segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Ciência confirma as relíquias de Compostela

Altar mor da basílica de Santiago de Compostela, busto relicário
Altar mor da basílica de Santiago de Compostela, busto relicário
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Após uma maravilhosa e quase inverossímil história para quem não tem fé, a ciência confirmou que os restos do Apóstolo São Tiago o Maior estão bem em Compostela!


Após a descida do Espírito Santo sobre a Igreja em Pentecostes, na data aproximada de 33 d. C., os Apóstolos obtiveram muitas conversões em Israel. O fato desatou a cólera do Sinédrio que instigou a Crucifixão.

Alguns Apóstolos chegaram a ser presos. Viram então que não poderiam ficar muito tempo seguros na Terra Santa e combinaram que São João levaria Nossa Senhora a Éfeso, cidade então do império romano e onde o Sinédrio não tinha poder. Os demais partiram em todas as direções.

São Pedro acabaria se instalando em Roma e São Tiago o Maior, cruzou o Mediterrâneo e desembarcou na Hispania (atuais Espanha e Portugal).

Sua pregação teria começado na Gallaecia, atual Galícia espanhola e norte de Portugal, mas percorreu a península ibérica toda fazendo discípulos, sete dos quais foram sagrados bispos por São Pedro, após o martírio de São Tiago.

A pregação do Apóstolo não foi nada fácil. A região estava povoada de pagãos, e muitos o recebiam como um inimigo de seus falsos deuses.

Em Caesaraugusta, atual Saragoça, onde ganhou conversões em bom número, lançaram víboras contra ele, mas o santo as segurava tranquilamente nas mãos. Em Granada, foi preso com todos os discípulos e neófitos.

Aparição de Nossa Senhora do Pilar


De retorno em Saragoça para atender a pequena, mas crescente comunidade cristã, o Apóstolo rezava pensando em Maria Santíssima quando viu descer um resplendor.

Relicário do Apóstolo Santiago, cripta en Compostela
Relicário do Apóstolo Santiago, cripta em Compostela
Apareceram anjos carregando uma coluna de luz alta e delgada que terminava num lírio aberto e lançava línguas de fogo em várias direções. Uma delas ia até Compostela. O fato teria acontecido por volta do 2 de janeiro do ano 40 d.C.

No resplendor do lírio o Apóstolo viu Maria Santíssima, de nívea brancura e transparência, que estava em pé como costumava rezar, com as mãos juntas e um grande véu na cabeça, que lhe caía até os pés. 
 
Segundo outras versões Nossa Senhora se apareceu “em carne mortal”.

São Tiago recebeu interiormente o aviso de erguer ali uma igreja que a intercessão de Maria faria crescer. Essa seria a origem da magnífica basílica atual de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da Espanha.

Disse-lhe a Virgem que, uma vez concluída a igreja, voltasse para Jerusalém. Ele a encontrou em Éfeso, onde Maria lhe anunciou sua morte próxima em Jerusalém na presença de todos os Apóstolos miraculosamente convocados.

Após a Assunção, São Tiago foi preso e decapitado por ordem de Herodes (Atos 12:1–2), no monte Calvário. Seus discípulos Atanasio e Teodoro levaram o corpo de volta para a Espanha pelo mar.

O navio foi conduzido providencialmente até as praias da Galícia, onde teria sido enterrado no local nomeado de Iria Flavia, e que acabou sendo identificado no século IX.

A descoberta teve muito de maravilhoso. Por volta do ano 813 (ou 820 segundo outros) reinando em Astúrias, Alfonso II el Casto. Nessa época um ermitão de nome Paio (Pelayo) declarou ao bispo diocesano de Iria Flavia, Mons. Teodomiro, que vira luzes brilhando sobre um morro desabitado.

Feitas as averiguações, no local foi encontrado um túmulo, de época romana, que guardava os restos de um corpo decapitado e cuja cabeça estava sob um dos braços.

Os restos eram de três pessoas distintas: dois de idade mediana e uma na fase final da vida. Assim se supôs piedosamente que pertenciam ao que narrava a tradição: São Tiago e seus discípulos Atanasio e Teodoro

Um rei é o primeiro peregrino a Compostela


A notícia chegou ao rei Afonso II das Astúrias, que marchou com a sua corte de Oviedo para Compostela. Essa peregrinação real de 146 quilômetros foi a primeira ao túmulo do Apóstolo, e o percurso hoje é conhecido como o “Caminho Primitivo”, que começou a ser percorrido pelos peregrinos do “Caminho de Santiago”.

A igreja que o rei mandou construir acima do túmulo deu origem à atual Catedral de Santiago de Compostela.

O nome de Compostela provém do latim campus stellae ou “campo das estrelas”, em atenção às luzes que apareceram no morro em que estava o túmulo.

A glória do Apóstolo, de cujo sacrifício nasceu a nação ardente de zelo como um lírio pegando fogo em que ele viu a Nossa Senhora desde então se manifesta atraindo multidões de peregrinos que ainda hoje fazem o “Caminho de Santiago” completando até mil ou dois mil quilômetros a pé.

Comprovação científica das relíquias


O historiador Patxi Pérez-Ramallo na necrópolis descoberta na basílica de Compostela.
O historiador Patxi Pérez-Ramallo na necrópole descoberta na basílica de Compostela.
Na medida em que o processo histórico revolucionário progredia, foi pondo em tela de juízo todas as histórias maravilhosas da Igreja.

No século XIX já andava debandada a difamação segundo a qual os santuários são fruto de mentiras do clero para atrair doações de fiéis ignaros, logrados inescrupulosamente. Compostela seria um desses locais de furto sistemático com fachada religiosa.

No século XIX o papa Leão XIII pediu aos bispos da Espanha todos os documentos que pudessem encontrar a respeito.

