O Papa Gregório XIII implantou o calendário na sua forma atual |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Há mais de 430 anos que o mundo se rege pelo calendário “gregoriano”, uma das maiores conquista da civilização.
O nome de “gregoriano” vem do Papa Gregório XIII, que no século foi o príncipe italiano Ugo Buoncompagni, eleito como o 225º Papa da Igreja.
Gregório XIII decidiu adotar o novo calendário para substituir o antigo, conhecido como “Juliano”, que se utilizava desde o ano 46 a.C., tempos do imperador romano Júlio César.
Foi um contributo, e não dos menores, da Igreja Católica para a boa ordem da sociedade e das atividades humanas.
Também para a ciência, pois todo fenômeno científico se mede no tempo e no espaço.
Se a regra de medição do tempo falhar, os resultados ficam incertos e o conhecimento não pode progredir sobre eles.
O Calendário Juliano era muito inexato e acumulava uma severa distorção.
Nós estamos acostumados à ordem plácida e imperturbável do calendário gregoriano.
Torre dei Venti. No fundo: cúpula da Basilica de São Pedro. |
A decisão da Igreja não foi arbitrária, mas fruto de consciencioso e demorado estudo.
Para atingir o objetivo visado, o Papa Gregório XIII mandou construir uma torre de 73 metros de altura, na qual se realizaram os testes e as medições definitivas.
Na Sala do Meridiano dessa torre realizaram-se as experiências astronômicas. Embora fechada ao público, a sala foi aberta para uma reportagem do diário madrilense “El Mundo” e alguns outros jornalistas.
No chão da sala encontra-se a linha meridiana horizontal traçada pelo frade dominicano Pe. Ignazio Danti OP, matemático e astrônomo, cosmógrafo pontifício e membro da comissão para a reforma do Calendário Juliano, presidida pelo cardeal Sirleto.
O Pe. Danti fez um pequeno furo na parede sul da sala, a cinco metros de altura.
Experimento chave: o raio de sol deve bater exatamente no meridiano |
E o orifício foi feito para coincidir com a boca de um anjo que sopra.
Por sua vez, o anjo faz parte de um afresco que pinta Nosso Senhor Jesus Cristo na nau de Pedro agitada pela tempestade, no Mar da Galileia.
Gregório XIII subiu à Torre dos Ventos em 21 de março de 1581, dia do Equinócio de primavera, segundo o Calendário Juliano então em vigor.
Mas o raio de sol que filtrava pela boca do anjo não atingiu o meridiano no chão. Ele apresentou um erro de 60 centímetros.
Isso significava que, quando o Calendário Juliano dizia ser 21 de março, equinócio de primavera, na realidade não era. Ficou provado que havia discrepância entre o calendário em vigor, feito pelos homens, e o calendário astronômico ditado pelos astros. O equinócio de primavera acontecera dez dias antes.
O Papa não hesitou. Em 24 de fevereiro de 1582 promulgou a bula 'Inter Gravissimas', dispondo que o cômputo oficial daria um pulo, e que o dia 4 de outubro de 1582 passaria a ser 15 de outubro do mesmo ano.
Além do mais, estabeleceu que os anos terminados em 00 só serão bissextos se forem múltiplos de 400. Assim, 1700, 1800 e 1900 não foram anos bissextos, mas 2000 foi.
No canto superior direito: o orifício por onde entra a luz. Nicolò Circignani (1520-1597) 'Pomarancio', na Torre dei Venti, Vaticano |
Hoje ele é adotado pela quase totalidade dos países do mundo.
Mas os cismas – autodenominados igrejas ortodoxas – da Rússia, Servia e Jerusalém continuam se guiando pelo velho Calendário Juliano.
Por isso eles celebram 13 dias depois do resto do mundo festividades religiosas fundamentais como o Natal, comemorando-o não em 25 de dezembro, mas em 7 de janeiro. E a disparidade tende a crescer.
Essa singularidade, fruto da desobediência a Roma, faz também com que os cismáticos deixem de acompanhar os ritmos da natureza.
Mas desligar-se da natureza parece pouca coisa se comparado com o rompimento com o Vigário de Cristo, que é o máximo mal.
Os muçulmanos adotaram um calendário lunar que é fonte de inúmeras disputas entre eles, não se pondo de acordo nem para as grandes festas do Alcorão como o Ramadã.
