segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A face do Santo Sudário foi se revelando nos séculos

Santo Sudario à direita. Rosto de Cristo em Sevilha, à esquerda, da Irmandade da Lançada, (artista Juan Manuel Miñarro)
Santo Sudário à direita. Rosto de Cristo em Sevilha, à esquerda,
(da Irmandade da Lançada, artista Juan Manuel Miñarro)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








As ciências históricas estudam incógnitas por vezes mais importantes que as indagadas pelas ciências especializadas na matéria respectiva.

Uma das mais surpreendentes e singulares dessas incógnitas está contida no rosto do Santo Sudário, mas dela se fala pouco infelizmente.

Como pudemos tratar nesta página o divino rosto de Jesus Cristo foi sendo elaborado por artistas ou simples fiéis com base em sentimentos religiosos ao longo dos milênios.

Nesse imenso período, a divina face foi sendo pintada, esculpida, etc. cada vez mais parecida com o rosto que haveria de se revelar no santo Sudário de Turim no século XIX por obra de uma fotografia tirada com equipamentos que hoje podem estar num museu!

Suponha-se que o universo dos fiéis ao longo de 1900 anos tivesse elaborado uma imagem de Cristo que depois não bateria com Aquela impressa no lenço que envolveu Jesus e que a foto de Secondo Pia captou.

Ter-se-ia criado uma crise horrível e inevitável: a Igreja – clérigos e leigos – teria errado em massa durante milênios forjando uma imagem errada de Cristo !!!



Baste considerar o fabuloso descompasso entre as imagens de Cristo excogitadas pela arte moderna e contemporânea para perceber que essa arte pouco ou nada tem de verdadeiramente cristão e está fora de todo e qualquer rumo histórico.

Essa crise teria levado à conclusão de que a Igreja Católica é falsa, que Cristo não é o Cristo da Igreja, ou qualquer outra conclusão disparatada.

Porém quando o advogado e fotógrafo amador Secondo Pia tirou a primeira foto do Santo Sudário com incipiente tecnologia, o rosto que apareceu correspondia à imagem que a graça tinha soprado nas almas durante XIX séculos!!!

Há muitos outros aspectos a considerar, inclusive de um ponto de vista espiritual e não apenas científico ou tecnológico.

Já nos primeiros séculos os artistas cristãos imaginaram o rosto de Cristo com acerto sem te-lo conhecido. Santo Sudário e Cristo Pantocrator do mosteiro de Santa Catarna no Sinai, século V
Já nos primeiros séculos os artistas cristãos imaginaram o rosto de Cristo com acerto sem tê-lo conhecido.
Santo Sudário e Cristo Pantocrator do mosteiro de Santa Catarina no Sinai, século V

Vejamos como o caso é tecnica e psicologicamente complexo.

Vejamos a complexidade para os que acreditam na face adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos historiadores da arte ainda que sem fé.

Na sua perfeição natural, uns e outros, conheceriam os princípios de toda perfeição moral e material contida no Universo.

A face é o símbolo perfeito da alma e, na criatura perfeita, Ela tem a forma perfeita e inefável de toda beleza da vida e da matéria.

Por isso no centro de todas as belezas das coisas encontramos a face adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, no centro da face adorável de Jesus Cristo está o olhar dEle que é o suco e o compêndio de toda face.

Na fisionomia do Santo Sudário encontramos a síntese de toda a vida dEle.

Ele não é como nós. Ele é divinamente elevado e na fisionomia dEle há todas as expressões.

No Santo Sudário a vida dEle está representada de um modo magnífico.

Nele a gente vê o verdadeiro holocausto que foi tão, tão alto que tornou necessária a ressurreição.

Como então representar uma expressão facial tão complexa sem ter visto a Jesus em vida ou no sepulcro enquanto era preparada sua mortalha por Nossa Senhora e pelas santas mulheres?

As rudimentares pinturas das catacumbas não indicam que os primeiros cristãos tivessem ideia da face de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou pelo menos dons artísticos capazes de exprimi-la.

Por vezes, o Bom Pastor é apresentado barbeado e os cabelos encaracolados, como era o uso dos aristocratas romanos!

Séculos depois começam a aparecer imagens que já se aproximavam da fisionomia que está no Santo Sudário.

Como isso foi feito? Pode ser a tradição, mas como é que se transmite pela tradição a figura de um rosto que ninguém pintou nem esculpiu?

A narração do Evangelho autentica o rosto, mas o Evangelho não dá os elementos para a pintura do rosto.

