segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

25 de dezembro é bem o dia em que Jesus nasceu

Natividade e Adoração dos Magos.
Ícone anônimo do século XVII, Museu Benaki, Atenas.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O Natal católico é celebrado no dia 25 de dezembro. Mas há vozes, não raramente protestantes, falsamente ecumênicas ou anticristãs, que questionam a historicidade dessa data.

Elas arguem que na primeira metade do século IV a Igreja substituiu a celebração pagã Dies natalis Solis invicti (o deus persa/hinduísta/greco-romano Mitra?) por uma memória cristã do solstício de inverno (21-22 de dezembro).

E, portanto, não seria uma data histórica mas uma cristianização de uma festa pagã.

Essa posição é de molde a gerar confusão. E muitos gostarão ver a clareza do fundamento para comemorar a festa de Natal em 25 de dezembro.

Diferenças entre os calendários judeus e romano

A dificuldade tem azo na diversidade dos calendários.

Os romanos usavam o seu, o calendário juliano, que continha defeitos, mas que nós herdamos. Hoje é usado pelo mundo ocidental e pelos países civilizados após a sábia reforma do Papa Gregório XIII. Por isso é chamado de calendário gregoriano.

Mas, no tempo de Nosso Senhor, os judeus usavam um calendário completamente diferente, que era o calendário do Templo, aliás mais preciso que o romano daquela época.

Nos Evangelhos todas as datas são referidas usando esse calendário do Templo.

Quais são essas datas e ao que correspondem em nosso calendário?

O professor Pier Luigi Guiducci, historiador da igreja, esclareceu para a agência Zenit, as dificuldades da datação.

Mas, o professor apontou que a principal referência a uma data se encontra no Evangelho de São Lucas. Este Evangelho de Lucas traça a genealogia de Jesus até Adão, passando pela Anunciação e por seu nascimento virginal.

O arcanjo São Gabriel apareceu a São Zacarias e lhe anunciou que sua mulher Sara tinha concebido Très Riches Heures du duc de Berry, Musée Condé, Chantilly, século XV
O arcanjo São Gabriel apareceu a São Zacarias
e lhe anunciou que sua mulher Sara tinha concebido
Très Riches Heures du duc de Berry, Musée Condé, Chantilly, séc.XV
São Lucas narra que o anjo Gabriel anunciou ao velho sacerdote Zacarias que sua esposa Isabel, estéril e idosa, havia concebido um filho, destinado a preparar o povo para aquele que estava por vir (Lc 1,5-25).

E São Lucas acrescenta que esta miraculosa comunicação aconteceu seis meses antes da Anunciação a Maria (Lc 1,26-38).

Lucas sublinha que Zacarias pertencia à “classe [sacerdotal] de Abias” (Lc 1,5), e que a aparição de São Gabriel aconteceu enquanto “exercia a função de sacerdote na ordem de sua classe” (Lc 1,8).

Esse dado especifica uma data precisa de acordo com o calendário do Templo que os judeus conheciam perfeitamente.

A Lei Mosaica era muito exigente em matéria de dias e datas e os judeus observantes faziam questão de obedecê-las à risca.

Eles sabiam precisamente o dia que significavam e pautavam por eles os eventos fundamentais de sua vida, como sacrifícios, apresentação da criança ao Templo [prefigura do batismo], etc.

E no Templo de Jerusalém, os sacerdotes eram divididos em classes que deviam desempenhar os ofícios em 24 turnos (1Cr 24,1-7.19). Essas “classes”, se revezavam na ordem, porque deveriam prestar serviço litúrgico por uma semana, “de sábado a sábado”, duas vezes ao ano.

A versão hebraica do Antigo Testamento segundo o texto da Septuaginta indica que a classes sacerdotais, até a destruição do Templo (70 d.C) se revezavam conforme segue:

I) Iarib; II) Ideia; III) Charim; IV) Seorim; V) Mechia; VI) Miamim; VII) Kos; VIII) Abia; IX) Joshua; X) Senechia; XI) Eliasibe; XII) Iakim; XIII) Occhoffa; XIV) Isbosete; XV) belga; XVI) Emmer; XVII) Chezir; XVIII) Afessi; XIX) Fetaia; XX) Ezekil; XXI) Jaquim; XXII) Gamoul; XXIII) Dalaia; XXIV) Maasai.

E Zacarias pertencia ao “turno de Abia”, o oitavo.

Descobertas arqueológicas permitem precisar as datas

O arqueólogo escocês Sir William Ramsay, uma das maiores autoridades na matéria, escreveu que “Lucas é um historiador de primeira classe, não só suas afirmações sobre os fatos são dignas de fé... ele deve ser posto entre o grandíssimos historiadores”. Cfr “Luke the Evangelist”, Wikipedia.

A composição do Evangelho de Lucas aconteceu no início dos anos 60 d.C. Portanto São Lucas, escrevia quando o Templo ainda estava em atividade e todos os sacerdotes conheciam suas funções, classes e datas.

O rodízio referido se repetia duas vezes por ano e o evangelista não anota em qual dos dois turnos anuais Zacarias recebeu o anúncio do anjo.

Fac-símile dos documentos de Qumran.
Fac-símile dos documentos de Qumran.
Porém, em 1953 a especialista francesa Annie Jaubert, vasculhou o calendário do Livro dos Jubileus, [apócrifo hebraico do século II a.C.] e publicou os resultados no artigo: Le calendrier des Jubilées et de la secte de Qumran. Ses origines bibliques [em “Vetus Testamentum”, suppl. 3, 1953, pp. 250-264].

Por outro lado, Shemarjahu de Talmon, especialista da Universidade Hebraica de Jerusalém auscultou os documentos de Qumran que incluem o Calendário dos Jubileus.

