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O sangue de São Januário liquefeito |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O milagre da liquefação do sangue do mártir São Januário (ou San Gennaro em italiano) acontece quase todo ano em duas datas principais.
A primeira data da liquefação anual é o sábado que precede o primeiro domingo de maio, festa da translação das relíquias do santo a Nápoles.
A segunda é o dia 19 setembro, festa litúrgica do aniversário do martírio do bispo São Januário. Nas duas datas o sangue se dissolve também nos sete dias sucessivos, segundo relatou “Il Fatto Quotidiano”.
A relação com eventos nefastos é feita pelos fiéis quando não há liquefação do sangue em alguma dessas duas datas. A Igreja não adota nenhuma interpretação, mas deixa correr as suposições piedosas, e até agora não declarou o prodígio como "milagre".
Porém, para pasmo de todos, a liquefação acontece também em datas aleatórias, como 16 dezembro, dia em que no ano 1631 impetuosas torrentes de lava do Vesúvio desciam rumo à cidade de Nápoles, com força para destruí-la como outrora Pompeia e Herculanum.
Os napolitanos confiaram sua vida e sua cidade a São Januário e levaram o artístico busto que contém o crânio e relíquias do santo em procissão pelas ruas. A lava então parou inexplicavelmente na orla da cidade que foi salva.
A média é de 17 liquefações por ano e desde 1389 até hoje foram registradas cerca de 10 mil, sendo verossímil que houve muitas outras não anotadas, explicou um cientista convocado a estudar o caso.
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O sangue de San Gennaro não-liquefeito, sólido |
Nele está escrito: “foi feita uma solene procissão em que por milagre, Jesus Cristo Senhor Nosso mostrou seu poder no sangue do beato Januário, que estava numa ampola e se liquefez, como se tivesse saído nesse dia do próprio corpo do Beato”.
O santo foi bispo de Benevento e o imperador Diocleciano mandou decapitá-lo, crime acontecido no dia 19 setembro do ano 305. Durante a execução, uma mulher nobre de nome Eusébia recolheu em duas ampolas o sangue do mártir que ocultou dos carrascos.
Em 1988 o Cardeal Michele Giordano, arcebispo de Nápoles, pediu ao cientista Pierluigi Baima Bollone, professor de Medicina Legal na Universidade de Turim, que tinha uma longa experiência estudando o Santo Sudário, que examinasse com o mesmo rigor científico o sangue de San Gennaro, continua “Il Fatto Quotidiano”.
Sobre Pierluigi Baima Bollone:
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O cientista realizou uma espectroscopia – técnica que emprega a radiação a fim obter dados da estrutura e das propriedades da matéria – aplicando a câmera sobre a ampola com o sangue do padroeiro napolitano, quando estava em estado fluido.
O resultado fez emergir a presença da hemoglobina – proteína presente nos glóbulos vermelhos que é a responsável pela coloração vermelha do sangue – e os subprodutos de sua degradação.
“Este resultado – afirmou Baima Bollone – não prova com certeza absoluta a presença de sangue, mas leva razoavelmente a excluir que se trate de uma matéria de outra natureza.
“Todas essas constatações convergem para a conclusão de que o evento de San Januário acontece sobre matéria certamente humana”.
Não é bem difundido, mas a liquefação de sangue de mártires católicos é mais frequente do que se conhece comumente.
Há o caso do sangue de São Pantaleão (fim do século III), conservado por séculos na Itália e que se torna líquido anualmente a 27 de julho.
Também uma parte desse sangue que outrora foi levado ao Real Mosteiro da Encarnação de Madri, Espanha, se liquefaz no mesmo dia 27 de julho
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Pierluigi Baima Bollone, professor de Medicina Legal na Universidade de Turim |
O prof. Baima Bollone também especificou que não parece haver um fator natural constante como a temperatura ambiente ou o horário ou algum ponto de fluidificação definido no conteúdo da ampola.
O derretimento pode acontecer em um ambiente no qual a temperatura varia de 30 graus nos meses quentes a 5-6 graus nos dias frios.
Não há nem mesmo uma relação entre a temperatura e a velocidade da mudança de estado, que é muito diferente de uma liquefação para outra.
O grau de fluidificação se manifesta sem regras. De fato, em alguns casos, o líquido derretido flui como água, enquanto em outros é pastoso, viscoso e quase borrachento.
Às vezes, contém o chamado “globo”, uma porção de substância que não é completamente liquefeita.
A cor também varia, passando de preto a vermelho-escuro, ora vermelho-vivo ora vermelho-amarelado.
