o Universo que a ciência quer tornar compreensível. E isso para não falar da nossa própria existência, da vida.

No terceiro milênio, concluiu o matemático, a ciência e a religião acabam se dando a mão para explicar o impulso de compreensão do mundo, do nosso lugar nele, do nosso deslumbramento diante da maravilha da vida no cosmos infinito.

Como no início da História – acrescentamos – o fizeram os Patriarcas, os Juízes, os Reis e os Profetas; milênios mais tarde, os Padres e Doutores da Igreja; depois os mestres medievais, imperadores, reis, bispos, monges, e povos, entoando o gregoriano em catedrais de pedra e cristal, em louvor d’Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

E também d’Aquela que Lhe deu a vida: a sua Mãe Santíssima, que rodeada dos coros angélicos e das legiões de santos reina sobre o Céu e a Terra pelos séculos dos séculos.


3 comentários:

  1. "Quanta grandeza, quão profunda é a ciência de Deus, de juízos inescrutáveis e caminhos impenetráveis" (o amigão nascido de novo na estrada de Damasco, morreu Saulo, nasceu Paulão de Tarso)

    ResponderExcluir
  2. Saudações.

    Sobre a "Partícula de Deus", recordo-me plenamente da controvérsia criada na divulgação do possível Bóson de Higgs. Seguramente, primeiramente foi chamado de "Goddamn Particle" ou "Partícula Maldita", mas modificaram (quem, realmente, não creio que tenha alguma serventia) para "God Particle" ou "Partícula-Deus", por estar presente em todas as coisas. Porém, de lá para cá, o termo consolidado foi mesmo "Partícula de Deus", uma vez que o Bóson de Higgs ainda não conseguiu excluir Deus da existência das coisas - será que por isso foi chamada inicialmente de "Partícula Maldita"? Ora, foram anos e anos de trabalho duro para, finalmente, descobrirem que não descobriram nada que pudesse dar um basta nessa coisa de Criador. Isso é realmente frustrante, para um cientista ateu. Porém, acredito que nem todos os cientistas estejam em busca de uma controvérsia com Deus, mas de atingirem suas metas, sejam para o proveito puro da ciência ou engrandecer alguma companhia de energia que esteja investindo em suas teses.

    Parabéns pela postagem!

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.