Os resultados de Talmon foram publicados no artigo ‘The Calendar Reckoning of the Sect from the Judean Desert. Aspects of the Dead Sea Scrolls’ (em “Scripta Hierosolymitana”, vol. IV, Jerusalém 1958, pp. 162-199).

Os dois chegaram a conclusões convergentes. Assim Talmon foi capaz de precisar a sucessão da ordem de 24 turnos sacerdotais no Templo, no tempo de Jesus.

O estudioso judeu estabeleceu que o ‘turno de Abia’ acontecia a primeira vez, do dia 8 ao dia 14 do terceiro mês do calendário hebreu. A segunda vez acontecia de 24 a 30 do oitavo mês do calendário do Templo, período que correspondia à última semana de setembro no calendário romano.

Antonio Ammassari [‘Alle origini del calendario natalizio’ em “Euntes Docete” 45 (1992) pp. 11-16], mostra que São Lucas indicando o “turno de Abia” fornece a sucessão das datas históricas.

Cronologia da Encarnação e do Nascimento de Jesus

Desta maneira ficou esclarecido que o anúncio divino a Zacarias da concepção de São João Batista tem uma data histórica precisa: 24 de setembro do nosso calendário gregoriano do ano 7-6 a.C.

E o nascimento de São João Batista nove meses depois como escreve São Lucas (Lc 1,57-66), aconteceu o dia 23/25 de junho. É portanto, uma data histórica, explicou o professor Guiducci.

Natividade. Mestre do altar de Vyšší Brod, Galeria Nacional de Praga.
Natividade. Mestre do altar de Vyšší Brod, Galeria Nacional de Praga.
A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo “no sexto mês” depois da concepção de Isabel registrada no evangelho de São Lucas (1,28), aconteceu portanto no dia 25 de março. E é também uma data que tem certeza histórica.

Cumpridos os nove meses chegamos a 25 de dezembro.

O professor Pier Luigi Guiducci, historiador da igreja, conclui que “podemos dizer que é histórico o nascimento do Senhor a 25 de dezembro, 15 meses após o anúncio a Zacarias, nove meses após a Anunciação a Maria, seis meses após o nascimento de João Batista”.

O professor judeu Talmon baseado no calendário do Templo, reconstitui a mesma sucessão de fatos que conduzem a 25 de dezembro.

Portanto a festa nesse dia não foi fixada ao acaso e está fundada na tradição judeu-cristã da Igreja primitiva de Jerusalém, escreveu Vittorio Messori: “Jesus nasceu verdadeiramente em 25 de dezembro”, em Il Corriere della Sera, 9 de julho de 2003.

A circuncisão e a apresentação ao Templo concordam

Guiducci acrescentou que a data da circuncisão [prefigura do batismo] no dia 1º de janeiro também é histórica. Pois a prescrição de Moisés ordenava ser feita dentro do oitavo dia do nascimento. E o oitavo dia após o 25 de dezembro é o 1º de janeiro.

Apresentação do Menino Jesus ao Templo. Jean Bourdichon (1457 -- 1521),  J.P.Paul Getty Museum, Los Angeles
Apresentação do Menino Jesus ao Templo.
Jean Bourdichon (1457 -- 1521),  J.P.Paul Getty Museum, Los Angeles.
“A circuncisão, oito dias após seu nascimento, é uma data histórica”, conclui. “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lucas 2:21).

Mais ainda, a apresentação da criança no Templo e a purificação da mãe devia acontecer dentro do 40º dia após o nascimento segundo lei de Moisés. Segundo o costume, a mãe se apresentava ao templo com uma vela acesa.

E os quarenta dias se cumprem na festa de Nossa Senhora da Candelária.

“Então, quarenta dias após o nascimento, dia 2 de fevereiro, a Apresentação do Senhor no Templo, é uma data histórica”, diz também o professor.

O censo de César Augusto

O evangelho de São Lucas menciona o censo ordenado pelo imperador César Augusto, como sendo a época em que aconteceu o nascimento do Redentor.

Augusto nomeia Quirino governador de Síria. Jean Bourdichon (1457 - 1521), Paris, BnF, manuscrit NAF. 21013, folio 65o.
Augusto nomeia Quirino governador da Síria.
Jean Bourdichon (1457 - 1521),
Paris, BnF, manuscrit NAF. 21013, folio 65o.
Na Palestina, o censo foi efetivado por Quirino prefeito da Síria (7-6 a.C).

No site Católicos online podemos ler o erudito trabalho de Dom Estêvão Bettencourt O.S.B., que esclarece os vários censos ordenados naquela época em anos diversos pelo imperador César Augusto.

O autor foi um dos mais destacados teólogos brasileiros do século XX, monge da Ordem dos Beneditinos do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro.

Num erudito, denso e sábio trabalho ele ordena e esclarece as intrincadas dificuldades a propósito dos vários censos na Terra Santa e a ele remetemos os leitores interessados. Veja: O Recenseamento sob César Augusto e Quirino (Lc 2, 1-5)

Comparando com rica documentação tirada dos historiadores Tito Lívio, Suetônio, Flávio José, Strabo e de inscrições antigas o douto autor confirma a historicidade do texto de Lucas.

O imperador Augusto três vezes promoveu o recenseamento dos cidadãos de seu Império entre 28 a.C. e 14 d.C.

E Quirino, que foi governador da Síria desde o ano 6 a.C até 12 d.C, foi o executor de um desses recenseamentos nas regiões confiadas à sua jurisdição, para sujeição e lealdade a César Augusto

Precisando o ano do Natal

O recenseamento referido por São Lucas efetivou-se cerca de um ano antes da morte de Herodes. Isso aponta o nascimento de Cristo no ano 5 a.C.

