Planeta extrasolar GJ 436b. Imagem artistica |
Localizado na constelação do Leão, a 30 anos-luz da Terra, ele foi descoberto originalmente – segundo equipe do Observatório de Genebra – pelos cientistas do Carnegie Institute de Washington e da Universidade de Califórnia–Berkeley, tendo sido chamado GJ 436b, ou também Gliese 436b.
Não é o primeiro planeta a ser descoberto fora do sistema solar. E provavelmente não será o último, pois muitos outros ainda poderão ser detectados.
O planeta possui características surpreendentes para quem está habituado à nossa aconchegante Terra.
De acordo com os astrônomos, que usaram o Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, o GJ 436b tem o tamanho de Netuno.
Ele orbita a pequena distância da estrela vermelha Gliese 436. Por isso, seu ano dura 2 dias e 15 horas e meia. A proximidade de seu sol faz com que a temperatura estimada na sua superfície seja de 439 °C.
O GJ 436b comparado com a Terra |
Porém, o verdadeiramente surpreendente é que no Gliese 436b, sob temperaturas que fazem evaporar a água, esta se encontre em estado sólido!!!
Segundo os cientistas, a contradição de água quentíssima (acima do ponto de evaporação) em estado sólido (como o gelo) é explicável pela fabulosa pressão existente no planeta.
“A água está congelada pela pressão, mas é quente. É meio estranho, estamos acostumados ao fato de a água mudar de condição devido à temperatura, mas na realidade a água também pode ser solidificada pela pressão”, disse o astrônomo Frederic Pont, que ajudou na descoberta.
Planeta extrasolar Gliese 436b numa outra imagem artistica |
“A partir do tamanho e da massa obtemos a densidade”, afirmou Pont, explicando que a densidade do planeta sugere que ele seja feito de água.
Os astrônomos já encontraram cerca de 200 planetas orbitando outras estrelas que não o nosso Sol. Muitos deles parecem ser gigantes de gás como Júpiter, hipótese que põe em relevo a singularidade do Gliese 436b.
A existência desse planeta tão original – e de outros, também muito originais, que poderão ser descobertos pela ciência – levanta um tema que não costuma ser tratado na nossa época de pouco interesse pelos temas relacionados com a fé, sobretudo com Deus.
Mas, nos séculos da Fé – e até entre os filósofos pagãos gregos –, o assunto foi levantado, gerou disputas do mais alto nível, e explicitações que ajudam a compreender a existência do planeta agora descoberto.
Trata-se da questão mais conhecida como “os possíveis de Deus”.
Em termos simples, ela se formula assim:
1) Deus é onipotente e criou o Universo tal como nós o conhecemos.
3) Sendo Ele infinito, na mente divina haveria incontáveis universos possíveis, como na mente de um artista há inumeráveis obras de arte possíveis.
4) A questão desdobra-se em muitas outras: por que é que Ele fez o mundo do jeito que o conhecemos. Não poderia tê-lo feito melhor? E assim por diante.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino – o Anjo das Escolas – deu as respostas certas a essas indagações, respostas que orientam desde então os bons teólogos.
Resumindo muito, Santo Tomás, juntamente com Santo Agostinho, afirma que em Deus existem incontáveis mundos e coisas possíveis, quer dizer, que Ele poderia ter criado.
Mas, como Deus faz tudo com suma perfeição e sabedoria, na hora de criar o Universo Ele escolheu a estrutura mais perfeita, que mais resplandecesse Sua sabedoria e Lhe rendesse maior glória.
E não adianta dizer que no nosso vale de lágrimas – ou seja, na Terra – há coisas que não são boas, como a doença e o pecado, e que, portanto, Deus errou ou escolheu o modelo errado quando a criou.
Essa objeção seria verdadeira – embora quase blasfema – se toda a Criação se resumisse no planeta Terra. Mas não é assim. A Terra é apenas um local de exílio para o homem pecador que abandonou o Paraíso pelo próprio pecado.
O Paraíso também faz parte do Universo criado, assim como o Céu Empíreo, quer dizer, o local material onde estão os corpos santíssimos de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora.
Para ali também irão os bem-aventurados após a Ressurreição dos corpos, a fim de ali gozarem eternamente enquanto suas almas contemplam a Deus.
Partindo do Céu Empíreo, os bem-aventurados poderão visitar o Paraíso – esta Terra purificada pelo fogo da conflagração final – e reviver os momentos transcendentais de sua vida na Terra.
Os corpos resurrectos poderão visitar sem esforço nem constrangimento todos os locais do universo – inclusive o GJ 436b! –, contemplando a maravilhosa obra do Criador.
Fazem parte ainda da Criação – e formam sua parte principal – os espíritos celestes, isto é, os nove Coros de anjos, com os quais os bem-aventurados viverão em comércio habitual.
Então ficará evidente a sabedoria suprema de Deus ao escolher as proporções, formas e variedades hierárquicas harmônicas deste Universo que Ele quis criar para Lhe dar glória extrínseca eternamente.
Mas, voltando ao GJ 436b, as descobertas neste planeta nos falam de um “possível de Deus” realizado num astro longínquo.
Elas nos instruem sobre o ilimitado poder e a infinita criatividade de Deus, que estonteiam sábios e ignorantes.
Por vezes, encontramos fotografias submarinas com peixes de cores, formas e movimentos inimagináveis, circulando entre corais, algas, animais marinhos e formações rochosas inesperadas.
Mais uma lição divina dos incontáveis possíveis de Deus – nestes casos instalados no fundo do mar – para que os homens, um dia ali descendo, compreendessem o formidável poder e riqueza da inteligência criadora de Deus.
O mesmo poderíamos argumentar com base em locais inóspitos para o homem nesta Terra, mas dotados de belezas únicas.
Os gelos da Antártida, por exemplo. Como seria um mundo todo feito da alvura, luminosidade e cristalinidade dos gelos dos polos?
Ou com base nas belezas das culminâncias das mais altas montanhas do Himalaia ou dos Andes que tantas pessoas vão procurar até com risco da própria vida?
Ou até com a beleza fascinante de desertos como o Saara...
Quiçá ainda teremos ocasião de voltar em outro post à consideração dos “possíveis de Deus”, cuja riqueza insondável a descoberta de GJ 436b nos convida a admirar e adorar.
Também convida a reconhecer nossa pequenez, e a compreender a bondade divina que nos tirou do nada para sermos filhos de um Deus de tal maneira magnífico.
Excelente artigo, conheci esse blog hoje e já gostei de cara.
ResponderExcluirInteressante! Eu mesmo -enquanto fazia quimioterapia- pensava que, se morresse, talvez pudesse visitar estes lugares longínquos do Universo. Não faço questão nem tenho pressa de experimentar, afinal, mas é confortante saber que São Tomás já havia dado a resposta.
ResponderExcluirAbraços
uma das melhores explicação que eu já vi, para responder a ciência moderna que so cre naquilo que toca ... mas esquece daquilo que os olhos ve ...
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