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O prof. Erik Gulbranson recolhe amostras nas colinas Allan, Antártica. |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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As zonas virgens da Antártica estão dando surpresas.
Os geólogos da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, EUA, liderados pelo professor Erik Gulbranson, por exemplo, escalaram o Promontório McIntyre, nas Montanhas Transantárticas e encontraram os restos petrificados de árvores que floresceram há por volta de 260 milhões de anos, segundo seus cálculos.
Esses são anteriores aos dinossauros.
Identificaram fragmentos de 13 exemplares que faziam parte de um bosque bastante distinto dos que existem hoje.
No fim do período Pérmico houve fenômenos que extinguiram o 90% das espécies antárticas, plantas e árvores.
“O mais surpreendente é que o padrão da vegetação mudava em todo o continente. Também mudava a densidade dos bosques”, explicou Gulbranson a
“El Mundo” de Madri.
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Vegetal comparável a uma samambaia petrificado na Antártica |
Segundo ele, e outros cientistas, a Antártida “era mais úmida e cálida do que agora”, provavelmente comparável a atual Sibéria no hemisfério norte. Grandes sistemas fluviais atravessavam o continente e havia grandes lagos.
Quando existia o bosque cujos restos fossilizados foram descobertos pela equipe, a superfície terrestre estava agrupada em dois enormes continentes, um no norte e outro no sul.
A Antártida formava parte de Gondwana, o continente do Hemisfério Sul e que incluía a América do Sul, a África, a Índia e a Península Arábica.
A descoberta de fósseis vegetais no continente gelado, além de ossadas de sáurios gigantescos, já tem mais de um século.
O britânico Robert Falcon Scott (1868-1912) e seus colegas reuniram por volta de 18 quilos de pedras fossilizadas que continham plantas com sementes.
Hoje já há centenas de fósseis provando que a Antártida foi um território propicio para a vida.
Em 2006 uma equipe argentina desenterrou um esqueleto completo de um plesiosaurio: réptil marítimo de 1,5 metros. Os cientistas acreditam que ele vivia num oceano muito mais cálido que agora.
E é apenas uma das diversas espécies de dinossauros identificados no continente branco.
Também foram identificados fósseis de aves da mesma época.
Jane Francis, da Universidade de Leeds, Grã-Bretanha, fez mais de uma dezena de expedições à Antártica e encontrou os restos mais recentes das últimas árvores que cresceram no continente.
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Pangea no momento em que todos os continentes estavam unidos.
Segundo o Instituto de Geofísica da Universidade de Austin, Texas, EUA |
Uma outra floresta de 37 exemplares foi revelada a poucos quilômetros da descoberta de Gulbranson e sua equipe por especialistas em vegetais, fungos e outras disciplinas que viajaram de helicóptero até as vizinhas colinas Allan.
É a segunda maior floresta dentre uma dúzia já encontrada no continente gelado, segundo o
United States Antartic Program.
Como é que essa vida desapareceu? As hipóteses correm no sentido de um grande evento vulcânico que teria provocado ou estaria ligado a meses de escuridão e, obviamente, a um esfriamento mortal.
Na Antártica existe, ainda ativo, um grande sistema vulcânico em parte submerso, que poderia ter explodido catastroficamente, segundo Gulbranson.
Um evento assim poderia se repetir, embora as chances sejam muito remotas? Então o que se faria para sobreviver e não sermos extintos? indagou o cientista.
Os fragmentos de árvores fossilizadas poderão contar a história do que aconteceu.
Além da importância científica das descobertas, esses levantam para o leitor comum algumas questões intrigantes, inclusive religiosas.
Não é a primeira vez que cientistas reputados com provas materiais na mão nos falam de uma época em que os continentes estavam em contato.
Essa conexão ou união ajuda a compreender como foi possível a dispersão dos homens por todos os continentes hoje separados por oceanos, mares e canais importantes.
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Como um continente povoado de bosques e animais pode ter sido morto pelo frio |
Os degradados filhos de Adão e Eva teriam se multiplicado e espalhado por uma superfície ainda unida até que aconteceu a deriva dos continentes.
O que é que aconteceu para eles se separarem? Essa deriva foi lenta e passou despercebida?
Ou, como sugere a hipótese partilhada pelos geólogos da Universidade de Wisconsin-Milwaukee citados, e que é também de outros especialistas, houve um cataclismo imenso de tipo vulcânico ou outro que provocou a separação dramática num período historicamente curto de trevas e abalos?
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A Criação e a expulsão do Paraíso. Nesta pintura do século XV também a Terra aparece toda unida.
Giovanni Di Paolo (1403 — 1482). Metropolitan Museum of Art, New York City. |
Por cima do que pode ter havido, uma coisa e certa: a mão de Deus estava agindo e conduzindo o andamento de todo o planeta com seu poder onipotente.
Os cientistas descreverão de futuro os aspectos materiais daquele gigantesco evento.
Mas, em qualquer caso, o que houve não foi fruto de um acaso descontrolado, mas obedeceu a um superior plano divino.
E é para a sabedoria do Criador e sustentador do Universo, e da onipotência suplicante de Sua Mãe Santíssima que nossos olhos devem estar sempre atentos.