No cálculo atual, seria outono de 1 a.C, mas segundo explicou o professor Pier Luigi Guiducci, a partir do século VI houve um erro de cerca de seis ou cinco anos da data real do ano do nascimento do Senhor.

Apresentamos a continuação um destaque gráfico com a explicação deste erro por Dom Estêvão Bettencourt OSB.

O ano do nascimento de Cristo esclarecido por Dom Estêvão Bettencourt OSB

No século VI o monge Dionísio o Exíguo ou Pequeno (+556), desejoso de calcular a data de Páscoa para os anos subsequentes, conjeturou o ano se baseando em datas históricas romanas e chegou ao ano que ele indicou como sendo o do nascimento de Cristo e o inicio da era cristã, ainda hoje em voga.

Dionísio, porém, enganou-se.

Herodes recebe os três Reis Magos. British Library Royal 1 D X, f2.
Herodes recebe os três Reis Magos. British Library, Royal 1 D X, f2.
Dionísio não levou em conta a noticia consignada por Mt 2,1: Jesus nasceu antes do falecimento do rei Herodes.

Ora Herodes passou doente os últimos meses de sua vida em Jericó, ao passo que os Magos ainda o encontraram em Jerusalém (cf. Mt 2,3).

Disto se conclui que a visita destes personagens a Herodes se deve ter dado, pelo menos, por volta do ano 5 a.C.

Note-se outrossim que Herodes mandou matar todos os meninos que tivessem até dois anos de idade: supunha, portanto, que Jesus pudesse ter nascido havia dois anos.

Admitindo que o monarca haja feito um cálculo largo, teremos que recuar um ano ou mais para além do ano 5º a. C., a fim de chegar ao ano em que Cristo nasceu.

É o que leva os melhores exegetas a admitir que Jesus tenha vindo ao mundo por volta do ano 6° antes da era cristã, ou seja, cerca de 748 da era de Roma.

(Autor: Dom Estêvão Bettencourt, PERGUNTE E RESPONDEREMOS 003 – março 1958)


Outras datas chaves solidamente definidas

A pregação de João Batista teria começado no ano XV do império de Tibério César (cerca de 27-28 d.C).

São Lucas também registra que “Jesus, quando começou o seu ministério, tinha cerca de 30 anos” (Lc 3,23). A relação entre a pregação dos dois é preciosa para acertar as datas.

A principal datação histórica sobre a vida do Senhor está centrada no evento-chave: a sua morte ocorreu às 15 horas da sexta-feira, 7 de abril de 30 d.C.

E isto é astronomicamente certo. Pois São Lucas nos ensina que antes de Nosso Senhor lançar um grande brado e entregar a alma “em toda a terra houve trevas”.

44. Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona.

A Ressurreição que aconteceu na madrugada de domingo, 9 de abril do ano 30 d. C.
A Ressurreição aconteceu na madrugada de domingo 9 de abril do ano 30 d.C.
45. Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio.

46. Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou. (São Lucas, 23, 44-45

E isto se deu por um eclipse de sol acontecido nesse dia e nessa hora, não tendo acontecido outro eclipse igual em algum outro ano próximo, verificável por cômputos astronômicos, inclusive digitais.

Define-se a partir daqui outras datas históricas, notadamente a Ressurreição que aconteceu na madrugada de domingo, 9 de abril do ano 30 d. C., data astronômica também certa, portanto.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Cientistas identificam mistérios na abertura do Sepulcro de Cristo

Na abertura do Santo Sepulcro alguns cientistas reportaram um 'suave aroma'  e os aparelhos funcionaram de modo anormal
Na abertura do Santo Sepulcro cientistas reportaram um 'suave aroma'
e os aparelhos funcionaram de modo anormal
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





continuação do post anterior: O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias




Alguns arqueólogos que trabalharam na abertura do Santo Sepulcro disseram ter percebido fenômenos não habituais nesse tipo de investigações.

Segundo informou CatholicCulture.org, eles relataram que se aproximando da pedra original sobre a qual repousou o corpo de Cristo ungido por Nossa Senhora perceberam um “aroma suave”.

Esse seria comparável aos perfumes florais que também foram relatados em aparições de Nossa Senhora ou dos santos, como aconteceu no enterro de Santa Teresinha.

Os especialistas também contaram que os aparelhos eletrônicos ligados sobre o Santo Sepulcro começaram a funcionar mal ou pararam completamente, como se fossem afetados por forças eletromagnéticas não identificadas até agora.

O site “Aleteia” forneceu maiores informações.

As falhas nos aparelhos aconteciam quando esses eram colocados em posição vertical sobre a pedra em que repousou o corpo morto de Cristo até a Ressurreição.

As hesitações de uma responsável e a resposta da Providência

Marie-Armelle Beaulieu, diretora da revista Terre Sainte Magazine deu impressionante testemunho.
Marie-Armelle Beaulieu,
diretora da revista Terre Sainte Magazine
deu impressionante testemunho.
Marie-Armelle Beaulieu, diretora do site da Custodia Franciscana de Terra Santa e chefe de redação da revista da mesma Custodia Terre Sainte Magazine, foi uma das poucas pessoas, cientistas e responsáveis religiosos, que teve licença para visitar o sacro túmulo aberto.

Ela se mostrou cética quanto ao “odor suave” de que outros falavam. Para ela um odor facilmente pode ser resultado de uma autossugestão. Ela diz que não percebeu aroma particular algum.

Porém, durante a abertura anterior do sepulcro, que foi parcial e esteve a cargo do arquiteto Nikolaos Komnenos em 1809, o cronista da época também fez menção a um “doce aroma”.

Segundo Marie-Armelle, as pessoas que se interessam pelo Santo Sepulcro conhecem bem esse texto, e de ali tira a tese da autossugestão.