Mosaico bizantino na catedral Agia Sofia em Constantinopla à esquerda. Maestro da Observância, tal vez el joven Sano di Pietro (1406–1481)l à direita
Mosaico bizantino na catedral Agia Sofia em Constantinopla à esquerda.
Mestro da Observância, tal vez o jovem Sano di Pietro (1406–1481)l à direita
À medida em que os séculos foram passando, as imagens de Nosso Senhor foram ficando mais parecidas com a do Santo Sudário que, entretanto, era pouco conhecido.

Isso é inconcebível pelo processo histórico natural, porque quanto mais os séculos se afastam do personagem, tanto mais é difícil conceber como ele foi e mais difícil é representa-lo.

O imaginário ainda que elaborado por grandes artistas se afasta cada vez mais da objetividade histórica.

Com Nosso Senhor Jesus Cristo aconteceu o contrário. Quanto mais os tempos foram andando, mais as imagens foram se aproximando do verdadeiro rosto divino.

Quando algum artista conseguia pintar melhor a Nosso Senhor, havia uma aclamação dos fiéis que reconheciam o rosto de Cristo na sua obra e desenvolviam uma piedade especial por Ele.

Mas esses fiéis e artistas não viram nem conheceram o Redentor! Como se explica?

Por exemplo, todo o mundo reconhece que Jesus Cristo é verdadeiramente do jeito do Beau Dieu d'Amiens.

Também certas pinturas de Fra Angélico têm uma semelhança toda especial com Nosso Senhor Jesus Cristo.

Até que Esse se fez conhecer quando foi fotografado o Santo Sudário de Turim no século XIX.

No Santo Sudário há mais do que na muito bela imagem do Beau Dieu de Amiens porque Ele brilha pelo senso da própria sacralidade no meio daqueles sinais ensanguentados de crueldades sem conta.

Ele vela de olhos fechados perante os outros para que sua sacralidade seja reconhecida.

Ele é o apóstolo vivo de sua própria sacralidade. Isso faz do Santo Sudário uma verdadeira beleza.

Até naquela repulsa dEle em relação ao crime infinito que foi cometido contra Sua divina sacralidade.

No Santo Sudário nós ficamos diante da fisionomia de Nosso Senhor comprovada por uma presença que derrota todas as ciências e tecnologias.

Através de séculos e séculos, a força do amor nas almas transmitiu por sucessão oral a intuição de como era Ele até que no século XIX apareceu Sua fotografia.

Então, a Cristandade inteira exclamou: “É Ele”!

Beau Dieu na catedral de Amiens e o Santo Sudário
Beau Dieu na catedral de Amiens e o Santo Sudário
O problema psicológico é que quem tem uma participação no espírito dEle percebe que ali está a divina fisionomia moral.

Mas quem vê o rosto com os olhos da carne sem participação no espírito de Cristo, não percebe a fisionomia divina.

Isto se dá – christianus alter Christus – com incontáveis católicos a respeito de incontáveis situações.

Deu-se também com o povo judeu de um modo misterioso. Porque uma boa parte dos judeus em certos momentos “via” a Ele e depois, em certos outros momentos, não O “via”.

Daí aquela mixórdia de ora quererem recebê-lo em Jerusalém, triunfante, e ora preferirem libertar Barrabás e pedir que Nosso Senhor morresse.

Como se explica isso?

É que eles tinham estados de espírito mutantes, ora melhores, ora piores, dentro de um fundo de alma muito ruim.

Mas, tocados por graças muito grandes, em certos momentos eles viam.

E depois, em outros momentos, aquilo se apagava. Por culpa deles! Eles eram culpados: eles não resistiam à aridez.

Quando eu vi o Santo Sudário eu pensei o seguinte: “Eu nunca pensei que Sua seriedade pudesse chegar a esse ponto!”.

O Sacro Volto está em estado de reprovação, de quem contempla o abismo de sua própria dor, o tamanho do crime cometido, sofre por esse crime e não apenas por sua dor física.

Ele fez isso para nós compreendermos o que é a necessidade de um traço de seriedade presidindo a todos os ambientes, a todas as coisas, a todos os lugares, para ter uma civilização verdadeiramente católica.

Mistérios da Providência Divina diante dos quais os homens com todas as nossas aparelhagens, metodologias, máquinas, bibliotecas, etc., ficamos pequenos.


4 comentários:

  1. A face do Santo Sudário , realmente emite algo muito parecido com o rosto de Cristo.
    Pedro.

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde.
    GLORIAS A JESUS, AUTOR E CONSUMADOR DE SUA E MINHA FÉ.
    Sem Cristo nada seria, sem Ele não sei andar. Sem ele eu vagaria, qual barquinho no imenso mar.
    Cristo, só Cristo, queres hoje aceitar, este amigo sem par. Só Cristo meu Criisto, pois sem Ele é tudo em vão.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.