Agonia de Jesus no Monte das Oliveiras, ou jardim do Getsemani |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Alguns amigos que estiveram em peregrinação pela Terra Santa voltaram trazendo inesquecíveis lembranças dos locais divinamente abençoados por Nosso Senhor Jesus Cristo na divina odisseia da Redenção.
Eles visitaram múltiplos locais sagrados de um valor espiritual que lhes marcou profundamente a alma.
E como que apalparam a presença sobrenatural e a dimensão histórica conferidas a esses lugares pela passagem do Redentor, de sua Mãe Santíssima e dos Apóstolos com a Igreja Católica nascente.
Ficaram eles também impressionados com a antiguidade das oliveiras existentes no Jardim sagrado onde Nosso Senhor agonizou, foi traído por Judas e preso pelos romanos para iniciar sua longa e dolorosa Paixão.
Meus amigos contrataram guias para melhor aproveitar o tempo da peregrinação.
E como esses guias muitas vezes não são sequer cristãos e preocupam-se mais com o dinheiro, os peregrinos tomavam com alguma cautela certas coisas que eles diziam.
No Monte das Oliveiras, um desses guias lhes apontou uns pés de oliveiras que datariam, segundo ele, do tempo em que Jesus Cristo foi entregue à Morte no Getsemani.
“As
oliveiras do Getsemani estão entre as mais antigas árvores de folha larga do mundo”. |
Mas os guias não eram de toda confiança, sobretudo diante de estrangeiros dos quais queriam tirar uma boa gorjeta.
Teria sido verdade?
Aquelas velhíssimas oliveiras estavam ali quando Nosso Senhor bebeu o cálice que o anjo Lhe trouxe da parte do Pai para O reconfortar na iminência da Paixão?
Junto a alguma delas dormiram ingloriamente os Apóstolos, enquanto Jesus agonizava?
Em alguma delas teria se apoiado o soldado Malco, que teve a orelha cortada por São Pedro e colada milagrosamente por Jesus?
Recentemente, uma equipe de pesquisadores de cinco universidades italianas, trabalhando para o Consiglio Nazionale delle Ricerche - CNR, publicou um estudo sobre a longevidade das oito oliveiras mais antigas do Getsemani intitulado “Os segredos do jardim do Getsemani”.
Aspecto do jardim do Monte das Oliveiras |
Não são os dois milênios que nos separam daquela augusta data, mas o “pelo menos” deixa aberta uma porta.
As outras cinco oliveiras mais antigas não puderam ser testadas.
A causa foi que suas partes mais velhas, as mais interessantes para o estudo, que ficavam no cerne, haviam secado.
Os troncos que hoje se podem ver imensamente alargados resultam de brotos de épocas posteriores.
Os resultados dos testes não permitiram definir se as árvores são exatamente as mesmas que estavam no Monte das Oliveiras quando Jesus foi traído e entregue aos soldados romanos e aos enviados do Sinédrio.
O sono dos Apóstolos no Getsemani |
“Não podemos excluir a possibilidade de que tenha havido uma intervenção para renovar os pés, quando pararam de produzir ou começaram a secar”, disse o chefe dos pesquisadores, Prof. Antonio Cimato, durante a apresentação dos resultados em Roma.
Caso essa renovação tivesse acontecido, as oliveiras poderiam ter o dobro da idade e com isso se aproximariam muito do ano da Paixão.
“Quero esclarecer – disse o Prof. Cimato – que na literatura científica não há menção a árvores de tão grande idade como estas oliveiras.
“As oliveiras do Getsemani estão entre as mais antigas árvores de folha larga do mundo”.
Testes de datação pelo carbono sobre amostras extraídas das partes mais velhas dos troncos de três oliveiras, apontaram respectivamente para os anos de 1092, 1166 e 1198.
Prof Antonio Cimato (sentado) liderou a pesquisa |
Esses cernes de tal maneira antigos teriam existido nos momentos trágicos e gloriosos daquele passo da Paixão?
A ciência não pode dizê-lo. Ao menos, com os conhecimentos, tecnologias e métodos que possui atualmente.
Malgrado a sua imensa idade, os estudos mostraram que as três oliveiras mais antigas testadas encontram-se em excelentes condições e não foram afetadas pela poluição da região.
Análises de DNA indicaram que os pés foram plantados a partir de uma mesma oliveira, talvez com a finalidade de preservar uma mesma espécie ou linhagem de árvores, disseram os especialistas.
O cerne das mais antigas secou, impossibilitando a análise |
“A questão mais importante não é se essas são as mesmas árvores, mas se este aqui é o local referido no Evangelho. E este é o local, a respeito disto não há dúvida alguma”, concluiu Fr. Pizzaballa.