Ele recebeu muitos relatos do acontecido, mas nenhum com as características científicas que requeria uma comissão cardinalícia extraordinária para o estudo dos restos.

Essa enviou a Compostela a Monsenhor Agostino Caprara, “advogado do diabo” na Congregação da Fe, para que examinara os restos no local e colhesse declarações dos responsáveis.

Antes de ir a Compostela, Mons. Caprara, pediu o auxílio do médico forense Francesco Chiapelli para analisar um resto ósseo venerado como relíquia do Apóstolo na cidade de Pistóia, na Itália.

O cientista reconheceu se tratar da apófises mastoidea direita com restos de sangue coagulado e que a peça teria sido separada do crânio em consequência da violência da decapitação.

A comissão chegou em Santiago de Compostela no dia 8 de junho de 1884 e durante os exames constatou que um dos três crânios precisamente carecia da apófises mastoidea direita. A coincidência foi reveladora e o ditame foi positivo.

Em 25 de julho do mesmo ano, na festividade do Apóstolo Santiago, foi publicado o documento comprobatório da Congregação.

E em 1º de novembro do mesmo ano S.S. o Papa Leão XIII publicou a Bula Deus Omnipotens, sobre a história do Santuário e convocava a empreender novas peregrinações. A Bula é o documento moderno mais transcendental que dá fundamento magisterial ao esplendor das peregrinações.

Inscrições identificadoras


Portão da Glória, entrada na basílica de Compostela
Portão da Glória, entrada na basílica de Compostela
Mas, as investigações não ficaram por ali. Veio a hora dos arqueólogos analisando todos os vestígios que puderam desenterrar.

O professor Enrique Alarcón Moreno que ensina Filosofia na Universidade de Navarra, publicou em 24 de junho de 2011 um estudo das inscrições encontradas no local.

O estudo foi ampliado e reeditado em 2013 com a colaboração de Piotr Roszak. A análise do catedrático aponta a existência de um culto funerário ao Apóstolo, pelo menos desde o século II, na cripta da dama romana crista Atia Modesta.

Ele identificou a inscrição Ya'akov (Santiago, em hebreu), acompanhada da simbologia própria da estética sepulcral judeu-cristã do século I., análogas às achadas em outros.

Numa dela há referências à festa judia de Shavu'ot que incluem a representação de pães rituais que deixaram de ser usados por volta do ano 70 d.C. motivados pela destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos.

Ditas inscrições permitem posicionar cronologicamente o túmulo, apontando ser verdadeiro o que sempre foi acreditado: esse é o túmulo do Apóstolo São Tiago.

Achado o túmulo do bispo Teodomiro


Como que fechando o conjunto de confirmações científicas, recentemente foram identificados os restos mortais do bispo Teodomiro, o principal responsável pela criação da peregrinação – que já tem mais de doze séculos – do Caminho de Santiago, segundo informou o quotidiano de Madri “El País” baseado em artigo científico, publicado na revista especializada britânica “Antiquity”, da autoria do arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Pérez-Ramallo aplicou diferentes métodos – análise óssea, datação por carbono, análise de isótopos estáveis e testes de ADN – para chegar à conclusão. Ele garantiu a “El País” haver “98% de probabilidade de se tratar de Teodomiro”.

Durante séculos, foi muito contestada a existência de Teodomiro projetando uma sombra indireta de dúvida sobre a autenticidade dos relatos antigos relativos ao túmulo de São Tiago. Em 1955 o arqueólogo espanhol Manuel Chamoso Lamas descobrira uma lápide por baixo da catedral de Santiago de Compostela com o nome de Teodomiro inscrito.

A datação por carbono-14 revelou que essas ossadas correspondiam a uma pessoa cujo estilo de vida correspondia à do alto clero da época, acrescentou “Sapo”. 

O quotidiano londrinense “The Guardian” recolheu as mesmas informações acrescentando que a equipe dos pesquisadores liderada pelo arqueólogo Patxi Pérez-Ramallo, escrevem em “Antiquity” que:

Túmulo do bispo Teodomiro na Catedral de Santiago de Compostela
Túmulo do bispo Teodomiro na Catedral de Santiago de Compostela
“A aplicação de uma combinação de técnicas bioarqueológicas está ajudando a desvendar muitas das questões (...) esses dados apoiam a possibilidade de que os restos mortais humanos encontrados em associação com a lápide inscrita sob o piso da Catedral de Santiago de Compostela em 1955 sejam os do Bispo Teodomiro”. 

A análise da equipe descobriu que os restos mortais pertenciam a um homem magro e idoso que provavelmente cresceu na área ao redor de Santiago de Compostela e cuja dieta, baixa em proteínas animais, era consistente com as regras monásticas que limitavam o consumo de carne.

Os pesquisadores concluem em “Antiquity” que “esta informação contribuirá diretamente para a conservação dos restos mortais e promoverá um local especial de culto na Catedral de Santiago, enriquecendo as visitas ao templo e à cidade, pois Teodomiro representa uma figura significativa não apenas para a história de Santiago de Compostela, Galícia, mas também para a Espanha, Europa e Catolicismo”.

Mais uma vez, a tradição menosprezada pela modernidade, mostrou ser mais cientificamente verdadeira que o ateísmo insidioso reinante.


segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Ciências identificam pompas reais no Santo Sudário

Exposição 'O Homem Misterioso' em Calatrava de la Reina
Exposição 'O Homem Misterioso' em Calatrava de la Reina
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Santo Sudário aponta “rito funerário próprio de um rei”


O Prof. Rodríguez Almenar focaliza os símbolos no enterro de Nosso Senhor.

Tendo sido crucificado como um malfeitor, seu Corpo deveria ser jogado numa fossa comum.

