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Exposição 'O Homem Misterioso' em Calatrava de la Reina |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: “Cientistas apontam a monarquia de Cristo no centro da Paixão”
Santo Sudário aponta “rito funerário próprio de um rei”
O Prof. Rodríguez Almenar focaliza os símbolos no enterro de Nosso Senhor.
Tendo sido crucificado como um malfeitor, seu Corpo deveria ser jogado numa fossa comum.
Porém, foi envolvido com o Santo Sudário — um tecido de 4,42m x 1,13m destinado para fazer vestimentas alvíssimas com as quais o Sumo Sacerdote do Templo ingressava no Sancta Sanctorum onde estava a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei.
Tratava-se da cerimônia mais santa e mais solene do ano, o Yom Kippur ou “Dia da Expiação”, ou “Dia do Perdão”. Essa máxima solenidade havia sido ordenada por Deus a Moisés (Lev 23-27).
Contudo, a Arca da Aliança contendo as tábuas dos Dez Mandamentos estava desaparecida desde o século VI a.C., quando Jerusalém foi invadida por Nabucodonosor II, o rei da Babilônia que escravizou os judeus e os levou para a Caldeia.
O Sumo Sacerdote devia se apresentar revestido com uma sarja de linho puro em “espinha de peixe”, ao que tudo indica vinda da Índia, desconhecida no Oriente Médio e que só se usaria na Europa a partir do século XV.
Esse tecido requintadíssimo, o mais caro que se podia achar em Jerusalém, teria sido obtido no próprio Templo por José de Arimateia, homem riquíssimo, “discípulo oculto” e membro do Sinédrio.
Teria sido entregue por ele, porque considerava que Jesus merecia um enterro digno de um rei e Sumo Sacerdote. Também doou o túmulo que tinha mandado fazer para si, exclusivo de pessoas muito ricas.
Nosso Senhor, pelo valor infinito de sua Redenção, agiu como o divino Sumo Sacerdote que com seu sacrifício redimiu a humanidade do pecado original. Era coerente que fosse envolvido nesse tecido simbólico da expiação.
Outros símbolos monárquicos no Sudário
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Dra. Marzia Boi, estudando os polens no Santo Sudário |
A Dra. Marzia Boi, professora da Universidade das Ilhas Baleares, aprofundou o estudo dos ritos dos sepultamentos reais no Mediterrâneo no século I.
Com este conhecimento apontou que os óleos, bálsamos e unguentos, entre os quais se destacava em alta proporção o pólen de Helichrysum, ou Sempreviva amarela, além de Crisântemo e Amaranto, símbolos da imortalidade, eram aplicados na preparação do corpo para o enterro dos reis ou personagens de alta estirpe.
Ela mostrou que o sepultamento de Nosso Senhor foi realizado com honras próprias aos reis, e implicava a “preparação do cadáver com bálsamos e óleos” do modo como foi feito.
Também o microscópio revelou tipos de flores que, “conforme está documentado desde remotos tempos”, eram usualmente utilizadas nos enterros reais.
Destacou os polens de Helichrysum, láudano, terebinto, gálbano aromático ou lentisco.
Esse uso estava de acordo com a estirpe régia de Jesus Cristo. E coube a Nossa Senhora, sua Mãe com o auxílio das santas mulheres, preparar o Santíssimo Corpo de seu Filho para a sepultura respeitando os costumes da família real.
Sepultamento único, próprio a um rei
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Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia |
Foram Nossa Senhora, princesa da casa de David, e as santas mulheres também de extração aristocrática, observantes da Lei de Moisés, que sabendo como agir com gente de alta extração, embalsamaram e envolveram o Divino Corpo no Santo Sudário sobre a Pedra da Unção hoje venerada na igreja do Santo Sepulcro.
O presidente do Centro Espanhol de Sindonologia conclui que todos os dados do Santo Sudário apontam que Jesus Cristo foi enterrado como um monarca. O contrário implica em achar que não fazem sentido todos os dados cientificamente compulsados.
A ciência sublinha assim, com suas descobertas, o valor da Redenção obtida para a nossa salvação por um monarca supremo e Sumo Sacerdote do povo eleito que foi Deus feito homem.
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Santíssimo Cristo Rei em sua Entrada Triunfal em Jerusalém |
Sendo Rei de todas as almas e implicitamente de cada pessoa, Jesus Cristo governa cada uma com a solicitude, o afeto e a atenção como se ela fosse a única alma sobre a qual Ele exercesse o seu império.
Ele é o modelo de todos os reis ou chefes de Estado; é Rei de misericórdia e de amor, de um reinado que “não é deste mundo” (Jo 18, 36) com o intuito de levar cada alma a seu Reino verdadeiro que não terá fim.
O Santo Sudário como que reservou estas comprovações da Majestade suprema de Cristo-Rei para nossa época a fim de reavivar a lembrança da soberania universal de Jesus Cristo sobre as pessoas e os povos.
Precisamente para nossa época, cada vez mais seduzida por opções falsas ou iníquas, sejam elas liberal-democráticas, libertárias ou socialo-comunistas ou, no campo religioso, falsos ecumenismos e relativismos concessivos às piores abominações morais, teológicas ou litúrgicas.