Muito interessante saber o porquê das diferenças de datas entre alguns povos.
ResponderExcluirO blog tem excelência no conteúdo e a forma como expõe.
Reenvio sempre aos meus contatos.
Flávia Maria
COM MUITA SATISFAÇÃO E ALEGRIA TENHO RECEBIDO E LIDO OS EXCELENTES TEXTOS EM QUE A " CIÊNCIA CONFIRMA A IGREJA = AGRADEÇO E PEÇOS QUE ESTAS REMESSAS CONTINUEM = GRATO = RENNO GIFONI
ResponderExcluirFICO MUITO FELIZ EM RECEBER ESTAS INFORMAÇÕES SOBRE A MINHA IGREJA QUE PROVAM,COMPROVAM E APROVAM SUA LIDERANÇA NO MUNDO. CONTINUEM COM ESTE TRABALHO MARAVILHOSO,TÃO NECESSÁRIO QUANTO ÚTIL. PARABÉNS.
ResponderExcluirDEUS É O CRIADOR DE TODA A CIÊNCIA QUE EXISTE. QUEM TEM UM MÍNIMO DE CIÊNCIA, TORNA-SE IMEDIATAMENTE CATÓLICO. FORA DA IGREJA SÓ EXISTEM TREVAS.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo, tão bem explicado e ilustrado!
ResponderExcluirExcelente o artigo, porém em UM parágrafo nota-se um preconceito católico contra as igrejas orientais e a sua discriminação nada velada das mesmas. As igrejas ortodoxas nasceram juntamente com a católica, já que existia apenas uma igreja cristã que separou-se em duas por inúmeras razões, determinando-se a discordância sobre o Philioque como o ponto principal. Portanto, a Igreja Católica NÃO é a primeira igreja ou a "verdadeira igreja" porque, no princípio da cristandade, ela não existia. Essa suposta superioridade da igreja católica foi notada por mim, um ortodoxo, em vários dos seus artigos mas decidi me manifestar aqui porque achei demasiado ofensiva a alusão a uma "desobediência" das "igrejas cismáticas " à Roma. Isto, simplesmente, não condiz com a realidade, e eu sugeriria que o autor postasse uma ratificação e, por que não, uma desculpa oficial às Igrejas Ortodoxas, que não são cismáticas de ninguém, começaram a sua existência no exato mesmo dia da Igreja Católica. Não as confundamos com o Protestantismo que é, em verdade, uma separação da Igreja Católica.
ResponderExcluirAinda, quero pontuar que a obediência ao calendário Juliano só é feita EM ALGUNS mosteiros na atualidade, e para a preservação da tradição cristã original, que a Igreja Católica também promove. Todos os países em que predomina a Ortodoxia Cristã seguem, oficialmente, o calendário Gregoriano, comemorando a grande maioria das festividades cristãs no mesmo dia da Igreja Católica, com a exceção da Páscoa, que coincide somente a cada 4 anos. A razão disso é, justamente, o reconhecimento da genialidade do novo calendário, não havendo qualquer "desobediência" e nem preconceito ao seu uso em países ortodoxos visto que foi, realmente, uma contribuição científica primorosa.
Termino este comentário elogiando o seu blog e a diversidade de assuntos mas sugerindo que deixe essa postura preconceituosa em relação à Ortodoxia, já que esta não cultiva essa posição em relação ao catolicismo. Uma prova disso foi o convite formal dos patriarcas ortodoxos a rezarem no funeral do Papa João Paulo II e as sucessivas tentativas de união de ambos os ramos do cristianismo original. A questão não é "desobediência", mas anos de separação por interpretações teológicas que se tornam difíceis de remediar após a evolução LIGEIRAMENTE diferente das duas igrejas em quase 1000 anos. Somos muito mais parecidos do que contrários a vocês e, com certeza, NÃO SOMOS HEREGES E NEM SEUS INIMIGOS!!!
Muito bom, a Ciência confirma a Igreja, tanto quanto a Ciência não se opõe a Igreja mas a complementa.
ResponderExcluirParabéns pela matéria!
ResponderExcluirO povo precisa disso, explicação e catequese...
Muitos católicos não fazem ideia da imensa contribuição da igreja católica para o mundo e para a civilização ocidental, os demais eu nem falo, criticam a igreja católica com base em achismo.