|
Presos descobrem mosaico em Megido, Israel
|
|
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
|
Quando o coronel Sharon Shoan, comandante da prisão de segurança máxima de Megido, Israel, ordenou aos presidiários empreenderem obras de escavação para ampliar as instalações jamais imaginou o que iriam a encontrar.
Ele sabia que a região é rica em vestígios históricos e os trabalhos foram supervisionados pela Agência de Antiguidades israelense (I.A.A. em inglês).
Na obra, trabalhavam prisioneiros de boa conduta.
Eles descobriram um grande mosaico que servia de piso daquela que, segundo alguns, poderia ser a mais antiga igreja católica do orbe.
Em verdade, a mais antiga igreja do mundo é a do Cenáculo em Jerusalém, onde Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Missa.
O mosaico de Megido, porém,
mais provavelmente é dos anos 240-241 d.C.
|
Uma das igrejas católicas mais antigas do mundo descoberta em Israel |
Nele há menções a Jesus Cristo como Deus, e o peixe, símbolo cristão.
A estrutura é típica de uma casa privada reformada para atender as necessidades litúrgicas de uma comunidade em aumento.
Ele seria um exemplo da expansão do Cristianismo nas altas esferas do Império.
O Império pagão perseguiu a Igreja nascente até o Edito de Milão do ano 313.
Com aquele feliz edito o juizoso imperador Constantino concedeu liberdade plena ao cristianismo.
Então, inúmeros templos pagãos fecharam, muitos outros foram transformados em igrejas, e o catolicismo passou a ser a religião principal do Império romano cristianizado.
Os mosaicos representam também quatro mulheres e uma Missa.
O arqueólogo israelense Yotam Tepper, da Universidade de Tel Aviv, trabalhou os restos da igreja confirmando que data do século III.
Nessa época os cristãos eram perseguidos pelo Império Romano.
O mosaico principal do chão mede 54 m2 e está muito bem conservado.
|
Encontra-se o nome do centurião romano Gaianos, ou Porfírio, provável benfeitor da obra. |
Inclui inscrições, figuras geométricas e representações de peixes, símbolo utilizado pelos primeiros cristãos.
As inscrições, escritas em grego antigo, são em número de três, segundo Wikipedia.
Um deles menciona o oficial romano Gaianus, que teria doado “seu próprio dinheiro” para a confecção do mosaico.
A inscrição pode ser assim traduzida:
“Gaïanos, também chamado Porfirio, centurião, nosso irmão [amado] e dignitário, mandou fazer este mosaico às suas custas. Broutis conseguiu”.
Uma segunda inscrição diz: “Comemore Primilla, Kyriakê, Dorotea e novamente Khrêstê”.
É possível que essas quatro mulheres tenham sido mártires desta comunidade.
E ainda frente à anterior, lê-se numa outra inscrição:
“Memorial da piedosa Akeptous que ofereceu o altar de Deus Jesus Cristo”.
No altar foi sem dúvida celebrada a Santa Missa, a que alude o termo memorial.
“Esse altar estava provavelmente no centro da sala, perto da inscrição, segundo o arranjo constatado nos restos das igrejas do Norte da África.
“O nome de Akeptous, sem dúvida derivada do latim Acceptus, pode referir-se a uma escrava”.
|
Igreja católica de Megido, uma das mais antigas do mundo |
Se a datação do pavimento da igreja de Megido está correta, a descoberta confirma os dados conhecidos por fontes literárias.
Em particular da “História Eclesiástica” de Eusébio de Cesaréia.
De fato, o Cristianismo passou a ser amplamente tolerado a partir do ano 260.
A construção poderia, portanto, datar do último quarto do século III ou do primeiro quarto do século IV.
Por outro lado, o antropólogo Joe Zias, ex-curador da Autoridade de Antiguidades de Israel, acredita que:
“Meu palpite é que aqui houve um edifício romano que foi convertido em uma igreja”.
Quem daqueles primeiros católicos teria dito que quase dois mil anos depois de sair de uma era de perseguição, e de consagrar seus pobres recursos à glória de Deus, veriam sua modesta igreja objeto de uma tão gloriosa exumação!