Porém, foi envolvido com o Santo Sudário — um tecido de 4,42m x 1,13m destinado para fazer vestimentas alvíssimas com as quais o Sumo Sacerdote do Templo ingressava no Sancta Sanctorum onde estava a Arca da Aliança com as Tábuas da Lei.

Tratava-se da cerimônia mais santa e mais solene do ano, o Yom Kippur ou “Dia da Expiação”, ou “Dia do Perdão”. Essa máxima solenidade havia sido ordenada por Deus a Moisés (Lev 23-27).

Contudo, a Arca da Aliança contendo as tábuas dos Dez Mandamentos estava desaparecida desde o século VI a.C., quando Jerusalém foi invadida por Nabucodonosor II, o rei da Babilônia que escravizou os judeus e os levou para a Caldeia.

O Sumo Sacerdote devia se apresentar revestido com uma sarja de linho puro em “espinha de peixe”, ao que tudo indica vinda da Índia, desconhecida no Oriente Médio e que só se usaria na Europa a partir do século XV.

Esse tecido requintadíssimo, o mais caro que se podia achar em Jerusalém, teria sido obtido no próprio Templo por José de Arimateia, homem riquíssimo, “discípulo oculto” e membro do Sinédrio.

Teria sido entregue por ele, porque considerava que Jesus merecia um enterro digno de um rei e Sumo Sacerdote. Também doou o túmulo que tinha mandado fazer para si, exclusivo de pessoas muito ricas.

Nosso Senhor, pelo valor infinito de sua Redenção, agiu como o divino Sumo Sacerdote que com seu sacrifício redimiu a humanidade do pecado original. Era coerente que fosse envolvido nesse tecido simbólico da expiação.

Outros símbolos monárquicos no Sudário


Dra. Marzia Boi, estudando os pólens no Santo Sudário
Dra. Marzia Boi, estudando os polens no Santo Sudário
No Santo Sudário também foram encontrados vestígios de unguentos usados no enterro dos reis, como os menciona o historiador Plinio o Velho (23-79 d.C.).

A Dra. Marzia Boi, professora da Universidade das Ilhas Baleares, aprofundou o estudo dos ritos dos sepultamentos reais no Mediterrâneo no século I.

Com este conhecimento apontou que os óleos, bálsamos e unguentos, entre os quais se destacava em alta proporção o pólen de Helichrysum, ou Sempreviva amarela, além de Crisântemo e Amaranto, símbolos da imortalidade, eram aplicados na preparação do corpo para o enterro dos reis ou personagens de alta estirpe.

Ela mostrou que o sepultamento de Nosso Senhor foi realizado com honras próprias aos reis, e implicava a “preparação do cadáver com bálsamos e óleos” do modo como foi feito.

Também o microscópio revelou tipos de flores que, “conforme está documentado desde remotos tempos”, eram usualmente utilizadas nos enterros reais.

Destacou os polens de Helichrysum, láudano, terebinto, gálbano aromático ou lentisco.

Esse uso estava de acordo com a estirpe régia de Jesus Cristo. E coube a Nossa Senhora, sua Mãe com o auxílio das santas mulheres, preparar o Santíssimo Corpo de seu Filho para a sepultura respeitando os costumes da família real.

Sepultamento único, próprio a um rei


Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia
Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia 
Tudo pesado e medido, o Prof. Rodríguez Almenar conclui que no caso do Homem do Santo Sudário “não se tratou de um sepultamento qualquer, mas se praticou um rito funerário próprio de um rei”.

Foram Nossa Senhora, princesa da casa de David, e as santas mulheres também de extração aristocrática, observantes da Lei de Moisés, que sabendo como agir com gente de alta extração, embalsamaram e envolveram o Divino Corpo no Santo Sudário sobre a Pedra da Unção hoje venerada na igreja do Santo Sepulcro.

O presidente do Centro Espanhol de Sindonologia conclui que todos os dados do Santo Sudário apontam que Jesus Cristo foi enterrado como um monarca. O contrário implica em achar que não fazem sentido todos os dados cientificamente compulsados.

A ciência sublinha assim, com suas descobertas, o valor da Redenção obtida para a nossa salvação por um monarca supremo e Sumo Sacerdote do povo eleito que foi Deus feito homem.

Stmo. Cristo Rei enm sua Entrada Triunfal em Jerusalém
Santíssimo Cristo Rei em sua Entrada Triunfal em Jerusalém
As descobertas científicas no Santo Sudário inspiram reflexões próprias para a Semana Santa.

Sendo Rei de todas as almas e implicitamente de cada pessoa, Jesus Cristo governa cada uma com a solicitude, o afeto e a atenção como se ela fosse a única alma sobre a qual Ele exercesse o seu império.

Ele é o modelo de todos os reis ou chefes de Estado; é Rei de misericórdia e de amor, de um reinado que “não é deste mundo” (Jo 18, 36) com o intuito de levar cada alma a seu Reino verdadeiro que não terá fim.

O Santo Sudário como que reservou estas comprovações da Majestade suprema de Cristo-Rei para nossa época a fim de reavivar a lembrança da soberania universal de Jesus Cristo sobre as pessoas e os povos.

Precisamente para nossa época, cada vez mais seduzida por opções falsas ou iníquas, sejam elas liberal-democráticas, libertárias ou socialo-comunistas ou, no campo religioso, falsos ecumenismos e relativismos concessivos às piores abominações morais, teológicas ou litúrgicas.


segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Cientistas apontam a monarquia de Cristo no centro da Paixão

Exposição itinerante “The Mystery Man”
Exposição itinerante “The Mystery Man”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Ficou cientificamente impresso no Santo Sudário de Turim que Nosso Senhor foi sepultado com símbolos e honras exclusivas dos reis de Israel.