Porém, as informações nada dizem se os cientistas que estão trabalhando no Sepulcro sabiam algo desse antecedente histórico.

Não há dados que apontem católicos entre eles, sendo mais provável que fossem maioritariamente cismáticos, sem religião ou até agnósticos.

Não seria estranho que a graça tenha querido tentar toca-los com um sinal sensível, material, como os “aromas florais”.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias

Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.
Portinha de ingresso no Santo Sepulcro enquanto a equipe de restauração retirava o mármore superior.

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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continuação do post anterior: Lições do Santo Sepulcro de Jesus Cristo aberto após séculos para exame científico




Por que fizeram estes trabalhos?

Durante a restauração de 1810, foi erigida sobre o sagrado Santo Sepulcro uma pequena estrutura artística conhecida como edícula (do latim aedicule, ou “casinha”).

Essa edícula há tempos pedia uma restauração e a Autoridade das Antiguidades do governo de Israel acabou declarando-a insegura impondo uma reforma.

Após muita discussão uma equipe de cientistas da Universidade Técnica Nacional de Atenas, sob a direção de seu supervisor científico chefe, a professora Antônia Moropoulou, ficou a cargo da empreitada.

Essa Universidade havia demonstrado sua competência restaurando a Acrópole de Atenas e a catedral Santa Sofia de Istambul.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O Santo Sepulcro de Jesus Cristo
aberto após séculos para exame científico

O Santo Sepulcro logo antes dos trabalhos de restauração.
O Santo Sepulcro logo antes dos trabalhos de restauração.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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Pela primeira vez em quase dois milênios, cientistas puderam entrar em contato com a pedra original sobre a qual foi depositado o Santíssimo Corpo de Jesus Cristo envolvido nos panos mortuários, dos quais o mais famoso é o Santo Sudário.

A cova original hoje se encontra albergada na igreja do Santo Sepulcro na parte velha de Jerusalém. Ela está coberta por uma lápide de mármore que data pelo menos do ano 1555, ou quiçá de séculos anteriores ainda.

“O que achamos é surpreendente”, explicou à agência de notícias Associated Press o arqueólogo Fredrik Hiebert, da National Geographic Society, que participa no projeto. “Passei um tempo na tumba do faraó egípcio Tutancâmon, mas isso é mais importante”.

“Serão necessárias muito demoradas análises científicas [dos abundantes dados recolhidos], mas nós por fim pudemos ver a superfície original de rocha sobre a qual foi depositado o corpo de Cristo”, acrescentou.

De fato, até hoje não existiam gravuras desse leito de rocha calcária que, a fortiori, nunca foi fotografado. Tudo o que havia eram reproduções artísticas, mais ou menos felizes.

O Santo Sepulcro foi aberto durante 60 horas para os cientistas e, depois, voltou a ser lacrado em seu estado anterior.

Os especialistas deixaram aberta uma janela retangular em uma das paredes revestidas de mármore da edícula (pequena casa, ver embaixo) desde onde os peregrinos poderão vislumbrar pela primeira vez parte da parede de calcário da tumba de Jesus Cristo.



De onde provém esse túmulo?

Segundo os Evangelhos, o Corpo de Jesus Cristo foi depositado num leito mortuário escavado na pedra de morro vizinho da crucificação.

Em verdade a distância é mínima do local da crucificação. Por isso mesmo, os dois locais se encontram sob o teto da mesma igreja, separados apenas por poucas dezenas de metros.

O túmulo já existia antes de Paixão e pertencia a São José de Arimatéia que o mandara fazer para si, mas o cedeu para o Santíssimo Redentor.

São José de Arimatéia era um homem rico, um grande comerciante dono de uma frota de navios cujos interesses chegavam até a atual Grã-Bretanha.

Também era senador e membro do Sinédrio, o colégio dos mais altos magistrados religiosos do povo judeu. Secretamente ele era discípulo de Jesus.

Imagem procissional de São José de Arimateia, igreja de São Tiago, Zambales, Filipinas.
Imagem procissional de São José de Arimatéia,
igreja de São Tiago, Zambales, Filipinas.
Foi ele que obteve de Pilatos a libertação do corpo e cobriu as caríssimas despesas de sua preparação, oferecendo até o linho do Santo Sudário.

Em represália dessa generosidade, o Sinédrio mandou persegui-lo e lhe expropriar suas grandes posses. Ele foi abandonado por amigos e familiares.

Após passar 13 anos no cárcere, São José de Arimatéia foi libertado pelo novo governador romano Tibério Alexandre, reconstituiu sua grande fortuna e passou a usá-la para a difusão da fé. Faleceu em plena atividade missionária.

Sua festa litúrgica é celebrada em 17 de março no Ocidente e em 31 de julho no Oriente. Foi o contrário do “moço rico” do Evangelho que recusou o chamado de Cristo por amor às riquezas. São José de Arimatéia é exemplo acabado do rico que usa de seus capitais para servir melhor ao Redentor e sua obra.

São Marcos escreveu dele que era um

“ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (São Marcos, 15, 43).

São Mateus, ao descrevê-lo, sublinha ser um homem rico discípulo de Jesus:

57. À tardinha, um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Jesus,

58. foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o.

59. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol branco

60. e o depositou num sepulcro novo, que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora. (São Mateus, 27, 57ss)

Por sua vez, São João em seu evangelho registra:

39. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.

40. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.

41. No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.

42. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo. (São João 19,39-40)

E ainda São Lucas:

50. Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo.

51. Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimatéia, cidade da Judéia, esperava ele o Reino de Deus.

52. Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus.

53. Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. (São Lucas, 23, 50-53)

A incolumidade milagrosa do Sepulcro

Santa Helena imperatriz mandou construir a primeira igreja do Santo Sepulcro. Basílica de Santa Helena em Birkirkara, Malta
Santa Helena imperatriz mandou construir a primeira igreja do Santo Sepulcro.
Basílica de Santa Helena em Birkirkara, Malta
As descrições dos evangelistas nos permitem fazer uma ideia do túmulo onde aconteceu a Ressurreição. Elas precisam o local onde está. Porém, a história subsequente submeteu esse sagrado túmulo a graves riscos de desaparição.

Porque o Santíssimo Sepulcro ficou no centro de tremendas borrascas históricas cujos efeitos perduram em nossos dias. Podemos até julgar a título pessoal que sua preservação é um milagre histórico.

Também é uma figura do Corpo Místico de Cristo que é a Santa Igreja Católica atravessando horrorosas tempestades que nada acabaram podendo contra Ela ao longo dos séculos.

Vejamos a história do Santo Sepulcro.

Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., o imperador romano Adriano ordenou construir sobre as ruínas uma cidade pagã de nome Élia Capitolina. Foram feitas, então, imensas terraplenagens.

Pelo plano, a sepultura de Jesus ficou coberta com terra. Sobre ela foi erigido um templo dedicado a Vênus (Afrodite para os gregos), deusa da sensualidade. Enquanto isso os cristãos padeciam as perseguições.

O inferno parecia confabulado para extinguir a Igreja nascente.

Em 313, o imperador Constantino encerrou as perseguições. Em 326, sua mãe Santa Helena visitou Jerusalém procurando as relíquias da Paixão e identificou o local da crucificação (o Gólgota) e a cova chamada Anastasis (“ressurreição”, em grego).

O imperador católico aprovou construir um santuário que substituiria o templo de Vênus do imperador pagão Adriano. A nova igreja ficou conhecida desde então como a do Santo Sepulcro.

Eusébio (265 – 339), bispo de Cesaréia e pai da história da Igreja, deixou constância desses fatos em seus escritos.

Em 614, a igreja de Constantino foi gravemente danificada pelos persas sassânidas, pagãos que tomaram Jerusalém e pilharam os tesouros da igreja, deixando apenas alguns restos escassos dela.

A basílica foi reconstruída quando Heráclio, imperador de Constantinopla, reconquistou Jerusalém.

Mas, a sucessão de invasões, restaurações, depredações e guerras estava longe de acabar...

Estado atual externo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Estado atual externo da igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém.
Em 638, a Palestina toda e a própria Jerusalém foram ocupadas pelos conquistadores muçulmanos. Em 966, as portas e o telhado da igreja arderam durante distúrbios.

Em 1009, o califa fatímida Al-Hakim ordenou destruir todas as igrejas cristãs de Jerusalém, incluindo o Santo Sepulcro. Só os pilares do templo, que eram da época de Constantino, sobreviveram ao arrasamento.

A notícia desse aniquilamento foi decisiva para inspirar o movimento das Cruzadas.

O sucessor de Al-Hakim, o califa Ali az-Zahir permitiu a reconstrução e redecoração da igreja. A obra foi paga pelo imperador de Bizâncio Constantino IX Monômaco e por Nicéforo, patriarca de Jerusalém. Os trabalhos concluíram em 1048.

Foi essa igreja que os cruzados encontraram em 1099 entrando em Jerusalém. O templo restaurado pelos cruzados foi reconsagrado em 1149. No seu essencial, é o que existe atualmente.

Em 1187, o caudilho islâmico Saladino voltou a invadir a cidade, mas proibiu a destruição dos edifícios religiosos cristãos.

No século XIV, o local passou a ser administrado por monges católicos e por monges cismáticos gregos, aos quais se somaram outras denominações religiosas.

Nos séculos seguintes foram feitas diversas restaurações, se destacando a de 1810 por iniciativa britânica após um grande incêndio e as ocorridas entre 1863 e 1868. Em 1927, mais um abalo sísmico causou importantes estragos à estrutura da igreja.



continua no próximo post: O Santo Sepulcro aberto, a Ressurreição de Jesus Cristo e a “ressurreição” da Igreja em nossos dias





segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Uma grande razão para rezarmos pelas almas dos falecidos:
o Purgatório

Fachada da igreja do Sagrado Coração do Sufrágio
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Pensando no bem que podem ganhar nesta data religiosa as almas dos fiéis defuntos -- ente as quais pode haver parentes ou amigos nossos -- reproduzimos a continuação o post Museu das almas do Purgatório 1: uma janela para o além que merece ser mais estudada com estimulante matéria a respeito para rezarmos por essas almas.



Indo à Basílica de São Pedro pelo Lungotevere – a avenida que bordeja o histórico rio Tibre – o romeiro é surpreso por uma bonita igreja que tem o imponderável de conter algo muito singular.

Não é só o fato de seu estilo neogótico evocar a França e destoar do distendido conjunto arquitetônico romano.

Luminosa, delicada, esguia, sorridente, mas infelizmente fechada boa parte do dia, a igreja do Sagrado Coração do Sufrágio fica a dois quarteirões de Castel Sant’Angelo e da Via dela Conciliazione, que leva direto ao Vaticano.

VER EM GOOGLE MAPS

Perguntei a amigos romanos o que havia nessa igrejinha.

Eles me explicaram – não sem antes me prevenirem de não me espantar – que lá havia um Museu das Almas do Purgatório.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista de Roma, partiu para a eternidade

O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da diocese de Roma
O Pe. Gabriele Amorth, exorcista da diocese de Roma
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Agência Boa Imprensa – ABIM



Em 16 de setembro [2016], aos 91 anos de idade faleceu o Exorcista da diocese de Roma, que sempre alertou a respeito do perigo da crescente ação diabólica na atualidade.

