segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Descobertas capelas dos católicos japoneses
perseguidos durante séculos

Gruta perto de Nagasaki, sobre o mar. Os católicos reunidos foram pegos e martirizados
Gruta perto de Nagasaki, sobre o mar.
Os católicos reunidos foram pegos e martirizados
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs



Na região japonesa de Taketa, muito considerada pela sua beleza natural, foram descobertas oito capelas católicas escavadas na pedra durante a perseguição desencadeada pelo Shogun, governador militar do império, informou a agência Zenit.

Situada no centro da prefeitura de Oita Kyushu, Taketa também é conhecida como a pequena Kyoto e está rodeada por montanhas e pelo rio Ono.

Lá estão as águas termais mais conhecidas do império do sol nascente.

Mas a região é também onde a graça do batismo foi vertida com maior abundância.

Quando os missionários chegaram à localidade, ela se converteu e foi um dos centros com maior presença católica do Japão.

Um nobre samurai, batizado por São Francisco Xavier em Oita, foi para Taketa.

Capela escavada na pedra em Taketa
Capela escavada na pedra em Taketa
Ali, muitos grandes proprietários de terra foram conquistados pelo exemplo do nobre guerreiro e foram professando a Fé católica.

O primeiro grupo contava 200 fiéis, mas não demorou para que em Taketa que tinha uma população de 40.000 habitantes, mais de 30.000 adotassem o catolicismo.

A grande cidade vizinha, Nagasaki, também passou a ser maioritariamente católica.

Tudo mudou com a perseguição religiosa pagã, instigada secretamente pelos protestantes holandeses que também tinham chegado ao país.

Temendo a morte, inúmeros apostataram, mas muitos outros – calcula-se que a metade – passaram a praticar o catolicismo na clandestinidade.

Mantiveram-se firmes na fé inclusive desprovidos de sacerdotes que pudessem lhes administrar os Sacramentos ou celebrar a Missa.

Os católicos perseguidos construíram esconderijos nas florestas que rodeiam a cidade a fim de praticar suas devoções, ensinar o catecismo e professar sua fé.

Atual castelo de Shimabara que alberga o Museu
Atual castelo de Shimabara que alberga o Museu
Não podendo ter igrejas, eles escavaram as pedras dos morros, abrindo pequenos locais de culto para se reunirem e rezar.

Localizadas por Goto Atsusi, cujos antepassados foram “católicos ocultos”, oito dessas comovedoras capelas esculpidas na rocha podem agora ser visitadas.

Acredita-se que exista pelo menos uma centena delas nas rochas vulcânicas de Taketa.

Estas rochas são muito resistentes e após quatro séculos podem ser visitadas.

Nessas capelas “catacumbais” católicos japoneses cheios de fé perseveraram durante séculos, aguardando a vinda de missionários genuinamente católicos.

Samurai com terço no pescoço
Samurai com terço no pescoço
A descoberta

Em 2011, o secretário para a herança cultural de Taketa leu uma referência a essas capelas num escrito novelesco.

Porém, ele intuiu que havia verdade no relato e saiu à procura das capelas dos “católicos escondidos”. E achou oito delas.

O sacerdote jesuíta Cristian Martini Grimaldi foi até Taketa a ver os achados.

Ele era missionário havia décadas no Japão e foi recebido pelo prefeito Katsuji Syuto.

O prefeito levou-o até uma casa onde se praticava o catolicismo “catacumbal”.

O missionário descreveu sua viagem no “L’Osservatore Romano” (9/1/2014).

A descoberta trouxe à tona os trabalhos arqueológicos que pesquisam a resistência católica de Shimabara.

Entre 1637 e 1638, os católicos perseguidos se concentraram na fortaleza de Hara, sendo sitiados por poderosos exércitos pagãos.

Livros descrevem que, em momentos de desespero, os camponeses se apoiavam na fé, levantando cruzes e bandeiras brancas.

Cruz de bronze desenterrada em Shimabara
Cruz de bronze desenterrada em Shimabara
Para adquirir coragem, rezavam e gritavam os nomes de Jesus Cristo e da Virgem Maria.

De início, nem todos os que se reuniram na fortaleza eram católicos.

Porém, no calor da luta muitos pagãos foram pedindo o batismo.

Uma escavação arqueológica na fortaleza foi iniciada em 1992 com o patrocínio da prefeitura de Nagasaki.

Nos trabalhos estão sendo exumadas imagens de bronze de Jesus, de Maria e de São Francisco Xavier, além de cruzes e rosários.

Espada de samurai com a Cruz gravada
Espada de samurai com a Cruz gravada
Muitos desses objetos de piedade, assim como armas, estão expostos num museu especial dentro do atual castelo de Shimabara.

Podem-se ver espadas de samurai (cavaleiros e guerreiros nobres) com a Cruz gravada nelas, vasos com cruzes, etc.

Também foram recuperadas peculiares imagens católicas.

Elas num primeiro relance parecem ídolos pagãos, porém bem observadas são imagens católicas assim feitas para distrair os perseguidores.



continua no próximo post: Arqueólogos revelam história heroica dos católicos japoneses perseguidos durante séculos – 2


6 comentários:

  1. Manoel Ricardo da Rocha Fiúza4 de fevereiro de 2014 às 09:34

    Que maravilha! É edificante e comovedor em extremo!

    ResponderExcluir
  2. Que lindo, isto! DEUS SEJA LOUVADO!! Obrigada, pela informação.

    ResponderExcluir
  3. É muito bom saber que em uma região na qual o budismo é a religião predominante, existiu e existe uma fé cristã tão forte. Parabenizo a equipe responsável pelo blog. pela reportagem.

    ResponderExcluir
  4. Esqueceram de comentar que esses católicos japoneses planejavam trair o próprio pais para a entrada dos católicos portugueses e espanhóis. Pergunta para os índios e o negros ( que não sofreram lavagem cerebral) se o tratamento dos católicos é bom.

    ResponderExcluir
  5. Maravilhoso saber que nasci numa religiao que a fe e o principio de tudo

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.