segunda-feira, 10 de março de 2025

Revolta contra o Dilúvio levou a construir a Torre de Babel

Arca de Noé, afresco na igreja de San Maurizio, Milão
Arca de Noé, afresco na igreja de San Maurizio, Milão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Entre muitos outros exemplos da transmissão da narração do Dilúvio em povos muito antigos se pode citar o mito caldeu que evoca Noé com o nome de Utnapishtim (“ele encontrou a vida”, ou “muitíssimo sábio”).

Segundo essa lenda Utnapishtim teria sido um rei da antiga cidade de Shuruppak, no sul do Iraque.

Essa figura faz pensar em Noé que sobreviveu ao Dilúvio construindo e ocupando um barco descrito no mito do dilúvio de Gilgamesh. Cfr. Wikipedia, “Utnapistim”.

Ele é chamado por nomes diferentes: Ziusudra (“Vida de longos dias”), Shuruppak (em homenagem à sua cidade), Atra-hasis (“extremamente sábio”) nas primeiras fontes acadianas, e Uta-napishtim em fontes acadianas posteriores, como a Epopeia de Gilgamesh.

A Epipeía de Gilgamesh e o relato mais antiga da história da humanidade, malgrado seus aspectos lendários
A Epopeia de Gilgamesh e o relato mais antiga da história da humanidade,
respeitada malgrado seus aspectos lendários
A Acádia é mencionada no Génesis (10:10) como sendo uma das cidades principais no nível de Babel, do império de Ninrode o fautor da Torre de Babel.

Levado pelo orgulho e a vontade de “ser como Deus” Ninrode que dizia ser filho de uma virgem, levou a humanidade então toda unida a construir a Torre de Babel:

“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.” (Gênesis 11:4).

Na língua acadiana Babel significaria “Portão de Deus”, mas para os hebreus desde antigo era sinônimo de “confusão” ou “caos”,  pois Deus castigou seu orgulho com o contrário do que pretendiam, dispersando-os pela terra com suas línguas confundidas.

O Império Acadiano incluiu os sumérios e atingiu seu ápice entre os séculos XXIV e XXII a.C., e na sua decadência foi substituída pelos das cidades de e Ur, Nínive e Babilônia. É o mais antigo império conhecido nos reportando às origens da História.



Uta-napishtim é o oitavo dos reis antediluvianos na lenda mesopotâmica, enquanto Noé foi o terceiro depois de Enoque na genealogia do Gênesis.

Ele teria vivido por volta de 2900 a.C., nas narrativas mesopotâmicas, que o apresentam como o Herói do Dilúvio, encarregado por um Deus de criar um navio gigante chamado de Preservador da Vida em vistas de uma inundação universal que destruiria toda a vida.

O castigo pela Torre de Babel foi a confusão das línguas e a dispersão dos homens. Colorização de gravura de Gustave Doré
O castigo pela Torre de Babel
foi a confusão das línguas e a dispersão dos homens.
Colorização de gravura de Gustave Doré
A lenda caldéia diz que a Arca ou o Preservador da Vida era feita de madeira sólida, e tinha em comprimento e largura 200 pés, em todos os sentidos, ocupando o espaço de um acre.

No interior tinha sete andares, cada um dividido em 9 seções. Essa Arca teria sido terminada completamente no sétimo dia e a entrada do navio foi selada assim que todos embarcaram.

O personagem central também levou sua esposa, família, parentes es artesãos de sua aldeia, filhotes de animais e grãos. A enchente que se aproximava eliminaria todos os animais e pessoas que não estivessem no navio.

Após doze dias na água, Uta-napishtim abriu a escotilha de seu navio para olhar ao redor e viu as encostas do Monte Nisir, onde ele posou seu navio por sete dias.

No sétimo dia, ele enviou uma pomba para ver se a água havia recuado, e a pomba não conseguiu encontrar nada além de água, então ela retornou.

Então ele enviou uma andorinha, e assim como antes, ela retornou, não tendo encontrado nada.

Finalmente, Uta-napishtim enviou um corvo que vendo o recuo das águas voou em círculos ao redor da arca, mas não retornou. Uta-napishtim então libertou todos os animais e fez um sacrifício aos deuses.

Ele havia preservado a semente do homem permanecendo leal e confiante a seus deuses.

A lenda é uma confirmação colateral da verdade da narração da Bíblia, transmitida por uma outra civilização muito dedicada aos fenômenos astronômicos e de uma das de muito maior antiguidade da humanidade.