A exposição itinerante “The Mystery Man” — da qual tratamos em outros posts, cfr. “Mistério que pasma as ciências”  e “Milênios depois, as ciências confirmam”  — continua percorrendo a Espanha.

Enquanto escrevemos é exibida nas catedrais de Caravaca de la Cruz, em Múrcia, e de Elche, no Alicante.

Seu giro suscita um interesse sempre renovado pelo Santo Sudário que envolveu o Corpo Santíssimo de Jesus, tendo sido publicados depoimentos de especialistas com novas descobertas.

Entre eles, destacamos neste post, os do Dr. Jorge Manuel Rodríguez Almenar, professor de Direito na Universidade de Valencia e presidente do Centro Espanhol de Sindonologia.

Este centro é formado por especialistas que estudam o Santo Sudário cientificamente, respeitando as Sagradas Escrituras.

Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia
Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia
O Prof. Rodríguez Almenar mostrou que Nosso Senhor Jesus Cristo recebeu em seu sepultamento o mesmo tratamento reservado aos reis de Israel.

Tanto pelo lado paterno, São José, como pelo materno, a Santíssima Virgem, Ele foi príncipe da estirpe real fundada pelo rei David.

Se se respeitasse o direito, Jesus herdaria a coroa. Mas ela estava nas mãos de usurpadores, porque o direito dinástico não era mais respeitado pelas autoridades do tempo.

Genealogicamente Nosso Senhor era o herdeiro legítimo do reino


A genealogia de Maria descrita por São Lucas (3, 23-38) mostra a linhagem real de seu Divino Filho, sendo Ela descendente de Abraão, patriarca fundador do povo eleito, e de David, fundador da estirpe dos reis de Israel.

Os evangelhos de São Mateus (1, 1-17) e de São Lucas (3, 23-38) descrevem a linhagem real de “Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão” (Mt 1, 17).

Por sua vez, São José era sucessor por via masculina do rei David, também pertencendo à tribo de Judá. Em consequência, Jesus Cristo era o primogênito, herdeiro dos direitos da casa de David.

A série de usurpadores — iniciada por Herodes I Magno, descendente de Esaú, e continuada por seus filhos, entre os quais, Herodes III Antipas, do tempo da Paixão — ocupava o trono por intrigas com Roma, sendo odiada pelo povo.

O reino de Israel no tempo de Jesus caíra à condição de protetorado romano, sendo controlado por uma legião militar sob o comando do cônsul Pôncio Pilatos, a quem não interessava esse problema dinástico.

Pilatos só queria garantir o domínio dos Césares na região e ser promovido na administração do Império.

Entretanto, a questão da monarquia de Jesus — e não só a sua superioridade como Sumo Sacerdote porque Filho de Deus — está no centro dos iníquos processos que levaram à sua crucifixão.

Jesus entrou em Jerusalém como entrara outrora Salomão para ser ungido rei


Entrada de Salomão em Jerusalém. Jan Victors (1619 - 1676), de óleo em lugar desconhecido
Entrada de Salomão em Jerusalém. 
Jan Victors (1619 - 1676), de óleo em lugar desconhecido
Até os Reis Magos, vindos de outros países, sabiam da estirpe régia de Jesus Cristo. Por isso, quando chegaram a Jerusalém, perguntaram “onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?” (Mt 2,2).

Herodes, sempre ignaro da legitimidade, apelou aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas do povo. E estes responderam que o profeta Miqueas (Miq 5,2) anunciara onde nasceria o rei prometido, o Emanuel:

“Belém, terra de Judá, [...] de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo” (Mt 2, 4-6).


Os Apóstolos também, antes de Pentecostes, viam nele um futuro rei e até especularam sobre o posto que teriam na sua corte: “pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior” (Mc 9, 31).

Todos os Evangelhos (Mt 21, 1-11; Mc 11, 1-11; Lc 19, 28-40; Jo 12, 12-15) descrevem Nosso Senhor Jesus Cristo ingressando em Jerusalém montado num jumento, sob aclamações populares.

Essas só faziam sentido se endereçadas a um rei messiânico anunciado pelos profetas como um rei sacrossanto, inviolável e ideal, sobre quem repousa o espírito divino, que governará com sabedoria e justiça, prudência e coragem, ciência e temor de Deus.

Essa entrada em Jerusalém no Domingo de Ramos (Mc 11, 2; Lc 19, 30) só tinha um precedente: o ingresso histórico de Salomão montado numa mula segundo ordem dada por David: “fazei montar na minha mula o meu filho Salomão” para ser ungido rei (1Rs 1, 32-40).

O povo estendeu suas vestes no caminho Jesus Cristo como fazia a seus monarcas (Lc 19, 35-37), notadamente no ingresso de Salomão.

Jesus entra em Jerusalém e as multitudões o recebem como rei, Pietro Lorenzett
Jesus entra em Jerusalém e as multidões o recebem como rei, 
Pietro Lorenzetti (1280 — 1348), Basílica inferior de San Francisco, Assis.
Nosso Senhor não impediu que O aclamassem rei com as palavras “Hosana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Lc 19, 38-40; Mt 21, 9,15).

Porém, Ele nunca reivindicou o reinado temporal sobre Israel, mas sim uma monarquia completa e divina sobre toda a ordem da Criação, no sentido contido na devoção a Cristo-Rei.

Entretanto, o Sinédrio, conhecedor do que estava escrito e vendo a reação do povo, reiterou sua vontade de matá-Lo.

O Sinédrio acusou Nosso Senhor diante Pilatos de se dizer rei dos judeus, única acusação que impressionaria o cônsul romano.

Este então O interrogou: “És o rei dos judeus? Sim, respondeu-lhe Jesus” (Mt 27, 11), esclarecendo que era sobretudo Rei de um reino mais alto: o dos Céus e de toda a Terra.

