segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Hóstias de 1.300 anos achadas na Turquia trazem muitas lições

A imagem na hóstia lembra as palavras de Jesus 'Eu sou o pão da vida'.
A imagem na hóstia lembra as palavras de Jesus 'Eu sou o pão da vida'.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Arqueólogos escavando sob a supervisão da Diretoria do Museu de Karaman e do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia, se depararam com cinco hóstias na forma de pães carbonizados datados dos séculos VII e VIII d.C.

O achado aconteceu na antiga cidade de Topraktepe (Eirenepolis), localizada na província de Karaman, na Turquia, segundo informou a publicação especializada “Anatolian Archeology”

Inscrito nas hóstias “Com gratidão ao Bem-aventurado Jesus”


Os pães eucarísticos de 1.300 anos, provavelmente produzidos entre os séculos 7 d.C. e 8 d.C., levam impressa a inscrição grega “Com a nossa gratidão a Jesus Abençoado”, acompanhada por uma representação de Cristo enquanto “Semeador” ou “Cristo Agricultor”.

Especialistas veem nesta iconografia a ênfase bizantina na Providência Divina pela qual Jesus a criou o trigo cultivado pelos homens no trabalho agrícola e depois o transformam no pão que Cristo em pessoa escolheu para consagrar e que segundo a doutrina católica se transubstancia na Missa para ser o verdadeiro Corpo e a Sangre do Redentor.

A fé na Presencia Real de Cristo na Eucaristía inicia junto com a Igreja. Catedral São Egidio, Edinburgo
A fé na Presencia Real de Cristo na Eucaristia 
inicia junto com a Igreja.
Catedral São Egidio, Edinburgo
Entre a ordem divina da Criação material e a ordem sobrenatural da Igreja, há, pois, uma relação profunda instituida por Deus, mas, infelizmente, posta em dúvida ou negada pelo protestantismo ou pelas aberrantes novas teologias.

Outras hóstias apresentam decorações em forma de cruz de Malta. Os pesquisadores acreditam que os pães teriam sido destinados serem a Eucaristia já nos primeiros rituais cristãos.

Cumpriam assim a ordem de Cristo aos Apóstolos na Última Ceia: “Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas, 22-19). 

As hóstias achadas sofreram um processo natural de carbonização. Esse, segundo os cientistas, permitiu uma tão loga sobrevivência em condições excepcionais de preservação, fornecendo uma prova rara do cristianismo primitivo da Anatólia. O fato de terem perdido toda forma de pão fresco indica que nelas cessou a Presencia Real, se alguma vez foram consagradas.

A Governadoria de Karaman declarou que “estas descobertas estão entre os exemplos mais bem preservados de pão cristão primitivo já identificados na Anatólia”.

Importância do local


A cidade de Topraktepe, era conhecida no império como Eirenepolis, que significa “Cidade da Paz”, e ela pertencia ao Império de Bizâncio (Constantinopla), um império cristão de matriz grega, muito antes dos muçulmanos invadirem e massacrarem os fiéis e destruírem suas casas religiosas no Oriente Médio e na Ásia Menor, hoje Turquia, mas que naquele tempo pertencia a área cultural greco-bizantina.

Topraktepe (Eirenepolis) foi sede de diocese sob o Patriarcado de Constantinopla durante os períodos romano e bizantino. Erigida perto da atual Ermenek, ocupava um ponto estratégico na rota comercial Anemurium-Isaura e é caracterizada por estruturas escavadas na rocha, necrópoles e muralhas.

Pão de 1.300 anos com Cristo como semeador
Pão de 1.300 anos com Cristo como semeador
O “Cristo Semeador” ou “Fazendeiro” reforça a ordem hierárquica da região organizada em torno da atividade agrícola. Um pesquisador comentou: “Essa não é meramente uma imagem religiosa — é uma teologia visual do trabalho”.

Esses antiquíssimos pães destinados à Eucaristia confirmam que já nesses séculos longínquos existia a devoção tradicional que continua hoje e reforça o versículo no qual Cristo diz “Eu sou o pão da vida”, comentou a Revista Galileu

O “Greek City Times” observou que na tradição oriental, o pão fermentado simboliza a vida e a ressurreição, enquanto alguns pães podem ter servido como pão abençoado, mas não consagrado, distribuído após a liturgia. 

Lições para o presente


A descoberta das hóstias de Topraktepe apresenta a união da ordem material e a espiritual, oferecendo uma conexão tangível com os rituais e a vida cotidiana da Anatólia cristã.

O “The Jerusalem Post” acha que os pães sobreviveram porque um incêndio repentino os carbonizou, mantendo sua forma e decoração. 

O “Daily Mail” de Londres sublinha seu caráter sagrado e que as marcas em forma de cruz sugerem ser pão eucarístico ou de comunhão. 

Karaman (centro) num mapa da Turquia
Karaman (centro) num mapa da Turquia
A comunhão, ou Eucaristia, é um sacramento que envolve comer pão e beber vinho numa Missa em que se renova de modo incruento o sacrifício de Jesus na Cruz.

A Missa foi instituída por Jesus na Última Ceia, a refeição final que Jesus Cristo compartilhou com seus doze apóstolos em Jerusalém antes de sua crucificação.

Lutero achou segundo seu capricho que a Eucaristia é uma mera distribuição de pão entre os seguidores. A heresia modernista voltou ao mesmo erro protestante pretendendo que esse seria o verdadeiro sentido da distribuição da Comunhão mais de acordo com os costumes primitivos.

O achado recente de Karaman mais uma vez põe em ridículo essas suposições e outros erros análogos.

A imagem impressa na hóstia destaca a bênção divina sobre o trabalho agrícola. Ela exprime a esperança de uma colheita abundante como metáfora da redenção espiritual. Também destaca a santidade do trabalho agrícola diário.

Não é necessário sublinhar o contraste ovante desta visão sacral da sociedade agrícola, com a explosão de ódio revolucionário e a luta de classes contra os proprietários e produtores rurais.

Estado atual das excavações, vista aérea
Estado atual das escavações, vista aérea
Em essência, a representação aponta que a piedade identificava Cristo abençoando os ritmos e os trabalhos da exploração ordenada da terra.

Escritos de Padres da Igreja, de Doutores e de Santos do Oriente assim como ícones ensinavam essas doutrinas, mas até o momento tinham sobrevivido poucos exemplares físicos de tão excepcional clareza.

Os pães de Karaman, forneceram evidências tangíveis de como os primeiros cristãos praticavam sua devoção.

As ruínas de Topraktepe, ou a “Cidade da Paz”, revelam muralhas fortificadas, habitações escavadas na rocha e extensas necrópoles, refletindo tanto sua importância defensiva quanto seu papel como centro religioso e administrativo.

Outro pão, ou antiga hóstia, com cruzes católicas
A descoberta de Topraktepe, continua o “Daily Mail” ressoa com os ensinamentos de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, junto Mar da Galileia, onde Ele realizou milagres, curando os doentes, expulsando demônios e fazendo caminhar os paralíticos. Foi lá que ele declarou: “Eu sou o pão da vida”.

Eis uma suprema lição a um mundo que se afasta cada vez mais da Vida e se precipita estultamente nos precipícios da morte social, histórica, cultural e religiosa.

E também uma suprema lição da imortalidade da Santa Igreja Católica.