segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A destruição de Jerusalém pelos babilônios
exposta à luz do dia

Após a destruição de Jerusalém, o povo eleito foi levado cativo para Babilônia. Aquarela de Joseph Jacques Tissot, 1836 – 1902.
Após a destruição de Jerusalém, o povo eleito foi levado cativo para Babilônia.
Aquarela de Joseph Jacques Tissot, 1836 – 1902.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





Arqueólogos israelenses exumaram camadas de entulho queimado que corroboram a narração bíblica da destruição de Jerusalém pelo exército do rei de Babilônia Nabucodonosor, no ano 587 a.C. – portanto, mais de 2.600 anos atrás.

A descoberta foi comunicada pela Autoridade Israelense de Antiguidades (IAA), organismo máximo de arqueologia do país.

O acontecimento está narrado no livro do Profeta Jeremias 52, 13-34. Ele indica que na tragédia o então rei de Jerusalém, Zedequias, foi levado cativo a Babilônia junto com a população da Cidade de Davi.

Eles foram deportados para trabalhar nas megalomaníacas construções de Nabucodonosor, que incluíram uma reconstrução – em escala menor – da Torre de Babel.

Nabuzardã, chefe da guarda babilônica, foi o encarregado do horroroso crime:


12. No sétimo dia do quinto mês, décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei de Babilônia, Nabuzardã, chefe da guarda e servidor do rei de Babilônia, penetrou em Jerusalém,

13. pôs fogo no templo do Senhor, no palácio real, e em todas as casas da cidade, e entregou às chamas as casas dos maiorais.

14. Em seguida, as tropas dos caldeus, que acompanhavam o chefe da guarda, demoliram as muralhas que cercavam Jerusalém.

15. E Nabuzardã, chefe da guarda, deportou para Babilônia uma parte dos pobres da terra e o que restara da população da cidade, bem como os que já se haviam rendido ao rei de Babilônia e o restante dos artífices.

16. O chefe da guarda deixou ali alguns homens pobres, como vinhateiros e lavradores.

O profeta Jeremias vitral de Santa Maria de Castro, Leicester, Inglaterra
O profeta Jeremias
vitral de Santa Maria de Castro,
Leicester, Inglaterra
17. Quebraram também os caldeus as colunas de bronze do templo do Senhor, juntamente com os pedestais e o mar de bronze que estava no templo, levando todo esse metal para Babilônia.

18. Carregaram também cinzeiros, pás, facas, vasos e demais objetos de bronze que serviam ao culto.

19. Carregou ainda o chefe dos guardas as bacias, os braseiros, vasos, potes, candelabros, taças, copos e colheres, e o que havia em ouro e prata.

20. Quanto às duas colunas, ao mar, aos doze bois de bronze que as sustentavam, e aos pedestais que Salomão mandara fabricar para o templo do Senhor, difícil seria calcular o valor do bronze de todos esses objetos.

21. A altura de uma dessas colunas era de dezoito côvados e um cordão de doze côvados cingia-lhe a volta, sendo a espessura de quatro dedos, e oco o seu interior.

22. Encimava-as um capitel de bronze de cinco côvados; uma grade de romãs, também em bronze, cercavam o alto do capitel. Era semelhante a esta a segunda coluna, com romãs em torno,

23. em número de noventa e seis, e o total das romãs, em volta da grade, era de cem.

24. O chefe da guarda aprisionou o primeiro sacerdote, Saraías, e Sofonias, o segundo e os três guardas do vestíbulo.

25. Tomou da cidade um eunuco, que era encarregado do comando dos homens de guerra, sete homens do séquito do rei que foram encontrados na cidade, o intendente do exército, encarregado do recrutamento na terra, assim como mais sessenta homens da terra que se encontravam na cidade.

26. Nabuzardã, chefe da guarda, aprisionou-os e mandou-os conduzir a Rebla, ante o rei de Babilônia.

27. E este mandou executá-los em Rebla, na região de Emat. E assim Judá foi deportado para longe de sua terra. (Jeremias, 52, 12-27)

Nas proximidades da muralha medieval de Jerusalém, os arqueólogos identificaram uma camada de destruição incluindo vários ossos, estatuetas, madeira queimada, sementes de uva, escamas de peixe e vasos de cerâmica cheios de cinzas e com sinais de queimaduras, informou o jornal “Jerusalem Post”.

Selo com desenho da roseta, usado no tempo da destruição do primeiro Templo
Selo com desenho da roseta, usado no tempo da destruição do primeiro Templo
O arqueólogo Joe Uziel, subdiretor da IAA, explicou que se pode determinar o período ao qual pertencem os restos, porque os vasos de cerâmica levam um selo com o desenho da roseta, usado pela administração do fim do reinado de Judá, disse ACI digital.

Os achados, segundo o IAA, “ilustram a riqueza e o caráter da atividade em Jerusalém, capital do Reino de Judá, e sua queda nas mãos dos soldados de Babilônia”. Também apontam que a cidade tinha crescido muito.

Entre os restos foi encontrada uma pequena estatueta de marfim, retratando uma mulher nua com uma peruca em estilo egípcio, talvez um amuleto ou ídolo. 

A estatueta sugere a decadência religiosa e moral da opulenta Jerusalém da época e torna compreensível o castigo que caiu sobre a cidade.

As características da camada e os cacos cerâmicos associados a ela batem com o que se conhece a respeito do fim do século VI a.C., justamente o período do ataque babilônico.

A estatueta, de tipo supersticioso, também fala da decadência do povo de Israel que, a exemplo de diversos outros episódios de sua longa existência, tendia a adotar falsos cultos ou crenças dos países vizinhos.

O castigo foi tremendo. A cidade e o Templo de Salomão – o qual era seu orgulho e local único do sacrifício ao Deus verdadeiro – ficaram arruinados, sendo o povo submetido à maior humilhação em Babilônia, cidade símbolo da iniquidade.

Porém, Deus não esqueceu a aliança que tinha feito com os Patriarcas. Enviou ainda seu profeta Daniel para tirar Israel do cativeiro e inaugurar a época de sua história que preparou o ambiente para a vinda do Messias.

Estatueta amuleto da fertilidade achado nas ruínas de Jerusalém
Estatueta amuleto da fertilidade achado nas ruínas de Jerusalém
O Profeta Jeremias lamentou com frases lancinantes o pecado do povo eleito e seus merecidos castigos.

Suas palavras, mutatis mutandis, poderiam se aplicar à situação do mundo e da Igreja hoje.

Ele concluiu suas inspiradas Lamentações com a promessa de fazer penitência e a esperança do reerguimento para “reviver os dias de outrora”.

Aliás, como Nossa Senhora prometeu em Fátima mas falando para os nossos dias.

2. Nossa herança passou a mãos estranhas, e nossas casas foram entregues a desconhecidos.

3. Órfãos, fomos privados de nossos pais, e nossas mães são como viúvas. (...)

5. Carregando o jugo ao pescoço, somo perseguidos, extenuamo-nos, não há trégua para nós!

16. Caiu-nos da cabeça a coroa; desgraçados de nós, porque pecamos.

21. Reconduzi-nos a vós, Senhor; e voltaremos. Fazei-nos reviver os dias de outrora. (Jeremias 5, 2 e ss)


O arqueólogo Joe Uziel, diretor de escavações do IAA, explica os achados




Reconstituição da conquista babilônica e da destruição do Primeiro Templo ou Templo construído por Salomão. Megalim Institute מכון מגלי"ם




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