Para Pilatos foi suficiente para encerrar o caso e declarar que não via culpa alguma em Jesus.

Porém, o populacho, instigado pelo Sinédrio, bradava: “Não temos outro rei senão César”. Agindo assim, eles recusavam o Redentor prometido pelos Patriarcas e pelos Profetas, bem como seu rei legítimo, sucessor de David.

Pilatos indaga aos sacerdotes: “Hei de crucificar o vosso rei?”
Pilatos indaga aos sacerdotes: “Hei de crucificar o vosso rei?”
Interessado somente nos efeitos do processo em Roma, Pilatos indagou aos sacerdotes: “Hei de crucificar o vosso rei?”.

E os sumos sacerdotes confirmaram: “Não temos outro rei senão César!” (Jo 19, 15) e acrescentaram que se não O matasse, eles o denunciariam ao imperador.

O argumento de perder os favores de César levaram o venal Pilatos a cometer o pior crime da História, lavando as mãos para demonstrar que não era responsável pela condenação.

Por fim, Pilatos mandou fixar no alto da Cruz uma tábua com a inscrição, em grego, hebraico e latim que dizia: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus” (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum). É o I.N.R.I. que vemos habitualmente nos crucifixos.

Era esse o “crime” alegado pelo Sinédrio, porém “os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, mas sim: Este homem disse ser o rei dos judeus”.

Agastado, Pilatos os repeliu dizendo: “O que escrevi, escrevi”. (Jo 19, 19-22)




segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Arqueólogos identificam local
da prefigura da batalha final do Apocalipse

A morte do rei Josias em Megido. William Brassey Hole (1846 – 1917)
A morte do rei Josias em Megido. William Brassey Hole (1846 – 1917)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O Livro do Apocalipse ensina que no Fim do Mundo haverá uma batalha conclusiva entre os bons e os maus, num vale denominado Armagedom. Esse ficaria na Galileia no norte de Israel.

Há muito, arqueólogos e cientistas tentam identificar qual seria o sitio exato desse futurible evento. A palavra “Armagedom” provem na língua hebraica do nome “Har Megido”, que significa “monte de Megido”.

O Livro do Apocalipse descreve Megido como o lugar onde os reis de toda a terra se reunirão para uma guerra que será o prelúdio do grande dia de ira de Deus. Dia em que o Criador encerrará a História e pronunciará o Juízo Final.

O nome Armagedom nos dias presentes tem sido associado a uma catástrofe mundial ou a uma guerra nuclear global, ou a uma desastre universal do gênero.

A identificação do local de Megido não prova a realização futura, mas se compreende que um fato profético tão espetacular acontecesse num local com antecedentes históricos prefigurativos.

Local onde teria acontecido a batalha de Megido
Local das escavações de Megido
Esses antecedentes contribuiriam também à compreensão do marco geográfico do gigantesco e derradeiro combate universal anunciado por São João Evangelista no livro que encerra a Bíblia.

Agora bem, Megido foi habitado por cerca de 6 mil anos num período que inicia por volta de 7 mil a.C.. Nele, aconteceram prélios bélicos que inspiraram a aplicação do nome “Armagedom” a toda descrição de uma guerra de dimensões universais ou quase tanto.

Dito lugar mencionado tanto no Novo Testamento quanto em documentos do antigo Oriente Próximo é hoje mencionado como Tel Megido, em que “Tel” é o nome aplicado pela arqueologia a uma jazida de restos antigos.

E, nos últimos cem anos, diversas expedições escavaram sem sucesso o sítio suposto do acontecimento bíblico.

Porém, agora arqueólogos israelenses encontraram vestígios significativos na tecnicamente denominada Área X, do século VII a.C., incluindo um edifício que pode ter servido como quartel militar egípcio. 

Assim, os arqueólogos descobriram a primeira evidência física de um gigantesco evento que prefigurou a batalha épica vindoura descrita na Bíblia.

Um conjunto de cerâmica egípcia inédita do século VII a.C. sugere a presença de um destacamento militar na época em que, os livros de Reis e Crônicas narram que o rei Josias de Judá enfrentou o faraó Neco II.

O rei Josías limpando a tierra de ídolos. William Brassey Hole (1846 – 1917)
O rei Josias limpando a terra de ídolos. 
William Brassey Hole (1846 – 1917).
O Livro dos Reis descreve Josias como um rei justo que tentou restaurar a fé em Israel destruindo os falsos templos e altares erigidos por seus antepassados prevaricadores:

“Josias destruiu todos os santuários dos lugares altos que se encontravam nas cidades de Samaria e que os reis de Israel tinham edificado, para grande cólera do Senhor”. (II Reis 23, 19

“Josias acabou também com os necromantes, os adivinhos, os terafins [N.T.: objetos de culto, possivelmente ídolos ou deuses domésticos], os ídolos e as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, pois queria obedecer às prescrições da lei tais quais figuravam no livro que o sacerdote Helcias descobriu no Templo do Senhor”. (II Reis 23, 25

“Josias fez, desse modo, desaparecer as abominações de toda a terra dos israelitas e impôs a todos que lá se encontravam que servissem o Senhor, seu Deus. Enquanto ele viveu, não se afastaram do Senhor, o Deus de seus pais”. (II Crônicas 34, 33

“Não houve jamais, antes de Josias, um rei que se convertesse como ele ao Senhor, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças, seguindo em tudo a Lei de Moisés; nem depois dele houve outro semelhante”. (II Reis 23, 25

Representação da Josias renovando a aliança com o Senhor e purificando Judá
Representação da Josias renovando a aliança com o Senhor e purificando Judá
Porém ele foi morto pelo farão egípcio Neco II na batalha de Megido geralmente suposta em 609 a.C..