O volume também muda e parece dobrar, e muitas vezes forma espuma.
Finalmente, o peso muda com uma oscilação de até trinta gramas, em alguns casos até em relação inversa às variações de volume: aumenta esse e diminuiu o peso, e vice-versa.
“Tudo isso – explicou Baima Bollone – escapa a qualquer explicação científica possível”.
Mais cientistas confessam incapacidade da ciência diante do prodígio
A análise espectroscópica do Prof. Baime Bollone em 1989 concordou com a primeira análise similar de 25 de setembro de 1902 feita pelos professores Sperindeo e Januario (Ferdinando Grassi, I Pastori della Cattedra Beneventana, Auxiliatrix 1969, pag. 13, apud UCCR)
Em fevereiro de 2010, o Departamento de Biologia Molecular da Universidade Federico II de Nápoles, guiado pelo professor Giuseppe Geraci, demonstrou definitivamente a presença de sangue humano dentro da ampola San Gennaro.
Após quatro anos de intensas pesquisas, o biólogo afirmou: “apliquei o máximo rigor científico a um acontecimento considerado absolutamente metafísico, inexplicável”.
E após centenas de observações e levantamentos, chegou a uma confirmação substancial da posição do professor Baima Bollone e sua análise espectroscópica.
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O Cardeal Sepe exibe o sangue de San Januário liquefeito |
Geraci concluiu que “quanto a San Januário, não há dados científicos unívocos que expliquem por que essas mudanças ocorrem.
“Não basta atribuir ao movimento a capacidade de dissolver o sangue, o líquido muda de estado por motivos ainda a serem identificados” (Il Mattino di Napoli, 5/2/10, apud UCCR)
O prof. Geraci apresentou suas conclusões à Academia Nacional de Ciências física e matemática presidida em Nápoles pelo reitor Guido Trombetti e um congresso de altos cientistas.
Nela, o biólogo Geraci voltou a reconhecer a incapacidade da ciência para desvendar o evento: “não sabemos em que circunstâncias o sangue da ampola de San Januário passa de sólido para líquido e vice-versa” (Il Levante, 9/5/10, apud UCCR).
E voltou a sublinhar “na liquefação do sangue de San Gennaro permanece o mistério de que em alguns casos o sangue permanece sólido e em outros se dissolve sem intervenção externa”.
A posição do biólogo Gerasi foi reforçada pelo matemático Guido Trombetti, Presidente da Academia de Ciências Matemáticas e Físicas, e ex-Presidente da Conferência de Reitores das Universidades Italianas.
Ele disse: “no caso guardado na catedral certamente há sangue humano... devemos parar com a alegada superioridade intelectual da posição dos não crentes sobre a dos crentes” (Il Messaggero, 7/2/10, apud UCCR)
Por muito tempo aqueles, mesmo entre os cientistas, que alegaram a falsidade do milagre de San Gennaro, tentaram explicar o prodígio pelas repetidas oscilações da caixa contendo o sangue feito pelos eclesiásticos responsáveis. Essa suposição ficou afastada nos testes.
Por vezes esses movem a ampola com o sangue para evidenciar ante os fiéis se se deu a liquefação ou se se mantém sólido.
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Busto de San Gennaro, catedral de Nápoles conserva o crânio e ossos do mártir |
Na verdade, a oscilação do relicário não desencadeia a liquefação do sangue.
Nos últimos anos quando foi aberto o cofre que continha o relicário com a relíquia, nas duas datas principais, em maio e em setembro, o sangue já estava completamente dissolvido, sem ter sido sujeito a qualquer movimentação.
A última não-liquefação de 16 dezembro se caracterizou, como sempre, com uma expectativa popular bem menor e a ausência habitual dos altos eclesiásticos da arquidiocese.
Entrementes, aquilo que “Il Mattino”, o principal jornal de Nápoles e maior do sul da Itália, qualificou de “terrível 2020” suscitou temores alimentados pelo espetáculo deplorável da pandemia universal.
“Se há alguma coisa que deve se derreter, é o coração do homem” disse o pároco de Santa Maria Assunta na catedral de Nápoles, Mons. Vincenzo Papa, em referência a uma necessidade de profunda conversão.
Aliás, é o que Nossa Senhora vem pedindo em Fátima e La Salette há mais de um século.
Infelizmente vem encontrando os ouvidos endurecidos à graça diante da perspectiva de tremendos castigos de que a atual pandemia parece ser um início.
Parabéns sempre por todas as matérias!!!
ResponderExcluirAdoro lê-las!!!
Att
Gloria Á Deus, com certeza nosso Santo está às portas!!!!
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