Em memória do Revmo. Pe. Gabriele Amorth transcrevemos a seguir uma importante entrevista que ele concedeu com exclusividade para a revista Catolicismo e publicada em sua edição Nº 596, de agosto de 2000.

O Padre Gabriele Amorth, da Pia Sociedade de São Paulo é muito apreciado por seus livros sobre Nossa Senhora e sua atividade apostólica jornalística. Seu programa na Radio Maria peninsular contava com 1.700.000 ouvintes.

O Pe. Amorth tornou-se mundialmente conhecido com o lançamento de sua obra Um exorcista conta-nos, em 1990. Tal obra alcançou notável êxito editorial na Itália, tendo sua tradução portuguesa obtido várias edições.

A partir de então, a mídia internacional vem focalizando a atuação desse sacerdote, nomeado Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

As ruínas de Laodiceia e o fim do mundo

"Sou rico e cheio de bem, de nada tenho falta;
e não sabes que és um infeliz,
e miserável, e pobre, e cego, e nu."
Ruínas de Laodicéia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Em meio às ruínas de Laodiceia foi localizado o local da antiga igreja católica, informaram o diário italiano “Avvenire” e o turco Hurriyet.

Laodiceia é uma das sete Igrejas para as quais São João escreve no Apocalipse, último livro da Bíblia.

A cidade de Laodiceia ‒ hoje em território turco ‒ foi inteiramente arruinada e abandonada, mas os escombros que ficam falam de sua grandeza, riqueza e esplendor.

A cidade morna na Fé acabou desaparecendo totalmente.

Tal vez os habitantes dos tempos apostólicos julgassem que essa perspectiva era impensável, entretanto foi prevista no profético livro do Apocalipse.

A descoberta foi confirmada pelo professor Celal Simsek, chefe da missão arqueológica turca que realizou as escavações.

Os restos do edifício sagrado foram identificados com o auxílio de um radar subterrâneo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Catedrais góticas:
façanha técnica maior que a das pirâmides do Egito

Nave central da catedral de Reims, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A técnica é definida pela Escolástica, da mesma forma que as artes, como “recta ratio factibilium”. Quer dizer, a reta ordenação do trabalho, ou também, a ciência de trabalhar bem.

Hoje, o mal uso da técnica, a empurra para produzir para além do que é bom, e espalhar instrumentos que afligem a vida dos homens.

Nos tempos em que o espírito do Evangelho penetrava todas as instituições, a técnica produziu frutos que vão além do tudo o que a Humanidade conheceu previamente.

E, dizem especialistas, criaram prédios portentosos que parecem um quebra-cabeça para a mais sofisticada tecnologia moderna.

Um desses frutos inigualados foram as catedrais medievais.

A catedral de Colônia resistiu aos bombardeios que arrasaram a cidade na II Guerra Mundial
A catedral de Colônia
resistiu aos bombardeios que
arrasaram a cidade na II Guerra Mundial.
Até hoje especialistas tentam decifrar como fizeram os arquitetos da Idade Média para, com tão pobres instrumentos, criar obras colossais que “humilham” as técnicas modernas mais avançadas.

Os técnicos das mais variadas especialidades da construção e também da física, da química e das matemáticas se debruçam para tentar descobrir como os medievais erigiram esses prodígios arquitetônicos.

Mergulham eles nos “mistérios das catedrais”.

São muitos os mistérios que até agora não estão elucidados. Desde as fórmulas químicas desaparecidas que dão aos vitrais tonalidades únicas e irreproduzíveis até os mais complexos cálculos matemáticos e astronômicos que orientaram as proporções cósmicas das Bíblias de pedra.

Como decifrar esses enigmas?

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Arqueólogos acham restos do povo filisteu açoite dos israelitas

Filisteu, relevo nos muros do templo egípcio de Medinet Habu,
feito pelo faraó Ramsés III.
Luis Dufaur
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No sul de Israel, Daniel Master, arqueólogo da Universidade de Harvard, conduz o desvendamento de um cemitério filisteu, povo do Antigo Testamento ao qual pertenceu Golias.

O local foi outrora uma câmara mortuária e se situa na cidade israelense de Ascalon (também Ashkelon), segundo noticiou o jornal “Clarín” de Buenos Aires.

O achado está revelando segredos de uma civilização desaparecida há 2.600 anos, inimiga acérrima do povo eleito.

Também está ajudando a compreender melhor o contexto cultural de importantes fatos bíblicos.

O Antigo Testamento fornece o relato mais cheio de detalhes sobre esse povo.

E agora está sendo conferido e confirmado pela arqueologia.

Diante do jornalista, o professor Master extraiu da terra arenosa o esqueleto intacto de um filisteu, enterrado junto com um frasco de perfume de terracota que sob os efeitos do tempo tinha ficado colado a seu crânio.
No cemitério filisteu de Ascalon, o arqueólogo chefe explica a importância do achado.
No cemitério filisteu de Ascalon,
o arqueólogo chefe Daniel Master explica a importância do achado.
E explicava: “Isto é o resultado de anos de escavações e a ocasião de se encontrar de novo em face de um deles. Há um total de 145 corpos exumados. Nós não só queremos entender seus ritos funerários, mas também reunir indícios a partir das ossadas que permitam entender como viviam”.

De fato, os filisteus constituíram para Israel um açoite sempre prestes a se abater sobre o povo eleito quando decaia. A Bíblia os menciona abundantemente.

Por que é que Deus teria permitido um povo desses morar encostado no povo amado e flagela-lo tão cruelmente?

O Papa Leão XIII explicou a razão de ser nos planos de Deus da presença constante de um povo inimigo encostado no povo eleito. E o fez com uma analogia com o perigo islâmico instalado nas fronteiras da cristandade europeia.

