segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Mapa mais antigo do mundo fala da Arca de Noé

Arca de Noé, colorização de detalhe da gravura de Gustave Doré
Arca de Noé, colorização de detalhe da gravura de Gustave Doré
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O dilúvio universal narrado na Bíblia é um fato lembrado em todas as religiões, inclusive as mais primitivas e sem escritura e orais.

E o mapa mais antigo conhecido pelo homem, recém decifrado, também fala da Arca de Noé.

Trata-se de um fragmento de argila de apenas 12 centímetros que fascina arqueólogos e pesquisadores desde sua descoberta na Mesopotâmia há 143 anos, informou “El Mundo” de Madrid.

A descoberta foi feita em 1882 pelo proeminente assiriólogo Hormuzd Rassam. Ele é considerado uma das figuras mais importantes no estudo da civilização assíria, e desenterrou o mapa nos restos da cidade babilônica de Sippar, às margens do Rio Eufrates, ao sul do atual Iraque.

A peça foi adquirida pelo Museu Britânico em 1882 e o texto foi traduzido pela primeira vez em 1889.

O Mapa Babilonico do Mundo é o mais antigo da humanidade
O Mapa Babilônico do Mundo é o mais antigo da humanidade
No Museu Britânico, em Londres, os pesquisadores passaram anos tentando decifrar seu conteúdo que permanecia enigmático.

Em 1995, Irving Finkel e a pesquisadora Edith Horsley, fizeram uma descoberta crucial: uma parte da tabuleta que se inseria no ponto mais alto dela.

Eles localizaram esse fragmento esquecido nos depósitos do imenso Museu Britânico. Ao montá-lo no canto quebrado da tabuleta, eles se depararam com uma das histórias mais emblemáticas e repetitivas da humanidade: a narração do Grande Dilúvio e da Arca de Noé.

A tabuleta consiste em três partes: o mapa-múndi, um texto acima dele e um texto no verso. Diferenças sistemáticas entre os textos sugerem que ela pode ter sido compilada a partir de três documentos separados.

Conhecida como Imago Mundi, a tábua de argila tem 3.000 anos é considerada o mapa-múndi mais antigo já encontrado.

O Mapa Babilônico do Mundo (também Imago Mundi ou Mappa mundi) foi datado como não anterior ao século IX a.C. sendo mais provável que tinha sido feito pelo final do século VIII ou VII a.C., segundo a Wikipedia.

É a mais antiga representação conhecida do mundo. Outro fragmento pictórico classificado como VAT 12772, apresenta uma topografia semelhante, mas seria anterior de aproximadamente dois milênios.

O explorador e arqueólogo Hormuzd Rassam, descobriu a Imago Mundi no século XIX
O explorador e arqueólogo Hormuzd Rassam,
descobriu a Imago Mundi no século XIX
O mapa é centrado no Eufrates, fluindo do norte (topo) para o sul (embaixo), com sua foz rotulada de “pântano” e “vazão”. A cidade da Babilônia é mostrada no Eufrates, na metade norte do mapa.

Aparecem assim a Mesopotâmia cercada por um “rio amargo” circular ou oceano, e sete ou oito regiões estrangeiras.

O mapa é circular com dois círculos de limite. A escrita cuneiforme rotula todos os locais no mapa circular, bem como algumas regiões fora.

Os dois círculos representam um corpo de água rotulado id maratum “rio amargo” ou mar salgado. 

Babilônia é posta ao norte do centro; linhas paralelas na parte inferior parecem representar os pântanos do sul da Mesopotâmia, e uma linha curva vinda do norte-nordeste parece se referir às montanhas Zagros do Irã.

Irving Finkel conseguiu transcrever as inscripções do Imago Mundi.
Irving Finkel conseguiu transcrever as inscrições do Imago Mundi.
Existem sete pequenos círculos internos dentro do perímetro do círculo, parecendo representar sete cidades. Sete ou oito seções triangulares fora do círculo de água representam “regiões” nomeadas nagu. Sobreviveram as descrições de cinco delas.

Na parte da frente, acima do mapa, um texto de 11 linhas descreve parte da criação do mundo por Deus, que diz ser o patrono da Babilônia, e que separou o Oceano primordial criando a Terra e o Mar.

E acrescenta que criou os peixes no Mar incluindo “a grande serpente marinha”.

Em seguida, descreve a Terra, e menciona pelo menos quinze animais terrestres, entre eles a cabra montesa, gazela, leão, lobo, macaco e macaca, avestruz, gato e camaleão.

Esquematização do Mapa Babilonico do Mundo
Esquematização do Mapa Babilônico do Mundo
Com exceção do gato, todos esses animais eram típicos de terras distantes da Caldeia onde foi feito o mapa.

No verso de 29 linhas parece descrever pelo menos oito nagu ou regiões. Após uma introdução, possivelmente explicando como identificar o primeiro nagu, é dada uma breve descrição de cada um dos oito nagu.

Mas os do primeiro, segundo e sexto estão muito danificados para serem lidos. O quinto nagu tem a descrição mais longa, mas também está danificado e indecifrável.

Concluindo, o mapa é uma descrição panorâmica dos Quatro Quadrantes do mundo.

Por fim, as duas últimas linhas registram o nome do escriba que fez a tabuinha e que diz tê-la copiado de um exemplar ainda mais antigo.



continua no próximo post: Revolta contra o Dilúvio levou a construir a Torre de Babel






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