A cerâmica agora recuperada confirma os fatos relatados pela Bíblia. A fabricação rudimentar e sem adornos das peças encontradas, indicam se tratar de suprimentos para um exército estrangeiro.

Também, fragmentos de cerâmica grega ali descobertos apoiam a menção de fontes assírias e gregas da presença de mercenários lídios engajados no combate do lado das forças egípcias.

Compreende-se então que ao longo dos milênios Megido tenha sido associada à profecia do Armagedom, anunciada no Apocalipse, no Novo Testamento.

As façanhas de Josias são de molde a prefigurar o lado do bem na batalha final entre as forças do bem e do mal, durante a qual o mal que parece levar a melhor é esmagado pela intervenção divina.

As investigações arqueológicas em Megido prometem obter novas evidências que confirmem a ligação entre aquela prefigura dos eventos que serão o auge definitivo do Fim do Mundo.

Batalha de Megido, William Barnes
Batalha de Megido, William Barnes
Mais uma vez, as Escrituras são confirmadas pela ciência. Porém, desta vez, a ciência fornece fundamento a um fato futuro de natureza profética!

Fato no qual o católico acredita com Fé teológica, por estar incluído na Revelação, mas ainda não verificado na História da Salvação.


segunda-feira, 28 de julho de 2025

A espada inexplicavelmente encravada na rocha

Detalhe da espada encravada na roca, @Fabio Gismondi-Flickr
Detalhe da espada encravada na roca, @Fabio Gismondi-Flickr
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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sócio do IPCO,
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Na Toscana, Itália, há uma espada introduzida numa pedra de modo inexplicável. Ela foi fincada no rochedo por um santo no momento de sua conversão e até hoje se estuda esse mistério.


Em 1148 nascia em Chiusdino, uma vila na província de Siena, Galgano Guidotti, filho de um nobre senhor feudal.

Quando jovem, ele se mostrou um cavaleiro implacável, entregue a uma vida de devassidão, arrogância, egoísmo e violência.

Até que, em 1180, o Arcanjo São Miguel lhe apareceu e pediu que contemplasse o cume de uma colina.

Galgano viu então Jesus e Maria em pé, no interior de um templo, cercados pelos 12 Apóstolos. A presença do próprio Deus parecia envolvê-los.

Atônito, o jovem sentiu uma força invisível empurrando-o em direção ao cume do Monte Montesiepi.

San Galgano Guidotti, Pietro di Giovanni d'Ambrogio, 'Il Sassetta'  (1410–1449)
San Galgano Guidotti, 
Pietro di Giovanni d'Ambrogio, 
'Il Sassetta'  (1410–1449)
Ao chegar lá, a visão se desvaneceu e uma voz, identificada com o Arcanjo São Miguel, se dirigiu a ele novamente, dizendo: “Renuncia a todos os bens e prazeres terrenos”.

Diante desse pedido radical, Galgano se mostrou cético. O príncipe dos Arcanjos lhe fez sentir que ele tinha toda uma vida de pecado incompatível com a nobreza, pelo que ele devia expiar com penitência.

Galgano respondeu que mudar de vida ser-lhe-ia tão difícil como atravessar uma pedra com sua espada.

E para dar força ao que acabava de dizer, sacou sua espada da bainha e a cravou numa pedra próxima.

Mas eis que, em vez de a lâmina se quebrar, afundou até o cabo na rocha como se fosse manteiga...

O cavaleiro ficou tão comovido que jurou colocar uma cruz no local da aparição do Arcanjo.

De fato, o gládio afundara tanto, que só ficou sobressaindo a empunhadura, formando uma cruz.

Ele caiu de joelhos, entregou-se a Deus, renunciou a seus títulos e posses, e se retirou para uma caverna no topo do Montesiepi.

Depois construiu uma cabana ao lado da espada cravada na pedra.

Ali, pelo resto de sua curta vida, se converteu num santo ermitão dedicado a Deus e às visões que testemunhou, não sem causar espanto a seus entes queridos.

Morreu um ano depois, em 3 de dezembro de 1181, aos 33 anos.

Em 1185, pouco depois da morte de Galgano Guidotti, o Papa Lúcio III declarou-o santo.

Para preservar a espada, a Igreja construiu ao redor dela uma Capela de forma circular, que se tornou local de peregrinação, onde viajantes, peregrinos e curiosos afluíam em massa para contemplar a espada milagrosamente cravada na pedra.

Prodigioso fato confirmado


Capela de Montesiepi
Capela de Montesiepi
O gládio continua no local para ser visto e venerado por quem quiser. Porém, em nossa época revolucionária, aumentaram não os crentes, mas os céticos, que põem em dúvida fato tão maravilhoso.

Então, em 2001, padres da Capela Montesiepi solicitaram a cientistas da Universidade de Pavia estudar o prodígio, visando confirmar ou não os rumores de que não passava de uma lenda ou crendice medieval.

Foi escolhido para essa tarefa o químico Luigi Garlaschelli, “investigador do oculto”, que se destacou espalhando palhaçadas a respeito do Santo Sudário de Turim, até ser desmentido por cientistas sérios.

Primeiramente Garlaschelli descobriu, para seu espanto, que o estilo da espada correspondia àquelas feitas no final do século XII, época do milagre, fato confirmado pela datação por carbono.

Portanto, a espada não é uma falsificação nem uma réplica moderna.

Para espanto ainda maior, verificou que várias pessoas já tinham tentado retirar a espada da pedra.

Na década de 1960, um homem havia conseguido puxar parte da espada, e em 1991 outro homem fez o mesmo.

Após essas tentativas, os sacerdotes prenderam a espada com concreto ou chumbo, para garantir que o gládio não fosse quebrado.

