segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Catedrais góticas:
façanha técnica maior que a das pirâmides do Egito

Nave central da catedral de Reims, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




A técnica é definida pela Escolástica, da mesma forma que as artes, como “recta ratio factibilium”. Quer dizer, a reta ordenação do trabalho, ou também, a ciência de trabalhar bem.

Hoje, o mal uso da técnica, a empurra para produzir para além do que é bom, e espalhar instrumentos que afligem a vida dos homens.

Nos tempos em que o espírito do Evangelho penetrava todas as instituições, a técnica produziu frutos que vão além do tudo o que a Humanidade conheceu previamente.

E, dizem especialistas, criaram prédios portentosos que parecem um quebra-cabeça para a mais sofisticada tecnologia moderna.

Um desses frutos inigualados foram as catedrais medievais.

A catedral de Colônia resistiu aos bombardeios que arrasaram a cidade na II Guerra Mundial
A catedral de Colônia
resistiu aos bombardeios que
arrasaram a cidade na II Guerra Mundial.
Até hoje especialistas tentam decifrar como fizeram os arquitetos da Idade Média para, com tão pobres instrumentos, criar obras colossais que “humilham” as técnicas modernas mais avançadas.

Os técnicos das mais variadas especialidades da construção e também da física, da química e das matemáticas se debruçam para tentar descobrir como os medievais erigiram esses prodígios arquitetônicos.

Mergulham eles nos “mistérios das catedrais”.

São muitos os mistérios que até agora não estão elucidados. Desde as fórmulas químicas desaparecidas que dão aos vitrais tonalidades únicas e irreproduzíveis até os mais complexos cálculos matemáticos e astronômicos que orientaram as proporções cósmicas das Bíblias de pedra.

Como decifrar esses enigmas?



Catedral de Ourense, Espanha, detalhe do pórtico de ingresso ou 'Pórtico del Paraiso'
Catedral de Ourense, Espanha, detalhe do pórtico de ingresso ou 'Pórtico del Paraiso'
“As catedrais se burlam de nós há oito séculos. Elas resistiram não só às intempéries e aos ataques insidiosos do clima, mas mais ainda por vezes a provas tão violentas como os bombardeios.

“Como é que estas catedrais loucas aguentam em pé
?”, pergunta o arquiteto, historiador e geógrafo Roland Bechmann em seu livro “As raízes das catedrais”.

O livro de Bechmann recebeu elogios das maiores autoridades acadêmicas da França.

Ele tem o mérito de mexer numa polêmica de que se fala pouco, mas está aberta como uma chaga nas almas de inúmeros franceses.

Enquanto o mundo parece rumar para uma modernidade cada vez mais caótica, as catedrais góticas em seu mutismo eloquente apontam um caminho inteiramente diverso.

O comentarista Paul François Paoli, do jornal “Le Figaro”, resume esse conflito interior dos franceses:

Catedral de Salisbury, Inglaterra
Catedral de Salisbury, Inglaterra
As catedrais góticas são as pirâmides do Ocidente e nós não acabamos ainda de compreender como é que elas puderam ser construídas numa época considerada como obscura e arcaica do ponto de vista científico”.

O historiador Jacques Le Goff saudou o livro de Bechmann como uma obra prima de interdisciplinaridade sobre “esses prodígios de pedra que continuamos admirando em Amiens, Chartres ou Paris”.

Mas, segundo Bechmann, esses prodígios dizem uma coisa aos homens do século XXI: “como vocês são pequenos!”

“No fim da época gótica ‒ explica o autor ‒ havia uma igreja para cada 200 habitantes da França, e esses prédios considerados em seu conjunto podiam abrigar uma população maior que a do país inteiro.

“Calcula-se que em trezentos anos a França extraiu, transportou de charrete e erigiu mais pedra que o antigo Egito em toda sua história”.

Mas não é só uma questão de tamanho e volumes, não, diz Bechmann. É uma questão de ciência e grandeza de alma. E explica:

“Se hoje nós devêssemos construir catedrais góticas com os meios de que eles dispunham, nós não conseguiríamos. E mesmo que nós conhecêssemos até os pormenores de seus procedimentos, nós não ousaríamos.

“Calcular a resistência de construções como eles souberam realizar exigiria a ajuda de computadores. E ainda que nós conseguíssemos, haveria todas as chances de que nós chegássemos à conclusão de que essas catedrais, segundo as normas e coeficientes de segurança que nós aplicamos hoje, não poderiam ficar em pé...”

Notre Dame de Paris, França
E, entretanto, elas continuam de pé e continuam nos emocionando, acrescenta Paul F. Paoli, jornalista do “Figaro”.

Este enigma profundo das catedrais e dos homens que as conceberam e realizaram em tão grande número e variedade nos conduz a considerações que superam a própria ciência e à própria técnica.

A primeira e mais imediata consideração é sobre a sabedoria dos construtores.