“Da mesma maneira que outrora em relação a seu povo privilegiado, Deus quis para sua Igreja uma ameaça constante e um castigo sempre pronto.

“É um plano providencial que o islamismo esteja às portas da Cristandade para castigar as revoltas dos povos batizados, acordá-los de seu sono, estimular suas virtudes e excitar seu heroísmo”.

S.S. Leão XIII, in Mons. Cauly, “Cours d'instruction religieuse”, lib. Ch. Poussielgue, Paris, 1900, apud Pierre Augier, “Dialoguer avec l'Islam?”, Centre Montauriol, 1992, página 38.

Mapa da Filistéia e das invasões sofridas por Israel.
Mapa da Filistéia e das invasões sofridas por Israel.
Foi assim que Deus permitiu os filisteus sempre ameaçantes contra Israel, um povo dominado pelas trevas voltado contra o povo eleito.

Quando por desleixo deixava se apagar a Luz de sua vocação divina e decaia na fidelidade e observância aos Mandamentos o inimigo vinha o assediar e então os hebreus lembravam-se de Deus e o invocavam com renovado fervor para serem libertos da opressão dos iníquos.

Os israelitas continuaram a fazer o mal aos olhos do Senhor, que os entregou nas mãos dos filisteus durante quarenta anos. (Juízes 13, 1)

Faz parte das promessas bíblicas que Jesus Cristo livrará os fiéis de seus perseguidores prefigurados pelos filisteus

A navalha não tocará a sua cabeça, porque esse menino será nazareno de Deus desde o seio de sua mãe, e será ele quem livrará Israel da mão dos filisteus. (Juízes 13, 5)

Como profetizou Sofonias, Deus em sua cólera extinguiu os filisteus:

A palavra do Senhor foi pronunciada contra vós, Canaã, terra dos filisteus: Destruir-te-ei de tal forma que ninguém te habitará mais. (Sofonias 2, 5)

E de fato, não sobrou nenhum filisteu, tendo todos desaparecido antes da vinda do Redentor.

Mas quem era e como vivia esse povo tão singular, arauto do mal e flagelo dos bons? É o que as atuais descobertas estão ajudando a compreender deitando uma luz indireta, mas valiosa sobre o relato bíblico.

Peças de cerâmica filisteia provenientes de outros sítios arqueológicos
Peças de cerâmica filisteia provenientes de outros sítios arqueológicos
Os arqueólogos, prossegue o jornal, levavam 30 anos tentando encontrar um cemitério para fazer um estudo em grande escala sobre os filisteus.

Umas primeiras fossas foram descobertas em 2013 em Ascalon, cidade que chegou a ter 13.000 habitantes num local onde hoje há um parque natural junto ao mar, no sul de Tel Aviv.

Sabe-se pouco da origem desse “povo do mar”, mas há várias hipóteses. Tal vez tiveram relação com a civilização micénica, nascida nas ilhas gregas, mas poderiam proceder do deserto ou das montanhas.

“O único certo é que eram alheios à região”, explica Master. Eles estiveram presentes entre os anos 1.200 e 600 antes de Cristo numa pequena área costeira, entre a atual Faixa de Gaza e Tel Aviv.

Eram comerciantes e marinheiros, falavam uma língua indo-europeia, não praticavam a circuncisão e comiam carne de porco e de cachorro, segundo demonstram os ossos achados em Gat, Gaza, Asdod, Ecrón, cidades que junto com Ascalon constituíam o estado filisteu.

Os filisteus aparecem notadamente no Gênesis e no Livro de Samuel. Nesse último está explicado que os guerreiros filisteus roubaram a Arca da Aliança dos judeus (I Samuel 4, 11): “desapareceu a glória de Israel, foi tomada a arca de Deus.”

Representação pedagógica apresenta a Arca da Aliança e o ídolo Dagon despedaçado por terra.
Representação pedagógica apresenta a Arca da Aliança
e o ídolo Dagon despedaçado por terra.
Os filisteus colocaram a Arca no templo do ídolo Dagon na cidade de Azot. Mas todos os dias de manhã o ídolo era encontrado com o rosto por terra, até que ficou despedaçado.

Concomitantemente, os habitantes da cidade e do território ficaram com horríveis tumores de hemorroidas.

No desespero mandaram a Arca para outra cidade filisteia: Get. Mas Deus mandou mais tumores de hemorroidas a todos seus habitantes.

Doentes e aterrorizados, mas obcecados no mal, os habitantes de Get passaram a Arca da Aliança para a cidade de Acaron.

Nessa “reinava um pavor mortal, e a mão de Deus fazia-se sentir rudemente. Aqueles que escapavam à morte, eram feridos de hemorroidas, e da cidade subia até ao céu um clamor angustiado” (I Samuel, 5-12).

Os augures filisteus aconselharam devolver a Arca aos judeus junto com um tributo. Esse consistia em cinco objetos com a forma de tumores de hemorroidas e cinco de ratos que devastavam a terra. Tudo feito de ouro maciço.

Subiram a Arca e os tributos numa charrete puxada por duas vacas que, sozinhas, chegaram até terra de Israel. Cinco príncipes filisteus acompanhavam atrás e voltaram a sua terra após os hebreus receberem a Arca e o tributo.

Samuel, que foi o último dos Juízes de Israel e o primeiro de seus profetas, exortou então os judeus a abandonarem o culto idólatra de Baal, afigurado como demônio, e das estatuetas sexuais da impura deusa da fertilidade Astartot.

Era essa a causa pela que Deus permitiu a perda da Arca da Aliança. Os judeus então destruíram os ídolos.