Isso levou algumas pessoas a acreditarem que não era mais a mesma espada original e que alguém a havia substituído por uma falsa, ou que a metade inferior da espada não existia.

Mas quando o químico Garlaschelli removeu a metade superior da espada, a linha de quebra se encaixou perfeitamente, e a metade inferior da lâmina permaneceu na rocha.

Radar geológico ratifica o prodígio


A pedra com a espada no centro da capela
A pedra com a espada no centro da capela
Graças aos documentos oficiais vaticanos de canonização de São Galgano, bem como a uma série de biografias escritas por autores posteriores, a historicidade do santo está muito mais bem atestada do que a de muitas figuras históricas.

Muitos relatos contemporâneos da vida do nobre cavaleiro evocam sua vida virtuosa após a conversão e as inumeráveis graças obtidas por sua intercessão após a morte.

Cientistas da Universidade de Pavia constataram com um radar geológico que a espada estava de fato profundamente cravada na rocha e que a lâmina havia penetrado sem se quebrar.

Não puderam explicar como isso foi possível. O radar também permitiu identificar uma cavidade sob a rocha, suficiente grande para ser um túmulo, possivelmente contendo os restos mortais de São Galgano.

Os moradores acreditavam desde remotos séculos que o corpo do santo está enterrado perto da pedra, mas ninguém sabe exatamente onde.

Segundo a tradição, lobos defenderam São Galgano, já eremita, devorando um ladrão que queria roubar a espada.

As mãos do bandido ficaram exibidas na capela como um aviso a potenciais ladrões.

Até hoje se exibem, na capela de Montesiepi, as duas mãos mumificadas.

Com base na datação por carbono, determinou-se que ambas também datam do século XII.


segunda-feira, 10 de março de 2025

Revolta contra o Dilúvio levou a construir a Torre de Babel

Arca de Noé, afresco na igreja de San Maurizio, Milão
Arca de Noé, afresco na igreja de San Maurizio, Milão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Entre muitos outros exemplos da transmissão da narração do Dilúvio em povos muito antigos se pode citar o mito caldeu que evoca Noé com o nome de Utnapishtim (“ele encontrou a vida”, ou “muitíssimo sábio”).

Segundo essa lenda Utnapishtim teria sido um rei da antiga cidade de Shuruppak, no sul do Iraque.

Essa figura faz pensar em Noé que sobreviveu ao Dilúvio construindo e ocupando um barco descrito no mito do dilúvio de Gilgamesh. Cfr. Wikipedia, “Utnapistim”.

Ele é chamado por nomes diferentes: Ziusudra (“Vida de longos dias”), Shuruppak (em homenagem à sua cidade), Atra-hasis (“extremamente sábio”) nas primeiras fontes acadianas, e Uta-napishtim em fontes acadianas posteriores, como a Epopeia de Gilgamesh.

A Epipeía de Gilgamesh e o relato mais antiga da história da humanidade, malgrado seus aspectos lendários
A Epopeia de Gilgamesh e o relato mais antiga da história da humanidade,
respeitada malgrado seus aspectos lendários
A Acádia é mencionada no Génesis (10:10) como sendo uma das cidades principais no nível de Babel, do império de Ninrode o fautor da Torre de Babel.

Levado pelo orgulho e a vontade de “ser como Deus” Ninrode que dizia ser filho de uma virgem, levou a humanidade então toda unida a construir a Torre de Babel:

“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.” (Gênesis 11:4).

Na língua acadiana Babel significaria “Portão de Deus”, mas para os hebreus desde antigo era sinônimo de “confusão” ou “caos”,  pois Deus castigou seu orgulho com o contrário do que pretendiam, dispersando-os pela terra com suas línguas confundidas.

O Império Acadiano incluiu os sumérios e atingiu seu ápice entre os séculos XXIV e XXII a.C., e na sua decadência foi substituída pelos das cidades de e Ur, Nínive e Babilônia. É o mais antigo império conhecido nos reportando às origens da História.



Uta-napishtim é o oitavo dos reis antediluvianos na lenda mesopotâmica, enquanto Noé foi o terceiro depois de Enoque na genealogia do Gênesis.

Ele teria vivido por volta de 2900 a.C., nas narrativas mesopotâmicas, que o apresentam como o Herói do Dilúvio, encarregado por um Deus de criar um navio gigante chamado de Preservador da Vida em vistas de uma inundação universal que destruiria toda a vida.

O castigo pela Torre de Babel foi a confusão das línguas e a dispersão dos homens. Colorização de gravura de Gustave Doré
O castigo pela Torre de Babel
foi a confusão das línguas e a dispersão dos homens.
Colorização de gravura de Gustave Doré
A lenda caldéia diz que a Arca ou o Preservador da Vida era feita de madeira sólida, e tinha em comprimento e largura 200 pés, em todos os sentidos, ocupando o espaço de um acre.

No interior tinha sete andares, cada um dividido em 9 seções. Essa Arca teria sido terminada completamente no sétimo dia e a entrada do navio foi selada assim que todos embarcaram.

O personagem central também levou sua esposa, família, parentes es artesãos de sua aldeia, filhotes de animais e grãos. A enchente que se aproximava eliminaria todos os animais e pessoas que não estivessem no navio.

Após doze dias na água, Uta-napishtim abriu a escotilha de seu navio para olhar ao redor e viu as encostas do Monte Nisir, onde ele posou seu navio por sete dias.

No sétimo dia, ele enviou uma pomba para ver se a água havia recuado, e a pomba não conseguiu encontrar nada além de água, então ela retornou.

Então ele enviou uma andorinha, e assim como antes, ela retornou, não tendo encontrado nada.

Finalmente, Uta-napishtim enviou um corvo que vendo o recuo das águas voou em círculos ao redor da arca, mas não retornou. Uta-napishtim então libertou todos os animais e fez um sacrifício aos deuses.