Monges, teólogos, arquitetos, artistas, simples pedreiros, neles parecia habitar uma sabedoria que ia muito além de suas naturezas humanas, por vezes rudes e imperfeitas.

Pelos frutos se conhece a árvore. Pela catedral se conhece a alma de seus construtores.

Como foi possível tal afloração simultânea de homens com almas sólidas e plácidas, fortes e delicadas, lógicas e jeitosas, como as que fizeram essas Bíblias de pedra?

Foram homens que encarnaram a virtude da sabedoria.

Da sabedoria sobrenatural que só a graça divina dispensa às almas mais fervorosas.

E essa é uma segunda consideração de natureza espiritual.

Foi essa sabedoria sobrenatural, de que a Igreja Católica é a tesoureira, que gerou aqueles homens e suas catedrais.

Longe da Igreja, o homem do terceiro milênio sente-se apequenado, tristonho e cheio de incertezas.

Vezelay, França
Mas, as portas da Igreja estão abertas de par em par, como as portas das catedrais, para acolher esse homem de hoje e reconduzi-lo maternalmente pelas vias da Sabedoria eterna e encarnada, Nosso Senhor Jesus Cristo, pela intercessão de sua Santíssima Mãe.

Basta que a alma queira se abrir inteiramente a esse influxo sobrenatural.


P.S.: Alguém poderia perguntar: como me doar à Igreja para receber essa sabedoria? Eu tento e não consigo... sou tão fraco...

Há séculos um grande santo respondeu isso para nós. Ele até excogitou um método para nós miseráveis pecadores receber a Sabedoria eterna e encarnada “sem esforço”.

Foi São Luis Maria Grignion de Montfort com seu método de consagração à Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, na qualidade de servos e escravos. Conheça mais clicando AQUI.

Foi Ela que inspirou as mais gloriosas catedrais que levam seu nome: Notre Dame.

Essa devoção está explicada no famosíssimo livro, disponível em todas as línguas: “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.


Como foram construídas as catedrais





5 comentários:

  1. a arte gotica eh uma de minhas paixoes.Venho lendo e estudando sobre o assunto a 4 anos e cada vez mais me surpreendo.Mas,no momento me interessa muito saber sobre como eh a segurança moderna nos monumentos,sobretudo,a respeito da catedral de notre dame de paris.Se alguem ja foi visita-la e quiser me ajudar sobre a catedral na visao de um turista,eu agradeceria muito.Meu email pra eventual contato eh:sdouglascristian@yahoo.com.

    ResponderExcluir
  2. Não há nada no gótico que não seja possível no barroco, nem mesmo o tamanho das construções! Acho que estão mitificando o gótico como se ele fosse o topo da evolução arquitetónica e estilística da Cristandade!

    ResponderExcluir
  3. O negócio não é simplesmente só o estilo gótico que o texto explicita, mas o que o texto vem a falar é como uma construção, numa época onde o atual mundo fala de negra, pode ser tão bem feita, com detalhes inestimáveis, desde os visíveis até os não visíveis, oras, pois as pedras que ficam no fundamento bem como as que ficam acima do teto onde ninguém vê são trabalhadas, desenhadas, além do que, nas nossas atuais obras de engenharia, não se põe em pé uma Catedral destas, por nossa falta de sabedoria. Não é só o estilo em si, mas todo um conjunto da obra que o século XXI não ergue nem tem capacidade. Bom, só posso terminar dizendo o seguinte, a Idade Média é a luz do mundo, enquanto isto, atualmente o que erguemos de mais belo com a mesma capacidade? Nada, pode-se dizer arranhacéus, mas e daí, quero ver fazer igual sem ferro fencado no chão com fundamentação igual a das catedrais medievais. Somos pequenos, e ainda queremos dizer que nois subemo faze as coisa, nois sabe le, nois subemo enterpreta e nois somo os mais serto do mundo, nois é sivilizado. (os erros de português são propositais, porque é ridículo, no nosso país um pedagogo apresentar um livro que ensine que: nois vem, nois vai, nois quer, nois vorta, subir pra cima e decer pra baixo é correto. Parece piada, mas é o ensino brasileiro, Paulo Freire, só pode dar nisto que está por aí)

    ResponderExcluir
  4. Gosto muito do FILME PILARES DA TERRA.

    ResponderExcluir
  5. HÁ MENOS DE UM MES CONHECI SEU TRABALHO SOBRE A IDADE MÉDIA E ESTOU FASCINADA. HÁ MAIS DE 25 ANOS VIAJO 3 VEZES POR ANO À EUROPA (FRANÇA, ITÁLIA, ALEMANHA, HOLANDA E ESPANHA - NESSA ORDEM DE PREFERÊNCIA) E SEMPRE PROCURO VER E ME INFORMAR SOBRE ESSA ÉPOCA QUE NOS FORJA ATÉ HOJE. FOI UM PRESENT VIRTUAL QUE ME DERAM.
    BOA SORTE!

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.