Reprodução do Santo Sepulcro |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: O mistério do Santo Sudário em 3D
O enigmático percurso
A história do Santo Sudário nos ajuda a tributar toda a veneração de que ele é largamente merecedor.
O Homem Misterioso não pode ser compreendido sem se conhecer tudo o que O rodeia; o tecido de linho que envolveu o Redentor e no qual ficou impressa a Sua sublime imagem; o espantoso crime cometido contra Ele e Sua gloriosa Ressurreição.
A história dessa relíquia não exclui vicissitudes inimagináveis, como aquela em que um cavaleiro templário francês do século XIV, fugindo do fechamento iníquo de sua Ordem, acusada injustamente, entre outras infâmias, de adorar a face que seria do diabo, quando não era senão a do Santo Sudário, o havia trazido do Oriente para resguardá-lo dos otomanos.
Antes da sua morte na batalha de Poitiers contra os invasores árabes, ele deixou a relíquia em mãos de religiosos, que a devolveram à família do cavaleiro durante a Guerra dos Cem Anos.
Por fim, uma herdeira da família entregou a relíquia aos Duques de Saboia, príncipes soberanos.
O Sudário permaneceu na igreja de Chambéry, hoje França, até 1523, quando um incêndio lhe causou danos ainda visíveis.
Meio século depois, os duques o transferiram para a sua capital, Turim, onde está depositado até hoje numa torre especialmente feita para ele, a Cappella della Sacra Sindone, conexa ao antigo palácio real de Turim e à catedral da cidade.
Essa torre ardeu pavorosamente na noite de 11 para 12 de abril de 1997 e foi salva pelo heroísmo inaudito de um dos bombeiros da cidade.
A torre foi restaurada e continua conservando esta joia sobrenatural, a qual foi cedida à Santa Sé em 18 de março de 1983 pelo ex-rei da Itália, Humberto II.
Mistério que pasma as ciências
Como se poderia ver o corpo de Jesus ainda coberto no momento da Ressurreição |
A cabeça está se dobrando para cima, o tórax tende a se erguer e as pernas a se dobrar, enquanto os músculos do peito continuam contraídos e os braços cruzados.
A medicina forense reconheceu: é um movimento típico de quem começa a se erguer! O Santo Sudário ficou impresso no primeiro instante da Ressurreição.
O cadáver que ressuscitava era o de um homem caucasiano, com tipo sanguíneo AB e altura de 1,78 centímetros.
Mais de 50 lesões podem ser registradas com certeza, causadas pelos espinhos da coroa na área do crânio.
No rosto também há lesões, especialmente no nariz partido e no septo desviado, resultantes do esmagamento do Divino Rosto na sua dolorosa queda.
As provas da flagelação romana são inúmeras: nas costas, no tronco e nas pernas, bem como na ferida post mortem resultante da brutal lancetada do centurião romano que o perfurou do lado direito até aparecer pelas costas.
A misericórdia divina fez jorrar as últimas gotas de água e sangue nos olhos do centurião Longinos, chefe de 100 homens, devolvendo-lhe a visão, antes muito débil.
Reconstituição do rosto de Jesus no início da Ressurreição |
Quando da primeira exposição do Santo Sudário em Turim, no ano de 1898, Secondo Pia pôde fotografá-lo e descobriu que a tela era o negativo de uma imagem.
Hoje microscópios atômicos identificaram que esse “negativo” é tridimensional e permite a reconstituição fidedigna do Corpo do Sudário em 3D.
Os estudos do Sudário não cessam, novas descobertas são feitas todos os anos, mas a ciência não consegue demonstrar como foi produzida uma imagem com aquelas características, as quais podem ser contempladas com pormenores na mencionada exposição, e não se encontram em nenhuma outra imagem.
Se Nosso Senhor pode ser denominado O Homem Misterioso, de igual forma o Santo Sudário é também enigmático, mas de um mistério cheio da graça divina.
Hiper-realismo que parece chocante
A exposição dessa obra de arte hiper-realista é fruto de estudos realizados durante mais de 15 anos por artistas espanhóis.
“Estamos diante de um trabalho feito com a técnica hiper-realista, em que foram introduzidos todos os detalhes que aparecem no Sudário, embora tenha havido alguns estudos anteriores e, como novidade, o que temos é entender que a imagem de Jesus é a mais representada ao longo da história”, expressou o curador da exposição, o artista plástico Álvaro Blanco.
Ele explicou que os artistas procuraram “tornar a figura a mais real possível para compreender aquele Sudário”, informou o site Vatican News.
A obra realizada é baseada em estudos 3D, introduzindo meticulosamente os diferentes estudos científicos publicados sobre o Sudário ao longo de sua história, como sangue, feridas, medidas, posição do corpo.
O material usado para representar o Homem do Sudário, que se pode tocar, parece carne humana, as feridas foram pintadas com realismo artisticamente meticuloso e os cabelos também são humanos, engrossados surpreendentemente pelos coágulos do sangue derramado pelos espinhos da coroa e pelo pó das quedas.
Na Catedral de Salamanca
A catedral de Salamanca foi a primeira a acolher a exposição |
A Catedral de Salamanca foi a primeira a acolher a exposição. Essa prosseguiu pelas catedrais de Granada e de Guadix, e deverá girar o mundo nos próximos anos.
O curador Ángel Blanco destacou que até agora ninguém se atreveu a fazer a imagem que está sendo apresentada em toda a sua crueza, fugindo de acréscimos artísticos, explicou o serviço de imprensa da Catedral de Salamanca.
Blanco procurava uma explicação científica, até que chegou o momento em que entendeu “que as coisas maravilhosas não têm explicação”.
Ele entendeu que o Rei de Israel, dos Céus e da Terra foi objeto de “uma tortura mais dura do que a pintura sempre refletiu, com uma morte atroz causada não só por crucifixão, mas também por um açoitamento realizado por duas pessoas”. Jesus recebeu 150 impactos, que causaram 250 feridas em forma de leque, distribuídas por todo o corpo.
Há algo de profundamente paradoxal e de misterioso nos planos da Providência a esse respeito.
No momento em que Nossa Senhora e as santas mulheres revestiram o Corpo divino com o Sudário, rodearam-no de manifestações de adoração e o conduziram até que a pedra fechasse o Santo Sepulcro.
continua no próximo post: Milênios depois, as ciências confirmam
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