Afresco da captividade da Arca nas mãos dos Filisteus. Na sinagoga de Dura-Europos
Afresco da cativério da Arca nas mãos dos Filisteus. Na sinagoga de Dura-Europos
Um dos tributos com forma de tumor de hemorroidas que os filisteus ofereceram como oferta expiatória representava a cidade de Ascalon cujo cemitério agora está sendo escavado.

O adjetivo “filisteu” passou a significar “de espírito vulgar ou escassos conhecimentos”.

“Nas palavras de sus inimigos, eles são descritos como o pior povo imaginável”, comentou Master, que quer comparar os relatos escritos com os dados dos restos localizados.

Junto à escavação e a poucos metros das fossas, os especialistas montaram um laboratório ao ar livre. Sherry Fox, arqueóloga especialista na análise de restos humanos, ficou encarregada de desvendar os segredos das ossadas.

“Olhando para os dentes nós percebemos que haviam escolhido uma vida muito dura. Encontramos sinais que indicam uma interrupção do crescimento, provavelmente por febres ou fomes na infância”, explicou Sherry.

Golias é o filisteu mais famoso, mas nada indica que o cemitério de Ascalon contenha seus restos. Bíblia dos Cruzados descreve a luta com David.
Golias é o filisteu mais famoso, mas nada indica
que o cemitério de Ascalon contenha seus restos.
Bíblia dos Cruzados descreve a luta com David.
“Pelos ossos dá para perceber que eram muito trabalhadores, que praticavam a consanguinidade casando com irmãos ou primos e que usavam os dentes como se fosse ferramenta, provavelmente para tecer”, acrescentou ela.

Seu corpo não era “especialmente desagradável” e sua altura era normal permitindo supor que o gigante Golias descrito na Bíblia tenha sido uma exceção.

Daniel Master, o arqueólogo chefe, afastou qualquer hipótese de parentesco ou continuidade entre os antigos filisteus e os atuais palestinos.

“Os nomes se parecem, mas não os povos. A cidade de Ascalon foi totalmente destruída em dezembro do ano 604 antes de Cristo por Nabucodonosor e os que sobreviveram foram levados escravos a Babilônia pelos persas. Tudo o que veio depois nada tem a ver com os filisteus”, afirmou.

Supõe-se que eles se misturaram com a população de Babilônia e desapareceram da História.


Vídeo: cemitério filisteu descoberto perto de Ascalon







sexta-feira, 15 de julho de 2016

Exorcista: “Satanás atrás dos atentados islâmicos”

Padre Gabriele Amorth, exorcista oficial da diocese de Roma:
“Satanás impulsiona o Estado Islâmico, com certeza”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Os recentes atentados de Nice e Bruxelas, como os do fim do ano passado em Paris e as tentativas massivas de violação de mulheres em cidades da Alemanha e do norte da Europa no Réveillon obedecem a um objetivo: erradicar o cristianismo do mundo apagando seus últimos restos já tão diminuídos.

Nos casos citados da Europa o caráter estritamente religioso da ofensiva de crimes não aparece tão claramente, pois os atentados visam o comum dos cidadãos indiscriminadamente.

O islamismo mais moderno age diante das imagens dos velhos demônios dos templos pagãos desertos como um anjo das trevas que surge das cavernas mais escuras do inferno atropelando os seus cúmplices de menor posição.

E se volta contra o mundo ocidental que ainda pode ser chamado de cristão mais por causa do passado de que pelo presente, com o mesmo furor destruidor supra-humano.

Segundo o padre Amorth, exorcista de Roma, nas violências inauditas e nas perseguições contra os cristãos praticadas pelo Estado Islâmico, é perceptível a garra do demônio.

“Il Giornale” de Milão, perguntou ao exorcista se o pessoal do Estado Islâmico estava sendo então inspirado por Satanás, ao que o Pe. Amorth respondeu:

“Com certeza! Onde está o mal, está sempre o demônio por trás incitando. Qualquer forma de mal, grande ou pequena, sempre é sugerida pelo diabo”.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Na dieta dos Templários, o segredo de sua longevidade?

Jazigo de um cavaleiro templário, Igreja do Templo, Londres. Fundo: a mesma igreja.
Jazigo de um cavaleiro templário, Igreja do Templo, Londres.
Fundo: a mesma igreja.
Luis Dufaur
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O estudo e a produção de alimentos saudáveis é uma área na qual a ciência vem aplicando seus melhores recursos e conhecimentos.

Diversas especialidades da Medicina também se aplicam na análise das dietas mais apropriadas para a saúde dos variados tipos humanos, sadios e doentes, crianças, jovens e velhos, moradores da cidade, esportistas, e até astronautas.

Na Igreja Católica, as Ordens religiosas têm – ou tinham – normas especiais para a alimentação de seus membros em função de suas respectivas vocações e missões.

Encontramos desde Ordens penitenciais contemplativas de uma austeridade e penitências admiráveis e impressionantes, até Ordens dedicadas às atividades apostólicas, inclusive manuais, que têm um regime muito mais farto.

Os adversários da Igreja muitas vezes tentaram explorar os diversos graus de rigor das Ordens religiosas para debochar delas como exemplos de costumes atrasados, primitivos e em desacordo com a natureza humana, sua saúde e bem-estar.

Outras vezes, os mesmos difamadores espalham que os monges viviam uma vida desregrada em meio a comilanças e bebedeiras indescritíveis que lhes encurtavam a vida.

Agora, uma equipe internacional de professores de Medicina na revista acadêmica ‘Digestive and Liver Disease’ apresentou um trabalho científico inesperado, cujo título diz tudo: “A dieta dos cavaleiros templários foi o segredo de sua longevidade?”

Os Templários – ordem extinta há séculos – pertenciam a uma categoria especial de Ordens religiosas: eram monges cavaleiros, portanto guerreiros, que se dedicavam a proteger os peregrinos na Terra Santa.