Ele havia preservado a semente do homem permanecendo leal e confiante a seus deuses.

A lenda é uma confirmação colateral da verdade da narração da Bíblia, transmitida por uma outra civilização muito dedicada aos fenômenos astronômicos e de uma das de muito maior antiguidade da humanidade.









segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Mapa mais antigo do mundo fala da Arca de Noé

Arca de Noé, colorização de detalhe da gravura de Gustave Doré
Arca de Noé, colorização de detalhe da gravura de Gustave Doré
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O dilúvio universal narrado na Bíblia é um fato lembrado em todas as religiões, inclusive as mais primitivas e sem escritura e orais.

E o mapa mais antigo conhecido pelo homem, recém decifrado, também fala da Arca de Noé.

Trata-se de um fragmento de argila de apenas 12 centímetros que fascina arqueólogos e pesquisadores desde sua descoberta na Mesopotâmia há 143 anos, informou “El Mundo” de Madrid.

A descoberta foi feita em 1882 pelo proeminente assiriólogo Hormuzd Rassam. Ele é considerado uma das figuras mais importantes no estudo da civilização assíria, e desenterrou o mapa nos restos da cidade babilônica de Sippar, às margens do Rio Eufrates, ao sul do atual Iraque.

A peça foi adquirida pelo Museu Britânico em 1882 e o texto foi traduzido pela primeira vez em 1889.

O Mapa Babilonico do Mundo é o mais antigo da humanidade
O Mapa Babilônico do Mundo é o mais antigo da humanidade
No Museu Britânico, em Londres, os pesquisadores passaram anos tentando decifrar seu conteúdo que permanecia enigmático.

Em 1995, Irving Finkel e a pesquisadora Edith Horsley, fizeram uma descoberta crucial: uma parte da tabuleta que se inseria no ponto mais alto dela.

Eles localizaram esse fragmento esquecido nos depósitos do imenso Museu Britânico. Ao montá-lo no canto quebrado da tabuleta, eles se depararam com uma das histórias mais emblemáticas e repetitivas da humanidade: a narração do Grande Dilúvio e da Arca de Noé.

A tabuleta consiste em três partes: o mapa-múndi, um texto acima dele e um texto no verso. Diferenças sistemáticas entre os textos sugerem que ela pode ter sido compilada a partir de três documentos separados.

Conhecida como Imago Mundi, a tábua de argila tem 3.000 anos é considerada o mapa-múndi mais antigo já encontrado.

O Mapa Babilônico do Mundo (também Imago Mundi ou Mappa mundi) foi datado como não anterior ao século IX a.C. sendo mais provável que tinha sido feito pelo final do século VIII ou VII a.C., segundo a Wikipedia.

É a mais antiga representação conhecida do mundo. Outro fragmento pictórico classificado como VAT 12772, apresenta uma topografia semelhante, mas seria anterior de aproximadamente dois milênios.

O explorador e arqueólogo Hormuzd Rassam, descobriu a Imago Mundi no século XIX
O explorador e arqueólogo Hormuzd Rassam,
descobriu a Imago Mundi no século XIX
O mapa é centrado no Eufrates, fluindo do norte (topo) para o sul (embaixo), com sua foz rotulada de “pântano” e “vazão”. A cidade da Babilônia é mostrada no Eufrates, na metade norte do mapa.

Aparecem assim a Mesopotâmia cercada por um “rio amargo” circular ou oceano, e sete ou oito regiões estrangeiras.

O mapa é circular com dois círculos de limite. A escrita cuneiforme rotula todos os locais no mapa circular, bem como algumas regiões fora.

Os dois círculos representam um corpo de água rotulado id maratum “rio amargo” ou mar salgado. 

Babilônia é posta ao norte do centro; linhas paralelas na parte inferior parecem representar os pântanos do sul da Mesopotâmia, e uma linha curva vinda do norte-nordeste parece se referir às montanhas Zagros do Irã.

Irving Finkel conseguiu transcrever as inscripções do Imago Mundi.
Irving Finkel conseguiu transcrever as inscrições do Imago Mundi.
Existem sete pequenos círculos internos dentro do perímetro do círculo, parecendo representar sete cidades. Sete ou oito seções triangulares fora do círculo de água representam “regiões” nomeadas nagu. Sobreviveram as descrições de cinco delas.

Na parte da frente, acima do mapa, um texto de 11 linhas descreve parte da criação do mundo por Deus, que diz ser o patrono da Babilônia, e que separou o Oceano primordial criando a Terra e o Mar.

E acrescenta que criou os peixes no Mar incluindo “a grande serpente marinha”.

Em seguida, descreve a Terra, e menciona pelo menos quinze animais terrestres, entre eles a cabra montesa, gazela, leão, lobo, macaco e macaca, avestruz, gato e camaleão.

Esquematização do Mapa Babilonico do Mundo
Esquematização do Mapa Babilônico do Mundo
Com exceção do gato, todos esses animais eram típicos de terras distantes da Caldeia onde foi feito o mapa.

No verso de 29 linhas parece descrever pelo menos oito nagu ou regiões. Após uma introdução, possivelmente explicando como identificar o primeiro nagu, é dada uma breve descrição de cada um dos oito nagu.

Mas os do primeiro, segundo e sexto estão muito danificados para serem lidos. O quinto nagu tem a descrição mais longa, mas também está danificado e indecifrável.

Concluindo, o mapa é uma descrição panorâmica dos Quatro Quadrantes do mundo.

Por fim, as duas últimas linhas registram o nome do escriba que fez a tabuinha e que diz tê-la copiado de um exemplar ainda mais antigo.



continua no próximo post: Revolta contra o Dilúvio levou a construir a Torre de Babel